Capítulo 16

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Pov Lia

-Ta tudo bem?- Yvaine me pergunta assim que já não podemos mais ouvir Nyx.

-Tudo - respondo mesmo não tendo certeza se estou certa, oque foi aquilo afinal?- Desculpe, você aí dizer que queria ver os desenhos, neh?

-Isso mesmo, tô louca pra dar vida a sua arte, com esse lance de guerra tô ficando meio ansiosa e nada melhor que custura pra aliviar.- ela fecha a porta e senta na ponta da cama enquanto eu pego as pastas que trouxe pra ela.

-Eu sei que não são os melhores que já fiz n.....

-AIIIII, pela Mãe, Corália eles são maravilhosos- ela grita olhando para os desenhos a sua frente

-Aaa, olha essa saia
-Ai, esse corpete
-Amei esse de gola alta
-E esse colete então

Foi bom ouvir os elogios que ela fazia cada vez que via os meus desenhos, era gratificante, mas eu tinha um pedido especial pra ela.

-Yvaine, você é a melhor pessoa que conheço, e uma das únicas a quem eu confiaria isso, por isso queria saber se posso te pedir uma coisa.

-Oque quiser, depois desse desenho e as caixas que você vai enviar a loja eu te dou oque você quiser, até uma corte de presente, eu dou um jeito

Não tive como não achar graça no seu comentario, mas é bom saber que ela estava mesmo disposta a tal coisa.

-Eu desenhei diversas coleções nessas duas décadas e meia, mas fiz uma essa semana, especialmente, durante o tempo em que estive aqui, que é especial para mim e quero que, depois que tudo isso acabar, você me prometa que irá fazer bom uso deles.

-Claro, me diga oque tem de tão especial nesses novos desenhos.

Peguei a única pasta que estava no meu colo e entreguei a ela.

-O nome dessa coleção é Laquin, me inspirei nos meu pais.

Ela largou a pasta e olhou para mim, em completo choque, vi e ouvi ela engolir a seco, uma coisa era vestidos que eu desenhava por hobbie, outra é uma coleção Laquin, da qual desenhei sua grande maioria ontem.

-Ainda não terminei, faltam umas cinco roupas ainda, mas estou gostando do resultado até agora, acho que gostaria que eles pudessem ver.

Falei, meus olhos já lacrimejavam, e eu encarava os desenhos como se fosse eles ali, jamais havia desenhado inspirado em uma pessoa em especial.

-Como consegue encarar isso tão bem?

-Eu já vi tantas pessoas morrerem, especialmente em minhas mãos, que a morte se tornou algo comum, pois eu sempre soube que independente de qualquer coisa, mesmo eu não sabendo de nada, ela era a única certeza que sempre tive. Negação é o primeiro estágio de luto, eu fiquei cinco minutos nele, depois entendi que não importa oque eu fizesse, eles já tinha ido.- lágrimas já caiam tanto do meu rosto quanto o de Yvaine - Eu não estou encarando isso bem Yvaine, estou simplesmente aceitando, pois existe duas coisas que nessa vida não se luta, instinto e destino, e nosso destino sempre acaba morte, ele morreram juntos, ao lado da pessoa que mais amavam, viver é que seria impossível para eles, acho que se tivesse que escolher como morrer, também iria querer ao lado da pessoa que mais amo, eu não poderia pedir coisa melhor.

Ela me abraça e eu me agarro nela como se minha própria vida dependesse disso, eu já nem sei se eu estou consolando ela ou ela a mim, de tanto que estamos chorando. Yvaine de comoção e eu por lembrar dos meus pais.

Yvaine esteve comigo durante duas de minhas desilusões amoroas, e me ajudou em tudo, bebeu comigo até eu cair, segurou me cabelo pra mim vomitar, me ajudou no outro dia quando estava de ressaca e me auxíliou a "voltar para a pista" depois disso. E, claro, que eu não deixava ela sozinha quando me pediu ajuda para o mesmo favor. Apesar disso, não eramos de conversar sobre morte, ou luto em geral, mas eu sabia que precisava disso, ela me entendeu, esse era um dos motivos de eu amar tanto ela, não importa o motivo se tu precisar dela, ela da um jeito de te ajudar.

