A Última Dança

Harmonia

Ele estava deitado na cama vendo a loira andar de um lado ao outro no grande quarto.

—Quem ela pensa que é?!

Ino estava possessa!

Sakura chegava e simplesmente lhe tirava os direitos de mãe assim? Do nada? Não! Teria uma conversa séria com o Uchiha na manhã seguinte.

Daisuke deveria saber exatamente quem era sua mãe.

—Ino, ficar remoendo essas coisas não vai fazer o menino te reconhecer como mãe dele.

O ruivo tentava ser sensato.

Ela parou e o olhou

—Você não entende como estou me sentindo!

Os olhos da Yamanaka estavam marejados. Assim que chegaram em casa ela só largou o menino após o mesmo adormecer em seu colo, e mesmo assim por insistência de Gaara.

O Sabaku suspirou.

—Você e Sasuke nunca agiram como pais, não podem cobrar uma coisa que não oferecem.

Lá estava, o olhar magoado, ferido, ela abriu a boca, mas nenhum som saiu tamanho disparate escutara sair da boca de Gaara.

Então ele se aproximou, mas foi rechaçado, não temia que ela se zangasse, não mais do que já estava, Ino precisava ouvir alguns fatos e o ruivo era a melhor pessoa para lhe mostrar a realidade.

—Quando eu nasci, meu pai me rechaçou. A vida inteira eu achei que havia matado minha mãe, que eu era o culpado por ela não estar aqui. Meu pai era um homem frio, distante, ausente, tudo que fazia era trabalhar, nunca estava em casa, nunca demonstrava afeto ou carinho, eu nunca o chamei de pai, eu nunca o vi como uma figura paterna. O casamento deles foi um acordo de famílias e eles mal se conheciam quando se casaram, ele se apaixonou, mas nunca soube se ela o amava.

O ruivo suspirou, Ino se sentou na beirada da cama atenta a tudo que o ruivo dizia.

—Quando ela morreu, direta ou indiretamente ele me culpou, não sei se foi sua intenção na realidade, mas eu me senti rejeitado, eu mal falava com as pessoas, mal falava sequer com meus irmãos. Só fui reconhecer aquele homem como pai em seu leito de morte, quando ele mesmo me contou tudo isso, e eu jurei pra mim mesmo que se um dia fosse pai seria o melhor que pudesse, por isso estou dando meu apoio a Sakura e vou a dar a criança que ela espera, por isso consigo entender o que se passa com Daisuke.

As lágrimas corriam silenciosas pelo rosto da loira.

—Querendo ou não foi por causa dele que você e Sasuke não seguiram seus sonhos, ele viveu cercado em um ambiente de luxo, tendo de tudo, menos o essencial, os pais. Por isso não pode culpar a Sakura por se afeiçoar ao menino e ele vê-la como uma figura materna, ele se agarraria a qualquer um que lhe desse um pouco mais de afeto, que o visse como ele é, uma criança, apenas uma criança que precisa ser protegida e tratada como uma pessoa normal.

Ino tapou o rosto e começou a soluçar, Gaara se aproximou e se ajoelhou diante de sua figura.

—Ei, não fique assim, eu não te disse isso para que se sentisse mal, mas para que veja que ainda a tempo de recuperar o seu filho, ele ama você, pode ter certeza, e ele só quer que você seja a melhor mãe que possa ser.

Ela o mirou com os olhos inundados em lágrimas.

—Eu não estraguei tudo?

Disse em meio a um soluço

Gaara sorriu

—Não.

Então passou a mão pela face vermelha e limpou as lágrimas que ainda vertiam.