4- Nervous

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Porque fico nervoso toda vez que te vejo

Tremendo e balançando os joelhos

E assim como toda música que ainda não ouvi

Não, eu não conhecia as palavras à minha frente

    A S H A N T I

    —Andy? Oi amiga, me diz o que eu deveria usar pra um café na casa do meu vizinho gato? —Perguntei para minha amiga pelo telefone.

    —Você não vai querer que eu responda. —Vi um sorriso malicioso brotar no rosto dela. —Mas como é isso? Me fala dele? Esse vizinho é simpático? Descreve tudo.

    —Certo, vamos lá. O nome dele é Brandon, ele é bem branquinho, o rosto dele parece feito de mármore de tão bonitinho que é. Ele tem olhos azuis, que tem cor de oceano mesmo, sabe? Meio verde meio azul? É uma coisa linda. —Contei, apoiando o celular na escrivaninha e fui até meu guarda roupa. —Ele tem um sotaque tão bom de ouvir, que eu nem me incomodo de não entender os britânicos falando. E o sorriso dele? Ah... eu juro que senti minhas pernas amolecerem quando vi ele sorrir todo tímido.

    —Ah não... você tá se apaixonando de novo, Ashanti? E por um inglês branquelo?—Ouvi um suspiro frustrado da minha amiga. —Mal lançou never really over e já quer o próximo hit?

    —Eu não estou me apaixonando, Andy London. —A encarei com falsa irritação. —Eu só quero... sei lá, curtir a vida. Mas se eu quisesse amar... eu até pensei na música, Fallin all in you. Mas vai, que eu devo usar?

    —Eu não sei... tá, pensei aqui. Aquele seu mom jeans marronzinho, o cropped branco e aquele seu cardigã estilo kimono. —Andy propôs. —Comportada mas não santa. Excelente primeira impressão.

    —Você não vale nada! —Ri fraco —Mas agradeço a sugestão.

    —Depois me conta mais do bonitão, hein? E quero o Instagram dele!

   

    B R A N D O N

    —Hope, querida, põe uma roupa mais ajeitada, vamos receber visitas.

    —Uma namorada? Conseguiu uma namorada?—Hope se empolgou e a olhei com tédio. Porque eu necessariamente preciso de uma namorada?

    —Não, é a nossa nova vizinha.—Vi ela murchar  em desânimo e quis rir. —Mas, vai gostar de saber quem ela é, não sei se deveria fazer surpresa...

    —Não, surpresa não. Pai, eu sou ansiosa, pelo amor de Deus hein. —Ela levantou afobada do sofá —Uma dica só, vai? —Pediu.

    —Tudo bem... acontece que... nossa nova vizinha é Ashanti Lewis. —Disse com naturalidade e segui para meu quarto para terminar de me arrumar.

    Foram necessários apenas alguns segundos  para que a ficha caísse para ela.

    —Aí meu Deus, isso é uma fanfic! —Ela veio eufórica para meu quarto. —Pensa só, você, um simples escritor inglês que acaba por acaso sendo vizinho da maior cantora pop do momento, aí é claro, eu, Hope Ray Young, vou aproximar vocês nem que seja na força  do ódio. Aí vocês viram amigos, aí amigos mais próximos, aí eu já até consigo ver um dia, numa noite chuvosa, vocês sozinhos em casa e pronto! Eu ganho uma mãe nova e ainda a minha cantora favorita!

    —Sem expectativas, Hope. Eu não sou o tipo de pessoa pra ela. —Repreendi, mesmo que no fundo eu já tivesse criado expectativas o suficiente.

    Ok, é claro que seria muito legal me relacionar com ela. Mas era mais do que óbvio que eu não era o tipo de pessoa pra ela. Gente famosa gosta de gente famosa, e esse é o ciclo perfeito. Realmente não acredito na história de gente famosa se relacionar com gente comum porque o amor é mais forte do que tudo.

    Mas, porque não criar uma leve expectativa?

   

    A S H A N T I

    Toquei a campainha uma vez e me afastei da porta, estava preocupada de ter chegado cedo demais, não queria parecer desesperada ou ansiosa, mas, ouvindo os murmúrios de dentro da casa, percebi que eu não era a única ansiosa ali.

    —Olá! —Brandon abriu a porta, parecendo bem mais amistoso agora. —Por favor, entre!

    —Obrigada, com licença... —Sorri sem jeito e entrei na casa. Ingleses interioranos devem ser muito ricos, porque aquela casa era enorme, muito maior do que qualquer uma que eu já tinha visto na América. —Uau, sua casa é... incrível.

    —É... até que é simples.—Ele sorriu com falsa modéstia— O interior não é tão visado quanto o centro então é melhor para casas maiores. Ah, quero te apresentar alguém. Filha?!

    Uma garota não muito alta e com cabelos em um ruivo bastante intenso veio contendo um sorriso ansioso e acenou, tímida.

    —Essa é a minha filha, Hope Ray Young. —Brandon apresentou, com certo orgulho na voz.

    Hope Ray? Não devem existir tantas pessoas no mundo com esse nome.

    —Eu acho que te conheço, Hope. —Mostrei a tela da mensagem que fiz questão de guardar. —Foi você que me mandou, não foi?

    —Foi! Não acredito que leu de verdade!

    —É claro que li. Eu sempre leio. E devo dizer que... eu realmente estava precisando da sua mensagem quando vi. Foi de fato um raio de esperança em um momento difícil. Então, muito obrigada, de verdade. —Agradeci genuinamente.

    —Não é querendo deixar a Hope constrangida mas, ela é a maior fã do seu trabalho aqui na Inglaterra, provavelmente. —Brandon acrescentou.

    —Eu me sinto honrada. —Sorri pra ela, que parecia genuinamente tentar conter a euforia.

    —Olha, quando meu pai disse que a gente ia receber visita, eu cozinhei umas coisinhas, nada muito simples, só um café meio britânico meio hispânico, como a gente. Aceita? —Hope ofereceu —Tudo bem simples, porque eu não tenho muita experiência, mas...

    —É claro que aceito, é muita gentileza de vocês, nem precisava. —Droga, odeio dar trabalho para os outros.

    —Hospitalidade britânica, logo você se acostuma. —Ele sorriu pra mim, e de novo, senti aquelas borboletas no estômago que eu não deveria. —Hope, vai indo na frente pra arrumar a mesa no deck, por favor?

    —Tá, pode deixar. —Ela sorriu sugestiva, sem nem se incomodar com o pedido dele.

    É impressão minha ou ela queria que ficássemos sozinhos?

    —Olha, eu queria me desculpar por ontem, e espero que não se incomode com tudo isso. Só não queria que ficasse com uma primeira impressão ruim de mim. —Ele se justificou quando Hope saiu. —Juro que não sou chato assim sempre, tá? Como nossas casas são conectadas e vamos nos ver praticamente todos os dias, acho que não seria bom que...

    —Olha, tá tudo bem. Não precisa se incomodar em se desculpar. Eu só estava num dia ruim, precisava chorar um pouco ouvindo Olivia Rodigo, faz parte. –Ri sem jeito, evitando de o olhar nos olhos. Mas ele fazia questão de manter sua atenção totalmente em mim. —Hoje é um dia novo, novas memórias, o clima ruim acabou. Não se preocupe com isso.

DreamGirl: The Solo StarOnde histórias criam vida. Descubra agora