TWD One Shot

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Eu estava vivendo num acampamento já havia muito tempo. Vários grupos de sobreviventes estavam espalhados pela cidade e em volta da rodovia, onde tínhamos nos estabelecido.

Começamos a perceber movimento anormal vindo das cidades. Quantidades inacreditáveis de carros levando sobreviventes saíam de lá a toda velocidade. Os que paravam em nosso acampamento sentavam e contavam histórias que faziam a preocupação do meu grupo atingir níveis perigosos.

"Eu estava em meu apartamento. Saí para visitar uma base vizinha. Geralmente eu ando na rua sem preocupações. O número de walkers vem diminuindo rápido, já que os sobreviventes estão mais experientes. Antes era fácil despistá-los, enganá-los... mas ontem foi diferente. Ao chegar no prédio que abrigava diversas famílias, havia mortos, feridos. Poucos tinham sobrevivido. Segundo eles um walker conseguiu memorizar a senha da portaria, garantindo acesso para o prédio inteiro" contou um visitante que parou em nosso acampamento em busca de provisões "A coordenação motora deles melhorou, estão mais rápidos e inteligentes".

Meu grupo ouvia atentamente o depoimento do recém-chegado. "Segundo minha esposa, pode ter sido uma mutação no vírus. É possível que ele tenha sofrido uma mutação e passado a atacar com menos agressividade os sentidos humanos, dando aos novos walkers maior capacidade cognitiva e motora".

Depois da passagem desse homem pela nossa base, nosso grupo se dividiu. Alguns queriam ficar e ver para crer. Outros, como eu, queriam fugir o mais rápido possível e achar um lugar seguro. Uma ilha? E se eles aprendessem a navegar? Um bunker? E se nos descobrissem?

A verdade era que não saberíamos do que os novos walkers eram capazes enquanto não tivéssemos contato com um deles. Não tivemos que esperar muito.

Ele e mais dois se infiltraram em nosso acampamento, circulando-o pela mata até acharem um ponto de fácil acesso em nossas muralhas. Eles cavaram por baixo das fortificações e entraram com uma facilidade ridícula. Puseram fim à vida de seis dos nossos antes de serem mortos a facadas.

Depois desse incidente, não havia mais quem quisesse ficar. Lotamos nossos carros, e deixamos o que, por mais de dois anos, tinha sido nosso lar.

Dormíamos em árvores, ou escondidos na vegetação. O silêncio imperava em todas as nossas ações, tornando o diálogo algo raro. Porém, acredito que mesmo que pudéssemos nos comunicar em alto e bom som, o silêncio continuaria absoluto. O terror havia nos feito mudos.

Quanto mais viajávamos, mais tínhamos contato com histórias sobre a nova espécie. Emboscadas, infiltrações. Pelas histórias, julgamos que os novos walkers teriam a maturidade de uma criança de, em média, cinco anos. O que era assustador. Crianças de cinco anos podiam aprender a atirar.

Todas as bases que montávamos pareciam ter algum defeito ínfimo que nos fazia mudar outra vez.

Ataques eram frequentes e perigosos. Mas o último foi fatal.

Havíamos nos estabelecido em uma casa de dois andares. O primeiro se tornara um campo minado, com armadilhas no chão, no teto, e sinos para fazer da presença de invasores algo perceptível para nós do andar de cima.

O esquema parecia perfeito, mas eles conseguiram entrar. Mataram todos. Minha família, amigos. Foram todos exterminados.

Não sei como nem por onde entraram, mas eram muitos. Posso ouvi-los no andar debaixo, vasculhando nossa base.

Agora estou presa no sótão, controlando minha respiração para não me fazer percebida. Gostaria de acreditar que há esperança, que há uma saída. Mas toda a minha fé se exauriu alguns minutos atrás, junto com os gritos de meus companheiros.

Poemas quase bonsOnde histórias criam vida. Descubra agora