O passar do tempo

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Terminou de digitar a última frase e colocou o ponto final.

Respirou fundo depois disso, estava exausto!

Nem imaginava que horas eram, também não importava, o importante era terminar aquilo o quanto antes.

Se levantou para esticar as pernas, sentiu-as doloridas, ficava tão concentrado no trabalho que não notava nada ao redor, como as luzes apagadas só não o deixando em completa escuridão pelas luzes da cidade lá fora, ou a secretaria eletrônica piscando, nem havia notado o telefone tocar.

Apertou o botão fazendo a luz vermelha parar de piscar. Se encaminhou para a janela parcialmente aberta no enorme prédio da empresa de sua família. Observava a torre de Tóquio ao longe enquanto ouvia.

"Precisamos de você aqui, o Daisuke... –houve um momento de silencio- volte logo por favor."

Fechou os olhos os abrindo logo em seguida.

Virou-se e deu de cara com a figura loira o encarando.

Se não fosse Sasuke, com certeza a pessoa teria se assustado. Mas o moreno já estava acostumado com os maus hábitos do amigo.

–Não sabe bater na porta, Dobe?!

O Uchiha voltou para sua mesa sentando-se em seguida e começando a revisar o que havia terminado de escrever instantes atrás.

–Pensei que estivesse morto aqui dentro. Faz horas que não sai nem pra ir ao banheiro.

–Precisava terminar esse relatório o quanto antes.

–E então?

O Uchiha levantou o olhar para o amigo parado diante de si.

–Então o que?

–Vai voltar pra Konoha comigo amanhã?

Sasuke suspirou.

–Ino ligou, parece que não tenho escolha.

–Daisuke piorou?

–Parece que sim.

–Sasuke.... Naruto tentou começar, mas foi interrompido.

–Me deixe terminar isso logo ou acabaremos passando a noite aqui.

Naruto se deu por vencido mas antes de se retirar completou.

–Ainda não é definitivo Sasuke, pode ser que ele melhore.

–Já é hora de admitirmos que Daisuke não anda e nunca vai andar, ele é uma criança deficiente, não há nada que possamos fazer quanto a isso. Agora me deixe trabalhar.

–Sabe, com o passar do tempo você fica cada vez mais ranzinza, espero que seu filho não te puxe mesmo se ele nunca puder andar, afinal isso não é o fim do mundo pra uma criança que achamos que nem nasceria.

Então o Uzumaki fechou a porta e o moreno voltou a ficar sozinho na escuridão.

Ele sabia que era verdade, estava cada vez mais ranzinza, mal humorado, fechado, mas era a única forma que tinha de se proteger das pancadas que a vida lhe dava e que nos últimos anos tinham sido incontáveis.

Se lembrava de um Sasuke diferente, sorridente, feliz, inconsequente, mas estava tão longe em sua memória que pareciam ser lembranças de outra pessoa, de outra vida.

Se lembrou do motivo dos seus sorrisos.

Passou a mão nos cabelos, era passado, um passo muito distante, distante um oceano e que ele não queria se lembrar.

A Última DançaOnde histórias criam vida. Descubra agora