9- Eletric Love

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Amor, você é como um raio em uma garrafa

Eu não posso deixar você ir agora que eu a tenho

E tudo o que eu preciso é ser atingido pelo seu amor elétrico



    B R A N D O N

    Desde que Amy, minha melhor amiga e amante morreu, eu criei um hábito nem um pouco saudável: Todas as vezes que me sentia triste por qualquer razão, eu ia desabafar para o nada no túmulo de Amy.

    Não me julguem, eu não tenho ninguém pra conversar. Hope é muito nova pra isso, minha família está na Espanha e meus amigos sumiram quando me tornei pai solo.

    O certo seria terapia, eu sei, já me disseram isso.

    —Olá querida. —Sentei no velho banco ao lado da lápide. —Trouxe tulipas vermelhas hoje, suas favoritas. —Apoiei as flores na frente da lápide e respirei fundo.

    Fazia frio naquela tarde, daqueles de doer o corpo, mas eu precisava estar ali.

    —A Hope está bem. Cada vez mais parecida com você. —Comecei a falar, e senti aquele nó agoniante que sentia na garganta sempre que fazia aquilo. —As vezes me surpreendo em como ela é boa em perceber as coisas, sabe? Tem uma sensibilidade chocante. E... eu estou bem, acho. Quer dizer, é claro que não estou, se eu vim até aqui. Acontece que... eu conheci uma pessoa, Amy. Acho que estou gostando de alguém de novo.  O nome dela é Ashanti, e é o nome dela de verdade, acredita? Eu sei, é fantástico. Ashanti é toda fantástica. Acho que gosto mesmo dela, eu... acho que estou amando de novo. —Sorri, assimilando as palavras bem depois que as disse. —É, e isso é realmente bom, Amy. Me sinto genuinamente feliz de novo, é quase um amor elétrico.

[...]

    Hoje iria ser uma noite só para mim, já que Hope iria no cinema com uma colega. Mas, meus planos foram totalmente mudados com o toque meio apressado na porta depois que minha filha saiu.

    —Oi... desculpa atrapalhar mas, eu não tô legal e preciso tirar esse cabelo loiro de mim o mais rápido possível. Me ajuda?

    Era Ashanti e ela parecia quebrada. Chorava de forma intensa e tremia um pouco, provavelmente pelo frio doloroso naquela noite.

    —Entra, pode entrar. —Dei espaço para ela. —Quer tomar algo pra esquentar?

    —Não, obrigada. Não estou atrapalhando, estou? —Tinha algo muito, muito errado com ela. Não estava falando do jeito animado e enérgico que sempre falava. Alguém tinha a magoado e eu acabaria com quem tirou a alegria dela. 

    Tudo bem, falando desse jeito eu pareço alguém super apaixonado mas, me entendam por favor. Ashanti Lewis é a personificação da alegria. Ela é quase a personagem do divertidamente em uma versão mais bonita, e talvez eu não saiba bem lidar com o lado triste dela.

    —Olha, não é muito difícil. —Ashanti tirou uma tesoura do bolso do moletom. —Meu cabelo só vai até o ombro, então do ombro pra baixo pode cortar.

    —Tudo bem, vem pra cá. —Sentei no sofá e ela veio pra perto de mim. —Não tem muita diferença de altura entre a gente, então, se quiser ficar aqui..  —Abri um pouco as pernas pra que ela se encaixasse e assim ela fez. —Posso perguntar porque vai tirar a trança? Ficou tão lindo pra você...

    —Não vou dizer, você vai achar tosco. —Ela murmurou e cortou a ponta de uma trança.

    —Se foi suficiente pra te deixar triste, acho que não é tão tosco assim.

    Eu queria que ela confiasse em mim. Queria que Ashanti se sentisse o mais confortável possível comigo. Intimidade não é só sobre o toque físico e as reações de quase combustão, é sobre momentos tão pequenos e significativos de confiança e entrega.