- Eu prometo que farei eles, e também que ficaram perfeitos, tanto quanto estão agora, não vou te decepcionar Lia.

- Você é incapas de decepcionar alguém, Yvaine. Me sinto melhor de saber que irá cuidar bem deles, independente de poderei ver o resultado final ou não.

Ela levantou a cabeca de meu peito e olhou, em choque.

-Oque quer dizer, Corália? Como assim "independente se você ver ou não"?

- Não tenho nenhuma garantia de que sobreviverei, Yvaine, tenho que encontrar o livro e decifra-lo, até agora não consegui nem acha ele, quem dirá viver após a passagem ou se vou aguentar a espada e todo seu poder. Minhas chances são quase nulas.

- Você sobrevivera, Lia, tenha certeza disso, você é muito mais poderosa do que pensa, sei que consegue.

Eu a abracei, agradecendo-a por tudo oque já fez por mim, sendo intencionalmente ou não, sei que poderia confiar nela para tudo oque precisar.

Mas ela não sabia que eu realmente era muito mais poderosa do que os outros imaginavam, poderosa demais pra me controlar, até por que se tinha alguém capaz de enlouquecer somente com os próprios poderes esse alguém era eu. Por mais que eu tentasse ir domando meus poderes aos poucos, era impossível, ninguém controlava eles.
Afinal, era como se estivessem vivos, consequentemente, tinham vontade própria.

E eu não os questionava quando eles estavam com sede de sangue, jamais os questionei, principalmente, quando eles me mantiveram viva por 50 anos.

Acho que menti quando disse a ela que não se luta somente com instinto e destino, também não se lutava contra os poderes de uma ninfa, jamais.

Eu tinha poder de mais, um poço do qual nunca me dei ao trabalho de explorar por medo dele acabar me vencendo.

-Posso dormir aqui hoje? Tô com preguiça, meu quarto fica do outro lado da casa- Yvaine já estava de pijama e quase dormindo nos meus braços.

-Claro, eu só vou vestir um roupa melhor pra mim dormir- ela caminha até a cama, tira a coberta de cima e se deita.

Pego uma lingerue e uma camisola no armário onde guardei minhas roupas e vou até o banheiro, eu ainda estava só de robe entao foi rápido de tirá-lo e colocar a calcinha e o sutiã de renda e colocar a camisola azul marinha.

Quando voltei pra cama Yvaine estava sentada, e deu duas batidinhas ao seu lado, me deitei e ela me me imitou, voltando a se deitar, ficamos as duas de lado uma para a outra, com a barriga para cima.

Yvaine nós cobriu com uma de suas asas, fazendo a espécie de um casulo para nós.

-Lembra quando fazíamos festa do pijama?- perguntei.

Yvaine e eu tínhamos só 2 anos de diferença, por conta disso, éramos grudadas quando nossas famílias se visitavam.

-Sim, elas eram divertidas, as vezes sinto falta da minha infância, mesmo ainda sendo nova.

-Eu também, lembro de tia Em me ensinando a custurar, eu vivia me perdendo entre tantos tecidos.

-Dylan era quem mais brincava comigo, sempre que podia ele ia nas minhas festas do chá e também no meu salão. Os gêmeos adoravam pregar pegadinhas, especialmente em Kai, quando eu tinha 5 anos eles deixaram eu começar a participar. E Kai me ajudava com os tutores, toda vez que eu queria falar um palavrão que aprendi com Dilon era ele que me controlava.

-Seus irmão são legais, Nyx e Ethan também são ótimos, mas são a mesma coisa que ter irmão, eles já eram rabugentos de mais quando eu nasci.

Contamos histórias sobre meus irmãos e os primos de Yvaine, demos risadas de cada um, eu sempre prestava mais atenção no que ela falava quando o nome de um certo princepe estava no meio.

a corte de ascenção e poderOnde histórias criam vida. Descubra agora