Three And A Half Man

Piu-Piu sem frajola

Boa leitura!

5 — Piu-piu sem frajola

JAMES POV

Era algo totalmente insano em alguns momentos olhar ao meu redor e me sentir sozinho, e descobrir que nem sempre se sentir solitário é sobre as pessoas ao seu redor.

Às vezes é apenas um estado emocional, que nada tinha a ver com a ausência de pessoas.

Todos os anos, aquele era um desses dias.

Em que eu acordava cedo, deixava Harry com nossos vizinhos, e ia caminhar.

Comprava flores, e então seguia para o cemitério.

Era minha rotina para o aniversário de Lily, e nesses momentos eu sentia como se houvesse uma parte de mim enterrada junto a ela.

Apenas limpei ao redor do túmulo, tirando as folhas secas caídas, e pousei as flores ali, sorrindo minimamente ao me sentar na grama, olhando para a pequena foto dela.

Não conseguia querer dizer nada naquele momento, apenas sentir o frio da manhã, e deixar meus pensamentos soltos.

Anos haviam se passado, e todos os dias eu sentia falta de Lily. Não sabia o que seria de mim sem Harry, porque ele havia se tornado minha força, minha maior fonte de alegria.

Eu passei horas ali apenas pensando sobre minha vida. Os rumos que tomei ao longo do tempo, e como as coisas seriam diferentes se ela estivesse ali.

Ao mesmo tempo, tentava não tornar nada um mar de arrependimentos, porque não queria me entregar para a tristeza.

Não queria fazer isso comigo, nem com Harry.

Eu mal havia percebido as horas passarem, e quando finalmente me movi, foi para pegar o celular e ver fotos de Harry. Vê-lo rindo, se divertindo e sendo aquele garotinho cheio de luz.

Sentia que fazer isso ao lado dela era importante, ano após ano.

Mostrar como nosso menino cresceu, e como se tornava a cada dia uma criança ainda mais incrível.

Esses momentos eram importantes para mim, e após passar tanto tempo ali com Lily, eu me permiti voltar para casa, seguindo para os vizinhos, sentindo uma paz gigantesca no coração.

Harry estava ali, vestindo a fantasia de homem aranha que havia ganhado de Sirius alguns dias atrás, saltando e pulando sobre tudo no quintal, me fazendo rir.

— Estou de volta, Harry.

— Não sou Harry, sou o Spiderman! — Ele disse ofendido, e isso me fez rir ao fechar o portão após passar, assistindo ele fazer sons de luta ao chutar o ar, e movendo os braços como se estivesse lançando teias.

Desde que eu havia comprado o boneco do homem aranha, meses atrás quando ele quebrou o braço, o menino havia se tornado fanático pelo personagem.

— Nada de subir na árvore, Spiderman! — Alertei ao ver o que ele pretendia, e ele se virou para mim, puxando a máscara para cima, muito indignado.

— Papai!

— Não é pra subir na árvore, ou você será um Spiderman de castigo que não vai poder ajudar a salvar a cidade!

— Meus sentidos aranha não vão me deixar cair — Cruzou os braços, e eu arqueei o cenho.

— Seus sentidos aranhas não funcionam, você rolou as escadas ontem — O lembrei, vendo ele rir, mas desistir da árvore, talvez lembrando do joelho ralado que conseguiu depois de cair nas escadas no dia anterior.