Eu sempre fui um cara mais reservado diferente da minha família, que, aliás, não tinha muito a ver comigo, principalmente pelos traços físicos. Enquanto meus pais e irmãos eram brancos de cabelos e olhos claros, eu era moreno, cabelos e olhos escuros. Por algum tempo, comecei a pensar sobre o assunto com mais frequência, isso não me saía da cabeça, só aos doze anos, no entanto, descobri o porquê dos meus irmãos terem um fenótipo diferente, sempre estranhei ter características mais latinas.
Quando mais novo, minha mãe dizia que eu parecia com o meu avô, na época acreditei. No entanto, cerca de um mês depois do meu aniversário, quando procurava espaço para colocar a bateria que tinha ganhado, descobri o sentido de tudo aquilo. No espaço onde havia inúmeras caixas, encontrei o lugar ideal, assim comecei a afastá-las do canto empoeirado. O que eu não esperava era que uma delas se rasgasse no momento em que tentei tirá-las, menos ainda, o que encontrei assim que tudo foi ao chão.
Um álbum de fotografias da minha família.
A surpresa: eu não aparecia em nenhuma das fotos, mas Giulia, Vito, mamãe, papai e até os meus avós sim. Aquilo não fazia nenhum sentido porque embora meus irmãos fossem crianças pequenas, eu já tinha nascido naquela época, afinal de contas, era o filho do meio e a diferença entre nós era de quatro anos em relação a Lia, em relação ao Vito apenas seis. Onde eu estava? Aquilo não fazia o menor sentido. Fiquei confuso e levei o objeto até minha mãe, questionando o porquê de eu não estar na foto da família, sobretudo o fato de ter dito que eu me parecia com meu avô, o que era claramente mentira, já que ele era quase transparente de tão branco e tinha olhos verdes. Ela arregalou os olhos e alguns segundos depois, parecendo não saber o que dizer, decidiu chamar meu pai. Aquele momento mudou tudo na minha vida, além de descobrir que eu não era filho biológico deles, soube que Cecília, minha verdadeira mãe, havia desaparecido.
Eu deveria ficar mais surpreso? Talvez, se, no fundo, eu já não soubesse a verdade, além do mais, eu tinha uma vaga e borrada lembrança da minha mãe, embora por muito tempo tivesse achado que fosse uma criação da minha imaginação. Naquela conversa eles não falaram muito, segundo eles, eu não tinha idade. Obviamente havia algo de errado e eu não me esqueceria. Mais tarde, os questionei sobre tudo o que sabiam sobre Cecília, a conheci através de seus olhos o que conheciam sobre a garota jovem e sorridente que sonhava com uma carreira de sucesso como modelo. Só que os seus sonhos foram interrompidos, alguém a tinha silenciado e, por isso, eu não descansaria enquanto não destruísse o filho da puta. A partir daquele momento, jurei descobrir o que aconteceu com Cecília.
Quanto a minha família nada mudou, eu continuei sendo filho deles e irmão dos meus irmãos, isso nunca mudaria. Eu os amava incondicionalmente, assim como era amado por todos eles na mesma proporção.
Anos mais tarde, quando alcancei idade suficiente para conquistar minha independência, me mudei para Los Angeles, o último lugar em que minha mãe esteve antes de sumir. Eu já sabia que Cecília tinha me deixado com os Braganzia para encontrar uma pessoa que, segundo ela, mudaria nossas vidas e, então, iríamos para o Brasil, seu país de origem. Só que ela foi e nunca voltou.
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RomanceAbigail Novatore é uma advogada jovem, herdeira de um grande império e tem tudo sob controle. Usa e abusa da liberdade, sem qualquer vocação para o amor, tudo o que lhe atrai em relacionamentos baseia-se no sexo. E, apesar de acreditar no sentimento...