Mas o relógio ta de mal comigo

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Boa leitura!

15 — Mas o relógio ta de mal comigo

James POV

Aquele dia pareceu avançar em uma velocidade assustadora, e eu não tinha como mensurar a quantidade de pensamentos fervilhando minha mente o tempo inteiro.

Muita coisa havia acontecido de ontem para hoje, e não havia se quer um segundo de paz em minha mente.

Na minha breve pausa para almoçar no trabalho, eu me vi diante do computador, com duas abas paralelas abertas, enquanto pesquisava smokings e na outra um pouco sobre o que havia conversado com Harry ontem.

Queria entender melhor para que, se algum dia ele sentisse vontade de falar comigo sobre o assunto de novo, eu ao menos entendesse e soubesse como lhe ajudar. A verdade é que era bastante confuso para mim, talvez pela pouca idade dele.

Ainda era cedo demais para supor que a falta de interesse dele em namoros era algo definitivo e imutável. Harry tinha apenas quinze anos, não era grande coisa ele ser tranquilo quanto a isso. Ao mesmo tempo, poderia ser que era real. Que ele realmente não queria relacionamentos, envolvimentos amorosos ou coisas do gênero.

Isso me deixava tão confuso e perdido, que passei a me sentir muito culpado. Se para mim era tão complicado de entender, como deveria ser para ele? Havia deixado em aberto ele falar comigo sobre o assunto apenas se sentisse vontade, mas não poderia ignorar isso.

O que me fez pensar se deveria procurar algum aconselhamento. Talvez terapia? Ele parecia estar bem, mas eu não tinha esquecido o olhar assustado e cheio de tristeza dele ao dizer 'não tem nada de errado comigo'. Precisava perguntar se ele queria, se precisava de ajuda com essas coisas.

Eu fui caindo em diversas páginas com o assunto, que realmente me deixou completamente confuso sobre como a orientação sexual das pessoas poderia ser complicada para alguns, e tentei anotar mentalmente a maior quantidade de coisas que pude ler em quinze minutos, enquanto engolia um sanduiche e dividia a atenção entre preços de coisas aleatórias.

Ainda não tinha respondido as mensagens de Regulus, mas a epifania que tive mais cedo de perceber que queria me casar veio com muita ansiedade.

Não fazia ideia do que isso significava para nós. Ele queria algo grande? Uma festa? Cerimônia e cartório? Apenas algo simbólico? Ele iria querer aquelas coisas certinhas em salão ou algo clichê em uma praia ou campo? Deus, o aluguel para qualquer uma das opções era uma fortuna!

E pior: pensar em gastar uma quantidade absurda de dinheiro para nos tornar maridos não estava brecando a minha ansiedade.

Tentando manter a calma, voltei a focar no meu filho, mas não demorou nem dois minutos para eu ter uma nova aba aberta, pesquisando smookings para Harry até me dar por vencido e admitir que naquele passo eu iria enlouquecer antes mesmo de conseguir ajudar Harry ou me casar.

Foi ótimo que uma pequena crise aconteceu e eu precisei jogar o resto do lanche fora e me entregar ao trabalho até o fim do turno, a ponto de sair dali completamente exausto.

Ainda assim, tive que sair para resolver alguns detalhes e passei algumas horas com uma das oficiais na viatura, o que foi ótimo. Ela estava com casamento marcado para o próximo ano, e eu tentei soar curioso na medida certa ao fazer perguntas e tentar arranjar algumas dicas e recomendações de preços, apenas no caso de fazermos algo parecido.

Fazia dezessete anos desde meu primeiro casamento, e embora eu fosse mais velho e mais responsável agora, estava surtando como se fosse o mesmo pirralho de anos atrás.

Ainda assim, consegui reunir minha dignidade o suficiente para ir para casa, sentindo ansiedade conforme dirigia.

Já era tarde, e provavelmente todos estavam lá para a noite de filmes em família. Regulus havia me enviado uma mensagem quando chegou em casa, pouco depois das duas da tarde e me avisou que ia dormir, por ter passado a noite em claro trabalhando.

Three And A Half ManOnde histórias criam vida. Descubra agora