Noite Estrelada

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O museu estava fechado e os funcionários começavam a ir embora.
Me sentei na beirada da fonte esperando que todos saíssem para que pudesse checar tudo e ir para casa, pois erroneamente meu chefe acreditou que eu tinha me saído bem em fechar o local e deveria fazer isso de novo hoje.

Sim, ele acha que no dia, que eu roubei uma loja de lembrancinhas e deixei três pessoas entrarem de graça depois do horário e ainda quebrei a coisa que roubei, tudo tinha ocorrido bem demais.

A maioria dos funcionários odiava ficar para fechar tudo. O que é compreensível. Então, aparentemente essa tarefa ia começar a cair sobre mim.

Enfim, depois de passar um tempo olhando a pintura de Osamu, eu voltei ao trabalho e não encontrei novamente nem com ele e nem com Akaashi e muito menos com os outros três. Então, assumi que Atsumu estava errado, o que não é tão difícil de acreditar.

Os artistas que quisessem levar suas obras para casa poderiam buscar lás amanhã. No meu dia de folga. Ou seja, sem chances de encontrar ele. Suspirei alto encarando o céu escuro. Estava tão limpo que conseguia ver constelações completas. Van Gogh poderia ter se inspirado nesse céu que "A noite estrelada" continuaria sendo a mais bela obra.

– Ei Suna. – Reconheci a voz como a de um de meus colegas. Quando virei a cabeça vi Osamu ao seu lado. – Esse cara aqui disse que queria falar com você. Estavam escondidos no relógio.

Estavam.
Akaashi estava ali também. Ele acenou tímido enquanto Osamu não parecia saber respirar.

– Eu cuido disso. – Sorri sem graça e ele logo foi embora. – O que vocês fazem aqui ainda?

– Osamu precisava de conselhos amorosos. – Akaashi respondeu sem rodeios.

– Akaashi! Não pode sair dizendo isso! –Osamu gritou indignado.

– Desculpe, Miya. – Ele não parecia arrependido. – Estou cansado e quero ir para casa. – Akaashi começava a se afastar de nós lentamente. – Além disso, preciso passar o material de hoje para meu chefe aprovar. – Ele acenou brevemente e seguiu em direção ao portão, logo sumindo de nossas vistas.

Osamu xingava baixinho, eu só não sabia se era a mim, a Akaashi ou até ele mesmo. Sentei novamente na fonte e gesticulei para que ele fizesse o mesmo. Osamu pareceu analisar as opções cuidadosamente antes de aceitar a oferta e se juntar a mim na fonte. Esperei por ele começar a falar sem que eu precisasse perguntar, mas isso não aconteceu.

– Por que estava lá? – Com ele. Segurei para não completar. Osamu deu de ombros. Eu bufei. – Sério, Osamu, ninguém além dos funcionários sabem daquele lugar. Por que vocês estavam lá?

–  Akaashi já disse. – Respondeu sem olhar pra mim.

– Sabe muito bem que não acredito nisso. – Cruzei os braços. – Admita logo que levou um fora ou que estão namorando ou sei lá, apenas diga a verdade para que eu possa falar algo e ir embora.

– Espera! O quê? – Ele me olhou alarmado. – Por que você está bravo?

– Eu não tô! – Tentei falhamente mentir. Meu tom de voz entregava tudo. Virei o rosto envergonhado.

O silêncio entre nós era ensurdecedor, mas eu não sabia como o quebrar.

– Eu fiz uma pintura – Osamu disse baixinho. Continuamos sem nos olhar. – Você viu?

– Sim. – Suspirei e soltei um riso fraco. – Seu irmão fez questão de me arrastar até lá. – De canto de olho, pude ver seu sorriso.

– Por acaso.. – Ele começou mas sua voz morreu. Me virei para encara-lo. Ele olhava as próprias mãos. – Você e Komori...

Entre quadros e esculturas - OsasunaOnde histórias criam vida. Descubra agora