Escadas abaixo

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Assim que adentrou no aposento viu a rosada deitada e de olhos fechados.

Aproximou-se dela, a observou por alguns instantes e depois sentou-se na poltrona ao lado da cama, passou as mãos pelos cabelos atrapalhados fechando os olhos.

–Sabe que não o quero por perto, por que você insiste?

Sasuke abriu os olhos ao ouvir a voz da Haruno.

–Pensei que estava dormindo.

–Mas não estou. Fingir estar dormindo é a melhor maneira de fazer com que os outros me deixem em paz.

A rosada ia falando ainda com os olhos fechados.

–Como você está?

–Aleijada e grávida. O Que você quer?

O tom da cerejeira era seco.

–Ino...está ameaçando tirar meu filho de mim.

A rosada abriu os olhos.

–E?

Sasuke a encarou franzindo o cenho.

–Como assim e?! É meu filho.

–Ainda não ouvi uma resposta convincente.

–Sakura, é o meu filho e eu o quero junto de mim!

–Ah...finalmente uma resposta, você o quer porque ele é seu, e como ele te pertence você tem que o ter por perto.

–Não, não é isso...

Sakura o interrompeu.

–Quantas vezes você o abraçou? Quantas vezes trocou suas fraudas, brincou com ele, cantou pra ele dormir, o beijou ou disse que o amava?

O Uchiha ficou mudo.

–Não me estranha que depois de tanto tempo ele não fale, não ande...ele é um menino perfeito e saudável, só não quer nem andar nem falar. Falar o que pra pais que nem se comunicam com ele, andar pra onde? Pra um colo que ele nem conhece direito?! Quanto tempo você passou com seu filho desde que ele nasceu Sasuke?

O moreno ainda a encarava. Mudo.

–Você insiste que não foi atrás de mim por ele, mas no fundo eu acho que guarda um grande ressentimento por ele ter te atrapalhado em seguir a vida que queria ter, tanto você quanto a Ino.

Depois de alguns segundos em silêncio ele respirou fundo, levantou-se da poltrona e saiu. Assim que cruzou a porta e a bateu pôde sentir o amargo do gosto das palavras da rosada.



Olhava pela janela enquanto o ortopedista e a fisioterapeuta lhe passavam as atividades do dia.

–Sakura, se não se concentrar seu corpo vai acabar se atrofiando.

–Já estou atrofiada.

A fisioterapeuta que ora esticava ora dobrava a perna da rosada se levantou.

–Já faz quase três semanas que está aqui e você parece não ter vontade de se recuperar.

Ela nada disse, permaneceu calada olhando para a janela.

A jovem então se aproximou do ortopedista que apenas observava e comentou.

–Acho que devemos encaminhá-la para a terapia.

–Eu concordo, está visivelmente depressiva e não podemos tirar a razão dela. Vou escrever o encaminhamento.


A Última DançaOnde histórias criam vida. Descubra agora