capítulo 11

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Pov Ali

O funeral foi repleto de lágrimas e tristeza, ninguém tinha um pingo de felicidade ou qualquer emoção boa, eu e Kai ficamos responsáveis por levar os corpos de nossos pais até o fundo do mar, assim como mandava a tradição da corte, não foi fácil carregar o corpo já frio de minha mãe.

A única coisa que eu conseguia pensar era em suas últimas palavras.

A praia normalmente linda, com areia branca e mar cristalino, não parecia mais a mesma, o dia estava ensolarado e o céu azul, porém uma névoa de tristeza nos impedia de ver.

Quando voltamos do mar, ambos com os braços vazios nós mantemos a postura, normalmente ninguém na corte se importava em fingir ser quem não é na frente de qualquer um, mas hoje fingir era oque mais estávamos fazendo, fingindo estar bem, fingindo não ligar, todos nós estavamos frios e distantes, pouco nos emportamos com nossas condultas perante as outras cortes.

Só queríamos que tudo acabasse para podermos desabar de uma vez.

Eu não queria ir para a Corte Noturna, eu queria ficar em casa com meus irmãos e chorar, queria ficar com minha familia, aproveitar que vovó estava aqui, céus, eu queria até mesmo ficar perto de Cresseida.

Eu sei que parece a frase mais infantil do mundo mas eu só quero meus pais, eu quero minha mãe e meu pai, quero abraçar eles e dizer uma última vez o tanto que amos eles.

A ficha caiu.

Eles morreram.

Não teremos mais os bolos horríveis de mamãe nos nossos aniversários.

Não teremos papai cantando parabéns para nós.

Não teremos mais papai treinando com a gente.

Não teremos mais mamãe nos dando bronca quando aprontamos algo ou papai rindo das broncas e concordando com mamãe só pra ela não brigar com ele também.

Não teremos mais papai tentando agradar vovó quando visitarmos ela no reino das ninfas.

Não teremos mais mamãe trançando nossos cabelos.

Não teremos mais as noites mensais em família.

Eu nunca mais verei meus pais.

Mas terei eternamente 50 anos de lembrança deles.

De como papai se desesperou quando quebrei o braço pela primeira vez.

De mamãe me ensinando a trançar meu cabelo, memo que eu não tenha aprendido isso até hoje.

De quando ela me deu o par de brincos que nunca tiro.

De quando papai me presenteou com minha primeira adaga ou quando mamãe me deu meu arco.

De todas as vezes que minha mãe pedia por um neto e eu falava que ainda era nova demais.

De quando minha mãe me consolou na minha primeira desilusão amorosa ou quando papai e os meninos queriam matar o macho que me fez chorar.

De quando papai me ensinou a surfar.

De quando minha mãe descobriu que consegui passar no treinamento para espiã.

De quando fiz meu primeiro objeto flutuar e eles comemoram como se não houvesse amanhã.

E principalmente, de todos os solstícios que nós nos abraçamos e comemoravamos por estarmos sempre juntos.

Eles estavam em paz agora.
E foi esse pensamento que me acalmou por hora.

🌊🌊

Abri a porta do meu quarto e dei de cara com Nyx, que estava com a mão levantada, pronta para bater na minha porta

a corte de ascenção e poderOnde histórias criam vida. Descubra agora