⁶⁶ nada muda o passado

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Pov'Meredith.

Eu amava um tempo só meu e de Andrew, essa pequenas oportunidades de estarmos sozinhos, como um casal, mas nada se comparava a voltar pra casa, meu lar, onde era feliz, Alya estava com o pai, e só chegaria no final do dia, então aproveitei para descansar um pouco, Andrew foi direto para o hospital, só me deixou em casa e saiu.

Depois de dormir quase o dia todo me arrastei para fora da cama e fui atrás de algo para comer, Ellis e Lexie não estavam em casa, acabei comendo macarrão com queijo, rápido e gostoso.

Sentei no sofá e fui assistir TV, era domingo e eu não precisava trabalhar, na verdade precisava de um pouco de descanso, pela manhã ainda senti um pouco de cólica, e agora a dor estava ficando mais intensa.

Olhei meu celular e a mensagem que mandei para Andrew quando acordei ainda não havia sido visualizada, mandei outra mas também não viu.

- mamãe? - ouvi a voz doce de Alya.

- amor - levantei do sofá devagar e fui abrir a porta, vi minha menina parada na frente do pai - oi princesa.

- senti sua falta - Alya me abraçou.

- eu também... Como foi esse dias com seu pai?

- legal... Nós fomos ver um filme no cinema, comemos pipoca e depois pizza... Também ficamos jogando vídeo game, eu ganhei três vezes.

- você é a melhor no vídeo game.

- oi Mer... Já vou indo.

- não... Queria conversar, é rápido - pedi.

- tá, ok...

- vou subir... Posso assistir mãe?

- pode amor, vai lá - concordei.

- tudo bem? - Denny perguntou quando Alya subiu.

- não! Tô sentindo muita dor ... Meu teste de gravidez deu positivo... - falei tentando não chorar.

- sério? Que bom! Mas o que tá sentindo? - ele me olhou preocupado.

- cólicas, desde ontem... Passou, mas agora estou sentido outra vez... A mamãe não tá em casa, foi visitar uma amiga junto com Lexie e Andrew está de plantão.

- quer ir até o hospital?

- não... Eu só não quero ficar sozinha - murmurei.

- ok! Fico aqui até elas chegarem, mas deveria sentar ou deitar.

- vou deitar aqui no sofá - falei indo pro sofá e deitei, ajeitei uma almofada embaixo do meu joelho, Denny fechou a porta e sentou no outro sofá.

- já tomou algum remédio? Ele checou.

- não, estão lá em cima e depois que desci não tentei subir.

- posso buscar?

- ia ficar agradecida... Estão no criado mudo ao lado da minha cama.

- certo... Já volto - Denny parecia sem jeito, vi em sua expressão, mas ele subiu.

Aquilo não era minha situação favorita, mas eu estava com medo da dor aumentar e estar sozinha com Alya, talvez assim ele pudesse redimir 1% da culpa dele e da dívida de não ter cuidado de mim na vez da filha dele.

- são esses? - ele desceu e me entregou.

- sim...

- vou pegar água - o observei ir até a cozinha e pegar um copo no armário depois a água na geladeira, serviu e trouxe para mim.

- me da sua mão - ele estendeu a dele.

Segurei e deixei ele fazer o esforço para me ajudar a sentar, engoli o remédio e tomei toda a água do copo.

- obrigado, falei deitando outra vez.

- talvez posso redimir 1% da minha culpa - ele falou sério, mas sua resposta me fez sorrir - por que tá rindo?

- eu pensei isso - falei.

- eu demorei um tempo pra entender que o que eu fiz poderia ser perdoado... Mas isso não mudaria meu erro.

- você entendeu - falei baixo - mas Alya está feliz... E pra mim isso é o que importa.

- eu sei... Você quer comer? Que eu ligue para o Andrew?

- não, ele deve estar em cirurgia, por que não respondeu minhas mensagens, só fica aqui até minha mãe chegar.

- tudo bem...

- como foi o final de semana? - perguntei só pra não ficar  silêncio, na verdade queria pensar em outra coisa e não na dor.

- divertido, estamos fazendo uma orta vertical na sacada... Lembra? A da lavanderia.

- sim... Deve estar bem legal.

- está, Alya está adubando a terra a um mês, hoje plantão às primeiras sementes de salsa e de tomate cereja.

- imagino a empolgação dela - falei rindo.

- a preocupação dela hoje, foi eu não regar direito até o próximo fim de semana - ele respondeu - você ainda me odeia?

- não!

- mas não gosta também - seu tom era tênue, não tinha mas a arrogância ou a tristeza que já ouvi.

- eu não sei explicar, um dia já tive muita raiva, teve uma época que não sentia nada, nem bom, nem ruim... Agora eu... Você é o pai da Alya... Ela está feliz por você estar aqui com ela... Então de um jeito eu gosto.

- eu sabia que você seria uma excelente psicóloga... Você sempre foi cheia de palavras... Você nunca achou suficiente só "sim, não, quero, não quero".

- não mudei nisso... Andrew sempre falou que eu não sou boa com respostas curtas.

- nunca - Denny mostrou um sorriso leve - melhorou?

- tá começando a aliviar.

- tenta dormir... Vou ver se a Alya tá com fome.

- vou tentar.

☀️☀️

Achava que não estava com sono, até acabar dormindo no sofá, a dor havia aliviado; mas o que mexeu certeza de ter dormido foi acordar ouvindo Denny conversar com alguém.

- quando vim deixar Alya, ela pediu pra ficar, por que estava com dor... E não queria ficar sozinha... Eu já sei que você não gosta de mim, mas não é minha culpa.

- isso não! Mas... - era Ellis que estava com ele - já pode ir, eu cuido dela agora.

- vou esperar Meredith acordar.

- você não é nada pra minha filha... Melhor ir.

- só quando ela acordar - Denny falou rude.

- você só fez mal a minha filha... Agora tenta ser bonzinho, acha que isso vai mudar o fato de que ela nunca irá se perdoar por não ter a única lembrança boa da sua gestação? Você hoje fingir ser pai de Alya não te absorve de ter abandonar as duas.

- não estou fingindo, eu sou! - os dois falavam baixo.

- você não é nada... Meredith te deixou voltar para a vida delas por Alya, até por Andrew... Mas isso não muda o fato de você ser um canalha que iludiu minha filha, fingiu ser um homem livre e depois a abandonou grávida.

- até quando vou ter que me justificar por isso?

- para mim? Nenhuma vez... Eu não me importo se você se arrependeu ou não... Nada, nada mesmo mudará o fato de que Meredith ficou tão deprimida que quase deu a filha para adoção... Que ela se culpa por isso.. que teve medo de amar e ser amada por que você a fez sofrer, Alya está feliz, mas se você a fizer sofrer, eu vou garantir que nunca mais se aproxime delas.



☀️☀️

Ellis! Não vou falar mais nada. Kakakaka


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