seven - furorem

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— Alguns anos atrás —

A criança resmungou baixinho, irritada por ter furado o próprio dedo com uma agulha de costura. A idosa ao seu lado, uma professora dos ômegas, se atentou a isso e o observou com julgamento.

– Treinamento estúpido para ômegas... – Murmurou Yoongi, continuando a tentar costurar um cachecol. – Não consigo aceitar que isso é obrigatório, sistema de alcatéia infeliz.

Seu corpo foi para frente e arregalou os olhos em surpresa quando recebeu um tapa estalado na nuca, chamando a atenção de todas as outras crianças. Yoongi olhou para sua agressora com indignação, a mulher mais velha estando com uma expressão irritada e decepcionada.

– Continue sendo um ômega ruim, Min Yoongi. Na sua próxima vida, nascerá morto por falta de conexão com seu lobo de tanto desgosto que dá a Deusa Lua.

O menor sentiu algumas lágrimas nos olhos, as palavras tão cruéis o afetando mais do que deveriam. Deusa Lua era tudo para os seres lupinos, ouvir que é motivo de desgosto para ela era algo realmente sério, pior que qualquer xingamento.

No entanto, não chorou. Seu pai sempre o ensinou a ser forte e não iria fazer isso na frente daquela velha infeliz, apenas fungou e ergueu o queixo, fingindo que não estava afetado e assim voltou a costurar.

— Atualmente —

Acabou entrando de volta para a cabana depois de Jungkook bater o pé dizendo que não iria embora até que Yoongi resolvesse ir se deitar. O ômega, podendo ver o cansaço no rosto dele a quilômetros de distância, acabou cedendo.

Mesmo assim, não conseguiu dormir. Ficou se revirando na cama enquanto pensava em ambos os eventos, tanto o do passado quanto o do presente. Por mais que tentasse, não conseguia encontrar relações entre eles, ou algo que explicasse essa sensação estranha dentro de si. Era como estender os braços para tentar alcançar algo no alto de uma prateleira, mas não importa o quanto você tente ficar nas pontas dos pés, está muito longe para se alcançado.

– Uau, você está acabado.

Yoongi que estava como uma bola todo encolhido debaixo das cobertas, deitado do lado do ombro ileso, ergueu os olhos para a porta e encontrou Taehyung sorrindo gentilmente na sua direção. O ômega se esforçou para retribuir o gesto amigável, mas acabou saindo uma careta por causa do cansaço.

– Não dormi muito bem... – Deu uma meia verdade, sequer tinha dormido, mas Taehyung não precisava saber disso.

– Seu ombro dói muito?

– Sim, algo assim.

O beta fechou a porta e se aproximou com uma expressão preocupada e dolorida, era horrível ver Yoongi ali, parecendo tão desgastado e machucado. Estava acostumado com a versão mais iluminada dele, aquela que está sempre rindo e irritando os outros, sempre disposto a ajudar qualquer um. Sentia bem no seu peito, desejando poder fazer algo para que ele melhorasse logo.

Sentou na beirada da cama, seus dedos indo até os pés dele onde fez cócegas. Sorrindo feliz quando recebeu risos do ômega, não ligando de levar um chute fraco como repreensão.

– Pare, eu odeio cócegas.

– Odeia? Mas você está rindo! – O beta mexeu seus dedos no pé dele de novo, contente em arrancar algumas risadas. – Tudo bem, parei.

O quarto caiu em silêncio durante alguns segundos, Taehyung analisando o rosto do menor a procura de algum sinal de dor, mas ele parecia bem. Não parecia que ele estava sofrendo fisicamente, mas mentalmente, e essa era uma das piores dores que se podia ter porque não existia remédio para isso.

Lúpus - yoonkookDonde viven las historias. Descúbrelo ahora