Poemas quase bons

One shot nº1

Um novo dia, mas uma situação comum. Éramos quatro. Nessa época na qual nos reunimos contra nossa vontade e fomos forçados a suportar uns aos outros. Contando e ouvindo histórias aleatórias em meio a uma tensão que nem os nossos celulares, cheios de opções e distrações, poderiam evitar.

O tempo vai passando, e essa amizade de conhecidos se torna amor para alguns. Para outros vira apenas cumplicidade. E em meio a essa enrolação, os cúmplices deixam o casalzinho a sós para criar um "clima" com o qual eles não estão confortáveis. Não há remédio, senão puxar uma conversa arrastada, bordeada de risadas nervosas e confusão sobre onde colocar as mãos.

Os cúmplices observam de longe. Por muito tempo já debateram consigo mesmos se não podiam formar outro casal, mas apenas a ideia de levantar a questão em voz alta os fazia tremer. E se não fosse recíproco? Os cúmplices preferiam não falar de amor, era melhor apenas se concentrarem no beijo tímido, de boca fechada, que o casalzinho havia acabado de compartilhar.

Os cúmplices comemoram e deixam o casal em paz. Vão conversar à beira da piscina, falar dos pais, da escola. Não falta assunto, até que ele pergunta a ela se seu coração está ocupado. Ela desvia o olhar. De repente se torna doloroso, quase uma tortura olhar no fundo dos olhos dele. Ela responde com um "sim" miado, baixinho, que seria inaudível se não fosse a proximidade dos dois.
O garoto se inclina e pergunta quem. Quem seria esse que ocupava os pensamentos dela? Poderia ser ele? Ele não tinha certeza. Isso era parte de ser adolescente, ver a verdade, mas achá-la incerta, pouco provável.
A garota observou-o, e torturou-se, mantendo o foco nos olhos dele. O garoto se aproximou. Depois disso, ela não viu nada, afinal, os melhores beijos são compartilhados de olhos fechados.