Crônica n°3

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Muito mais frequentemente do que julgo saudável, imagino a mim mesma como uma aberração genética, alguém que tinha tudo para dar certo, mas por algum motivo se tornou um dos expectadores do mundo. Não sei bem se o problema foi natural ou social, o que importa é que hoje me encontro presa numa cadeia de acontecimentos tão irritantemente bem determinados e previsíveis que não preciso de uma bola de cristal para saber o que vem a seguir.
Vou continuar sendo entediantemente normal. Vou continuar seguindo os passos traçados para minha vida, que nada mais são que uma linha reta que não conhece curvas perigosas ou becos sem saída. Vou continuar sendo uma simples observadora, entrando em cena apenas como figurante das cenas principais. Vou continuar a ser.
Mas às vezes me pergunto, de que adianta ser, se o propósito já é certo e o final já foi revelado?
A vida sem surpresas não é vida.

Poemas quase bonsOnde histórias criam vida. Descubra agora