Gatilho: violência; assédio
🐹
Seokjin sempre sentiu-se uma pessoa intrusa e que não pertencia a lugar nenhum, até mesmo dentro da sua própria casa. Acreditava que isso era pelo fato dele ser mais velho e por seus pais terem acabado de terem outro filho. Porém, conforme foi crescendo, hoje — adulto — entende que de fato ele não faria falta para ninguém da sua família caso ele sumisse da vida deles. E, sinceramente, ele nunca entendeu o motivo.
A indiferença começou desde cedo. Quando chegava o seu aniversário, sua mãe não desejava um feliz aniversário, mas seu pai se lembrava — algumas semanas depois e aquilo de alguma forma o machucava. Os pais não se importavam como ele estava indo na escola ou quem era o seu melhor amigo. Seokjin lembrava-se bem de quando chegou em casa eufórico e todo feliz por ter conseguido deixar a sua timidez de lado e por ter conversado com uma colega de sua escolinha.
— Omma, omma — Gritou Seokjin com a mochila nas costas, ele tinha um sorriso banguelo no rosto e sua mãe estava na cozinha preparando o jantar. — Eu arrumei...
— Para de gritar, sua praga, olha como você tá sujo, vai logo tomar banho, seu imprestável. — Certamente se o pai de Seokjin estivesse ali naquele momento, ele defenderia o filho, mas como ele não estava, Seokjin não teve outra opção a não ser engolir o choro e caminhar até o banho.
O que tinha de errado consigo?
Lembrava-se da sua mãe grávida do seu irmão, o quanto ela não gostava que ele chegasse perto e sequer deixava o filho colocar a mão em sua barriga, a mulher era fria. Todavia, ela parecia feliz com aquela gravidez e Seokjin, por ser pequeno, não entendia, pois na sua mente ele recebia sim o amor de sua mãe.
Quando Taehyung nasceu, Seokjin sentiu-se a pessoa mais feliz do mundo, pois seria um "hyung" e nunca havia sido um para as demais pessoas, tendo em vista que ele era bem tímido na hora de fazer amizade. Ele ensinaria seu irmão a fazer de tudo, ensinaria a brincar de bolinha de gude, montariam juntos os quebra-cabeças, assistiriam desenhos e comeriam juntos besteiras escondidas dos seus pais e protegeria seu irmão de pessoas ruins e faria de tudo para vê-lo bem, caso a sua mãe permitisse.
Em uma tarde, meses depois do nascimento de Taehyung, ele chorava muito, pois estava com fome, Seokjin não tinha almoçado e a progenitora dormia com um tampa ouvido para não ser interrompida pelos filhos.
A mulher apenas mantinha simpatia com seus filhos quando sabia que o marido estava para chegar do trabalho, fora isso ela passava o dia todo sendo negligente com eles. Foi ali que Seokjin entendeu que o problema nunca foi ele, mas sim a sua mãe.
Como o irmão chorava muito, ainda mais alto. Seokjin começou a ficar agoniada com a situação, até porque o irmão era pequeno e indefeso, e se algo acontecesse com ele?
Seokjin voltou-se para seu quarto onde ficava o berço do Kim e subiu em um banquinho somente para tentar distrair seu irmão que, ao contrário, chorou ainda mais. Seokjin observou que o berço estava todo mijado, sentiu também que ele tinha feito cocô e isso estava o deixando muito irritado e agitado. Entretanto, Seokjin não sabia o que fazer, afinal, nunca havia trocado o irmão e sua mãe não o deixava pega-lo no colo, ou seja, não sabia fazer nada. Aquilo sequer era a sua obrigação também, tendo em vista que Seokjin tinha apenas seis anos.
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AME [kth + jjk]
Roman d'amourKim Taehyung é um jovem cadeirante que tem Atrofia Muscular Espinhal, a famosa AME, com doze anos, começou a não sentir mais forças em suas pernas, o que acabou resultando em ficar na cadeira de rodas. Desde então, ele se tornou uma pessoa fechada e...