Prólogo

1.4K 145 107
                                    

Você conhece a sensação de estar se afogando?

Eu a conheci quando tinha oito anos ao cair na piscina, não durou mais que um segundo, encontrava-me na beirada, brincando com minha boneca, quando ela caiu na água e eu logo estiquei meus bracinhos, tentando alcançá-la, minha mãe ali perto, não viu, se distraiu por um instante com Sebastian meu padrinho. Eu alcancei a boneca, mas fui engolida pela massa líquida.

Por mais que eu tentasse submergir, a água parecia pesada demais e pequena como era, não consegui alcançar o chão. Ainda era possível me lembrar da sensação do líquido se infiltrando em meus pulmões, à medida que lutava para o ar entrar. A sensação de queimação causada pela água ao bater nas paredes pulmonares fez meu peito arder por causa da asfixia. Fui resgatada quase inconsciente, na verdade, desfalecida, ainda assim, ouvi as vozes da mamãe e do dindo me chamando longe, enquanto tentavam me trazer de volta.

Meus pensamentos se tornaram embaralhados, porém, apenas mais tarde eu entendi que a dor fez aquilo, o meu cérebro recebeu tão pouca oxigenação que me deixou desorientada, não tive forças nem para pedir socorro. Esse era o mesmo impacto que senti nesse momento, como se cada fio de ar tivesse sido drenado dos meus pulmões. Eu queria gritar, mas não tinha forças, queria chorar, berrar, queria que cada resquício de dor saísse, mas, ao invés disso, ela se entranhou cada hora mais fundo me agarrando, abraçando-me mais forte fazendo o meu mundo girar e capotar, embora eu permanecesse no mesmo lugar.

Sinceramente, nunca imaginei que me apaixonaria algum dia, sempre achei que esse tipo de sentimento não era para mim, até conhecê-lo.

Foi quando eu entendi que tinha mesmo medo de amar, tinha medo de entregar o meu coração a um completo desconhecido que poderia estilhaçá-lo. Se ao menos fosse só isso, eu teria guardado algum pedacinho só para ter ainda uma parte dele comigo. Só que agora eu não tinha nada, nem mesmo o meu coração que se foi inteiro junto com ele. Deus, eu estava tão devastada, tão perdida... me sentia tão incapaz de me situar nesse meu universo solitário, presa na imensidão de mim mesma. Eu mergulhei tão fundo que não sabia como voltar à margem pra respirar, saí da minha zona de conforto e ultrapassei todos os meus limites por causa dele.

Benjamin Braganzia.

E ele não apenas me tirou do raso, como também fez com que me afogasse no mais escuro oceano. Com ele, eu aprendi da pior forma porque tempestades recebem o nome de pessoas, só que o que me atingiu foi a porra de um tsunami.

VOU TE DESTRUIR - DISPONÍVEL NA AMAZON 🔥Onde histórias criam vida. Descubra agora