six - traidor

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— Alguns anos atrás —

Ter memórias da sua infância, principalmente as de quando somos muito novinhos, era algo realmente difícil. Mas quando são coisas marcantes que transformam nossa vida, como experiências traumáticas, elas acabam criando raízes no seu cérebro e ficam ali para o atormentar para o resto da sua vida.

Yoongi tinha uma dessas memórias. Era do dia em que sua alcatéia sofreu um ataque e foi manchada em sangue, uma carnificina.

Tinha seis anos. Era noite e estava em casa junto com seu pai, os dois brincando de se esconder e procurar, era a vez do seu pai ficar escondido então Yoongi ria alto enquanto corria pela cabana a procura dele. Levou um susto quando olhou brevemente pela janela e viu pessoas, altas e com olhos vermelhos. Selvagens.

Sua respiração desregulou quando assistiu uma delas entrar na casa do seu vizinho e logo em seguida gritos por socorro serem ouvidos junto de rosnados animalescos. A criança deu um berro ao sentir uma mão no seu ombro, virando e encontrando seu pai que olhava ao redor atento.

– Escute, querido, vai dar tudo certo. – O homem garantiu, pegando o filho no colo e o carregando até a sala. Se ajoelhou no chão e tirou o tapete, abrindo uma tábua para uma escada pequena que dava para um cômodo escondida embaixo da casa.

– Papai... – O menor choramingou, assustado. – Eu estou com medo.

– Eu sei, mas não é necessário, nada vai acontecer com você – Mais gritos foram ouvidos, a criança se encolhendo. – É como brincar de esconde-esconde, hm? Você fica aí, quietinho e não deixa ninguém te achar. Você pode fazer isso por mim?

– Posso... – Garantiu a criança mesmo com os leves tremores no seu corpo, descendo alguns degraus da escada. – O senhor não vem?

– Não, papai tem que ajudar os outros a se esconderem também. – O homem tentou sorrir, deixando um beijo na testa do filho do qual poderia ser o último. – Não faça barulho e não saia daí, entendido?

– Entendido!

– Bom garoto, você é um ótimo garoto – Elogiou o alfa, deixando um último beijo no filho antes de se levantar e começar a empurrar a tábua para tampar o lugar. – Eu te amo.

– Eu também te amo, papai.

Assim Yoongi se viu sozinho no seu esconderijo, torcendo para que não o encontrassem ali assim como seu pai tinha feito momentos antes enquanto brincavam. Continuou a ouvir os gritos e choros, bem como os rosnados. Em algum momento, ouviu também uma pancada na porta da sua casa e em seguida passos, indo e logo se afastando, porque não tinha achado nada ali.

Yoongi era uma criança, ele não tinha ideia do quão perigoso era a situação. Então, subiu um pouco a tábua apenas para espionar rapidamente, como sempre fez durante as brincadeiras. Seus olhos se arregalaram assim que viram o lado de fora da alcatéia pela porta recém-aberta da sua casa, o sangue e corpos espalhados para todo lado. E também, alfas com olhos vermelhos.

Fechou a brecha e correu para o canto do cômodo, se encolhendo e torcendo para que ninguém o encontrasse. Para que os assustadores alfas selvagens de olhos vermelhos não o pegassem.

— Atualmente —

Toda a alcatéia soube que algo estava errado quando Jungkook voltou.

Ele despediu-se de Yoongi apenas com um aceno e quando seus olhos pousaram em Namjoon, disse em alto e bom tom.

– Reunião, agora.

Lúpus - yoonkookDonde viven las historias. Descúbrelo ahora