5- I love when we play 1950

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Você estava falando sério quando disse que eu era bonita?

Que você não queria viver em uma cidade

Onde as pessoas são chatinhas?

    H O P E

    Eu tenho um novo casal favorito, e eu nem me importo de segurar vela pra eles: Meu pai e a Ashanti. Não consigo evitar, esses dois são adoráveis juntos. E nossa, já não via a hora de meu pai arrumar uma namorada.

    Não que eu esteja praticamente o empurrando para arrumar alguém, claro que não. Acho que o amor deve acontecer de forma natural e tudo mais mas... desde que minha mãe morreu, ele não teve ninguém. Apenas casos momentâneos que serviram pra ele chorar em silêncio enquanto escrevia outro conto.

    Mas agora, com a Ashanti, eu sinto que será diferente.

    —Ashanti, e sabia que meu pai também é mais ou menos famoso? Ele já vendeu alguns mil livros aqui na Europa. —Comentei enquanto falávamos de nossas atuais ocupações. É claro que eu daria uma elogiada, uma crescida na figura, né?

    —Ah, é mesmo? —Ashanti arregalou os olhos, muito surpresa. —Isso é totalmente incrível! Acho que nunca conheci um escritor, como que é, hein? Eu admiro tanto quem tem esse dom natural, sério!

    Ashanti tinha um jeito animado e enérgico de falar, totalmente diferente de meu pai e eu, mas era incrível como ela prendia nossa atenção. Especialmente a dele, que estava levemente corado de vergonha.

    —É de fato um trabalho incrível. Minha mente é muito mais agitada do que a de todo mundo normalmente é mas, eu gosto. —Ele sorriu tímido. —Nossa família é de artistas, na verdade. Sou filho de músicos, acabei indo pra área da escrita e a Hope é artesã, costureira e cozinheira. Cozinhar também é uma arte, depende de como se vê.

    —Isso é... muito legal, de verdade. Vocês com tantos talentos, fico até meio sem jeito fazendo tão pouquinho.

    Conhecendo bem meu pai, pelo olhar dele para ela, já sabia que aí vinha um flerte descarado.

    —Ah, por favor, você é pura arte. Com seu talento, sua aparência. Você é incrível, Ashanti. —Ele sorriu com doçura para ela.

   

    A S H A N T I

    Pra você que está lendo essa história, quero anotar algo aqui: eu definitivamente não vou, não vou me apaixonar por Brandon Young. Mesmo que ele tenha dito na mesma frase que eu era bonita e era pura arte, eu não vou me apaixonar por esse homem. Senão, não me chamo Ashanti Lewis.

    Apesar de que poderia aderir á um novo nome, né? O que acham de Charlotte? Violet?

    Foi impressionante como mesmo conhecendo a família Young há pouquíssimo tempo, eu já me sentia tão em casa com eles. Era realmente lindo a relação bonita entre Brandon e Hope, de real amizade e respeito pelos limites um do outro.

    Acho que eu poderia me acostumar á isso.

    —Sabe que, eu fiquei pensando aqui... não que viver aqui não seja bom, na verdade eu mal cheguei e já gostei, mas... nunca pensaram em viver no centro?

    —Ah não, moramos no centro de Londres quando eu tinha uns 4/5 anos, né pai? —Hope afirmou, olhando para seu pai. —É tão cansativo!

    —É, todo mundo vive com pressa. Pressa de quê, gente? A vida já passa tão rápido! As pessoas são bastante chatas, de verdade. —Brandon concordou com ela. —Aqui, nesse cantinho mais isolado em Manchester é muito melhor. Mais inspirador, sabe?

    —É bastante inspirador mesmo, mas... a cidade é  boa também. Veja só, Alicia Keys escreveu Empire State of Mind na grande Nova York. —Argumentei, defendendo meu ponto.

    —Vai me dizer que também nasceu nesse clima meio agitado demais? —Brandon arqueou uma sobrancelha.

    —Ah não, eu sou de uma cidadezinha bem pequena na Carolina do Sul. Sabe naqueles filmes americanos com aquelas igrejas pequenas e as mulheres com chapéus enormes? Eu vim exatamente de um lugar assim. —Contei com saudosismo.

    —Eu amo esses filmes, de verdade!  Você tem contato com sua família, Ashanti? —Brandon perguntou. Ah, falar da minha família sempre me deixa tão mexida...

    —Tenho sim, mantenho contato com minha mãe, Mary Clarence, minha irmã Tanisha e minha irmã do coração, Andy London. Acho que elas foram as únicas pessoas verdadeiras que ficaram próximas de mim quando eu fiquei famosa. —Contei, desviando o olhar dos dois.

    —Bem, mas... agora você tem a gente também! —Hope sorriu para mim. —Sabemos que vai ficar aqui só o verão mas... acho que sempre que tudo ficar um pouco demais pra você, você sabe pra onde voltar. Te garanto que sempre vamos estar aqui. Bom, eu vou levar a louça lá pra dentro, volto logo. —Ela deu uma piscadela, pegou as louças e seguiu pra dentro de casa.

    —É impressão minha ou Hope está querendo nos deixar sozinhos propositalmente? —Arqueei uma sobrancelha, olhando de modo suspeito para o lugar onde ela estava.

    —Não é impressão não. Não estranhe mas, Hope fica toda animada quando eu me aproximo de uma mulher, ela quer porque quer que eu arrume uma nova namorada. Mas não é por mal, de verdade.

    —Ah não, certeza de que ela só se preocupa com você, quer que seja feliz. Mesmo que de forma momentânea, amar nos faz feliz. —Depois disso, algo apitava em minha mente como um pisca-alerta. —Brandon, você estava falando sério quando disse que eu era bonita? Do que disse sobre eu ser... pura arte?

    —É claro que sim, você é linda demais, Ashanti. —Brandon afirmou, decidido. —Fico impressionado que esteja tão surpresa em ouvir isso.

    —É que... acho que nunca ouvi isso de forma sincera mesmo. —Corei levemente e olhei para o lado brevemente.

    Vi Hope escondida atrás da porta de vidro. Ela sorriu para mim e piscou, fiz a mesma coisa. Vamos ter uma boa parceria.

DreamGirl: The Solo StarOnde histórias criam vida. Descubra agora