    —Tudo bem... acontece que, eu vi meu ex hoje, de novo. Almoçamos juntos porque ele disse que queria se redimir pela situação de três semanas atrás. —Ashanti começou, sua fala sendo pausada por respirações pesadas e descompassadas. —E eu até que achei que seria bom por um fim nisso tudo logo, sabe? Seguirmos como amigos. Mas aí, ele disse que me achava... —Suspirou alto, como se pensasse em como dizer aquilo.  —Achava que eu estava em minha melhor versão com o cabelo trançado, de que eu ainda era incrivelmente linda para ele e isso me incomodou de uma forma tão grande!

    —E porque?

    —Porque eu não quero mais ser a garota da vida dele, Brandon. —Ela olhou para mim, mas logo voltou sua atenção para o filme que passava na tv.  —Não quero mais ser a Ashanti fútil pela qual ele se apaixonou. Quero me desprender da imagem de quem eu era quando o conheci, e dessa forma eu talvez consiga superar de vez tudo que me magoou.

    —Vê? Não é algo tosco, é bem importante, na verdade. Se vai te desprender do que te machuca, acho que deve fazer isso. —Afirmei. —E se quer saber, não é uma trança que vai te deixar menos bonita, é só um acessório pra contribuir.

    —Me diz, porque você é sempre tão bonzinho?—Ela reclamou. —Sério! Você é como aqueles personagens masculinos escritos por mulheres, sabe? Totalmente idealizado e bom demais pra ser de verdade.

    Ri constrangido, sem saber exatamente como responder a isso.

    —Talvez eu tenha lido demais esses livros quando era mais novo e peguei isso para minha personalidade. —Dei de ombros e continuei desfazendo uma trança dela. —O que certamente decepcionou meus pais, mas, o que posso fazer, né?

    —E porquê? Não consigo ver porquê você seria uma decepção. —Contive um sorriso com o comentário dela. Literalmente, todo comentário minimamente gentil dela era como uma explosão de borboletas em meu estômago. Eu me sentia como um adolescente apaixonado de novo.

    —Ah, você sabe, eu sou de ascendência hispânica, e se espera que todo homem hispânico tenha aquele sex appeal natural, e seja atraente e mais rude. Eu sou só... eu. —Murmurei a última parte em voz tão baixa que achei que ela nem teria ouvido.

   

    A S H A N T I

    Mesmo com tudo que Hope me disse, era inacreditável pensar que um homem daqueles fosse tão inseguro sobre si mesmo. Quer dizer... ele é ele! Como pode ter algo errado em alguém tão bonito em todas as formas possíveis?

    —Ah não, você é incrível, Brandon. —Neguei veemente. —Você tem um olhar encantador, um sorriso lindo, e é tão inteligente! Qualquer garota minimamente esperta cairia de amores por você e... talvez seja hora de parar de falar...

    —Oh não, eu amo elogios. —Ele interrompeu, apressado. —É a minha linguagem do amor.

    —Eu tenho quase certeza de que essa linguagem do amor não existe. —Me virei e fiquei de joelhos, apoiando meus braços nas pernas dele.

    —Ah é? Quer que eu te prove que existe? —Ele sorriu ladino e senti minha respiração ficar descompassada. Estávamos próximos, muito, muito próximos. E então, fiz o que queria desde o primeiro momento que o vi.

    Eu o beijei.

    A princípio, foi um toque meio incerto, fiquei parada apenas sentindo seu calor contra meus lábios frios e então, ele aprofundou aquilo me puxando pra mais perto.

    A sensação?  Era como vários pequenos fogos de artifício em meu peito. Aquela sensação gostosa de um dia  de sol, ou de ficar a beira de uma lareira quentinha em um dia de frio. Brandon Young era quente como o sol.

    E era uma pena que Harry Styles já tinha escrito Golden.

    Brandon se afastou de mim, e eu sorri ainda com os olhos meio fechados. Ele tocou meu rosto de leve, fazendo carinho em minha bochecha.

    —Você é a mulher mais estonteante que já conheci em toda a minha vida. —Sussurrou. —E... eu acho que amo você.

DreamGirl: The Solo StarOnde histórias criam vida. Descubra agora