Crônica nº2

30 2 0
                                    

Por um minuto voltei a respirar e o meu mundo criou forma novamente. A sensação foi indescritível, senti como se por todo aquele tempo tivesse sido deixada encostada, assistindo a vida passar. E de repente, tomei o controle, percebi que o mundo tem a cor que você pinta, e resolvi colori-lo de esperança. Por muito tempo tive medo de deixar alguém entrar nesse mundo, pois as pessoas que habitavam o outro eram inertes que passaram para mim esse problema.
Foi muito fácil trancar as portas da minha mais nova obra-prima, e ela permaneceu a mesma todos os dias. Passou a ficar um pouco monótono, então abri uma entrada, tão pequena quanto já tinha sido minha vontade de viver, e deixei poucas pessoas passarem.
Mas sem perceber, deixei entrar ervas daninhas. Elas se instalaram sem alarde no começo, mas com o passar do tempo, estenderam suas raízes mais fundo que as outras. Eram poucas. Eram muitas. Eram inofensivas. Eram mortais. Tomaram meu jardim. Roubaram minhas cores. Pisaram no que construí. Se fincavam no chão com uma força imensa. Era impossível erradicá-las. Elas me enrolaram. Me guiaram. Eram inconscientes. Manipuladoras. A culpa era minha. Eu as deixei entrar. Eu as plantei. E agora elas tiram de mim muito mais do que eu tinha a oferecer.

Poemas quase bonsOnde histórias criam vida. Descubra agora