Capítulo 01: Ainda vivo.

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Entre prédios, lojas, apartamentos vazios de uma cidade antes prescrita como; populosa, podia-se dizer que estava tudo tranquilo. Nas ruas não se fazia visível uma alma viva. - Tudo quieto, muito calmo. - Isto claro, até serem disparados 3, 4, 5 tiros aos ventos. - Seus ecoados em pleno silêncio, tomaram a atenção de um jovem, que antes vinha a espera de uma chuva aparente nos céus. Seus olhos caem com deleite em mais uma cena atípica de sua semana, os sons estridentes que vinham em sequência abaixo de si o faziam observar com cautela o porquê dos disparos.

Não se e dadá surpresa para si ao avistar um homem encharcado de desespero. - ou seria sangue..?- Talvez os dois. Ditava seus passos friamente, indo de algum modo superior, ir julgando-o, como se já preveni-se seu destino cruel destacado pelo quão previsível era a situação cuja havia se metido. -Claro, o que este pensará levando apenas uma miséria pistola para cuidar de tantos?- Era o que pensava, vendo-o o ser encurralado aos poucos. Os gritos e preces que estavam sendo dirigidos a sua pessoa até dado momento, logo se tornaram xingamentos e insinuações de ódio e repúdio. - Estas que não o atingiram como desejava..

[...]

Silêncio, o silêncio fora estabelecido novamente. Claro, é "silêncio" se ignorar os grunhidos e respirações sujas daqueles que se alimentavam da carne e vísceras do rapaz, que em poucos minutos, via se apenas resquícios de sua pele, a carcaça de seu rosto, desfigurado, fora a última coisa que conseguira pensar enquanto assistia o sendo baqueado dentre os corpos dos dirigentes de sons nojentos, repugnantes, estes que já nem incomodavam o outro que observa.

Não sentia culpa. até por que - por quê seria sua culpa? - Não era sua obrigação ir até o outro e ajudá-lo, seria seu esforço gasto a toa! Este sim, cavou a própria cova sozinho. E embora massageie o que recebia em seu ego, por suas escolhas, isto acaba por lhe dar a impressão vergonhosa de seus feitos.

Não foi preciso tempo para perceber que aquela gritaria veio a atrair mais deles, além da tal chuva prevista ter aparentemente começado. Contendo assim em sua mente, o término deste episódio com a imagem do corpo desfigurado se tornando apenas um pedaço de carne, puxado de um lado para outro.

O prédio em que se aloja se torna seguro para sua convivência, claramente. As mandíbulas de seus seguranças vinham acorrentadas a fachada do bloco. Se instalou estrategicamente na última casa do corredor próximo ao térreo, seria realmente uma vitória para quem chegasse até si.

É em meio a sua lista de afazeres rasa, preferiu se acomodar de qualquer modo no cômodo base em que guarda seus pertences. Seguindo por roupas sujas, caixas de balas vazias pelo chão, deita no meio da cama velha presente. Pequenos fios de poeira foram soltos ao ar quando os travesseiros finos foram recebidos com seu peso ao todo. Uma pequena arma vinha beirar sua exposição quanto deixada estirada pelos lençóis, tendo roupas ensanguentadas às envolvendo, como se em algum tipo de aviso silencioso, significasse algo para si mesmo. Seu corpo se enrijece ao entrar em contato com a umidade no ar que se exalava no cômodo fechado, o escuro que aos poucos vinha ao lado de fora, tampa a única fonte de luz que tinha para iluminar a residência.. fazendo com que a ansiedade desperta-se por si. Como em uma outra persona esquecida sua. Lembranças se despertaram, o terror que vivia ao lado de fora vinha degradando sua mente em noites como aquela. O sentimento de aperto o fez abraçar as cobertas mesmo no calor absurdo impregnado ao seu redor.

A dificuldade para aguentar o ar pesado que entrava por seus pulmões, deixava uma tosse irritante vir e ir quanto o sentimento de rasgo que surgia em sua garganta, deixa um incômodo para engolir seco as palavras que em momentos lúcidos, eram o mesmo que em tantas outras noites, uma necessidade, uma necessidade de achar algo que o recordar da esperança de tudo isto nem mesmo ser o real. -Queria acordar ouvindo seu chefe dar-lhe uma bronca em meio as notificações de contas atrasadas, as mensagens de grupos de família que nunca se pôs a responder, ou acordar com as repetidas ligações de seus pais, talvez o acalmando por isto ser..ser apenas um sonho..

[...]

Meus olhos se abrem com dificuldade perante a ardência que sentia, como se de alguma forma viesse uma dor forte em meu peito quanto a respiração descompensada, que me impede a possibilidade de pensar com clareza. Alterado, meu corpo parecia se estremecer de tanta dor que me vinha junto aos barulhos pesados das gotas de chuva, que deslizava pelo vidro coberto ao meu lado, sinto meu suor escorrer entre meus olhos. Minha garganta ressecada e a irritação de meus olhos me faziam ter uma mínima ideia de meu estado dentre tais horas de inquietude.

Pude sentir como em linhas finas, em um padrão aleatório os arranhões dentre o filete de sangue junto ao pouco da minha pele em meus dedos, o que deixava a mostra meu estado mental, corrompido e deplorável.

Esta frieza e a falta de empatia apenas alastra o buraco aberto em meu peito, sinto os detalhes nas lembranças daquela tarde me corroem até hoje, isto está me fazendo adoecer...fazendo o que existe de verdadeiro em mim começar a se esbranquiçar cada vez mais. -Cada ano, uma recaída. cada dia, percebendo que isso ira me atormentar.-

[...]

Arh..-em desistência, solto um suspiro trêmulo, deixando de minhas mãos, se escapar o peso de metal enferrujado do gatilho sujo da pistola.. que mesmo com desgosto, e deixada ao meu lado, pesando novamente por cima do tecido viscoso da blusa.

Recaídas, tormentos de noites mal dormidas, é o alerta de que a quaisquer dia possa sim ocorrer o final disto que ainda sou obrigado a chamar de vida. - Esta vida. - Vida de Uchiha Obito.

Estou Vivo.Onde histórias criam vida. Descubra agora