(Re)Lembrar

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Um silêncio desconfortável se instalou no lugar, sendo quebrado apenas pelo piar dos pássaros e chiar do vento lá fora. A tinta escorria ainda fresca pelas paredes do estabelecimento sujando o chão, as respirações estavam descompassadas, corações acelerados e mentes inquietas.

Até que foi escutado ao fundo, um baque surdo e a fada do sol e da lua foi ao chão, enquanto todo o seu brilho se extinguia. Aisha correu até a garota, abraçando-a enquanto a loira tinha apenas os olhos vidrados na tela de Tecna.

A fada da tecnologia por outro lado tinha uma expressão indecifrável, seus braços estavam cruzados contra seu peito enquanto suas unhas fincavam em sua carne, seus lábios se comprimiam em uma forma neutra e seus olhos olhavam para um ponto qualquer no chão, evitando encarar o festival de murmúrios e choramingos que havia começado entre as outras winx.

— Garotas — O garoto que Tecna reconheceu como sendo Andy, falava não muito longe de si — Se acalmem, vamos, respirem.

Ninguém parece ter escutado o conselho, fungados ainda podiam ser escutados.

Na cabeça Tecna mil e uma coisas passavam ao mesmo tempo, ela começava a se perder em seus pensamentos. Haviam acabado de assistir diários de bordos, confusos e angustiantes, Musa havia chorado sem parar com as palavras de Riven, Stella e todos haviam rido com o de Brandon, mas o de Hélia havia lhes deixado desconcertadas.

Como assim um preço? Como assim memórias? Por que todos, em algum momento de suas narrativas, voltavam a falar aquilo como se já soubessem seus destinos? Por que apenas Sky e Timmy não haviam enviado algo? Eles já estavam voltando? Haviam encontrado algo?

As perguntas inundavam sua mente, estava tão focada nas respostas que nem sentiu quando suas unhas rasgaram sua pele, fazendo com que um pouco de sangue escorresse, notando apenas o machucado quando Flora havia vencido sua própria melancolia para prestar algum cuidado a amiga, mesmo que seu rosto ainda estivesse enxarcado de lágrimas.

Tecna odiava não ter respostas.

E então, como se escutando suas preces, uma outra notificação apareceu na tela, dessa vez a imagem congelada era o rosto sorridente de Timmy.

E por um segundo, antes de dar play, o coração de Tecna se encheu de esperança...

Até que ele começou.

— É oficial — Um riso alto ecoou — Encontramos.

Um garoto ruivo, com a barba por fazer e com o peito desnudo amostra estava de pé debruçado sob seu próprio corpo, enquanto se apoiava na mesa a sua frente.

Timmy sorria entusiasmado enquanto ofegava por conta de sua inquietação, movendo-se de um lado para o outro e voltando para a mesa, bagunçando ainda mais os fios laranja que caiam sob seus óculos, enquanto era seguido pela pequena câmera portátil. Seus olhos azuis brilhavam de forma infantil e ele abria fechava a boca.

— Nós realmente encontramos — Falou voltando para frente do aparelho — Nós chegamos ao nosso destino, ele existe — Riu novamente — Hoje faremos a missão de reconhecimento, já estão todos se preparando, finalmente — Timmy sussurrava — Finalmente nós vamos trazê-lo de volta.

Então com um chiado e algumas imagens pixeladas o cenário mudou, se encontrando não mais em um quarto, mas em um lugar escuro, com bancos presos as paredes e pequenas maletas enfileiradas ao lado de cada assento. A câmera chacoalhava levemente, enquanto pessoas discutiam fora de vista.

— Fica parado Brandon — A voz que reconheceram ser do especialista ruivo, falava com certa autoridade — Está quase — Então um clique foi ouvido —Pronto.

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