Jean Polnareff (2)

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A festa esta uma bosta.

Não que ela não me divirta, nunca imaginei que um almoço de jardim seria tão interessante. A comida era deliciosa, o clima estava frio suficiente para as várias camadas de roupas fazerem sentido, o lugar era espetacular e os amigos de Jean eram divertidos.

O neto do casal que comemoramos chamado Jotaro Kujo era silencioso e rude com as mulheres que o aproximavam com desejo, mas quebrando as expectativas de suas primeiras impressões, foi minha companhia durante todo o evento. Suponho que duas pessoas com interesses semelhantes em estudar e investigar o oceano conseguem construir uma amizade rapidamente, ainda mais quando tentávamos fugir dos assuntos paralelos do evento.

Joseph e Suzie, o casal da vez, pareciam sair de um filme de época com fotografia artística. Além de belos e bem vestidos, o amor cultivado nestes 50 anos era inspirador. Havia mais que compromisso e luxúria, era palpável a cumplicidade dos dois. As cinco décadas juntos construíram uma base forte na relação e, mesmo sabendo que houveram intrigas e escândalos durante suas trajetórias, ambos se apoiavam um no outro para construírem a própria felicidade.

O problema é que eu não consigo respirar. Esse espartilho não me permite preencher meus pulmões, e de hora em hora preciso tomar uma bebida gelada para relembrar meu corpo de que estou funcionando. Mas, além do estado físico, meu emocional está despedaçado. A minha paixão de infância, alma gêmea e amor da minha vida proclamou seu amor para mim, e minhas dificuldades pessoais o afastaram sem sequer uma resposta justa. Ou qualquer resposta minha.

Apesar da festa ser linda, não havia beleza capaz de distrai-me da situação criada com Polnareff. Mesmo com a esperança de conseguir falar com ele em algum momento da festa, a única vez que meu corpo reagiu aos meus desejos ele sumiu de meu campo de visão. Durante todo o evento ele fugiu de mim, e nem posso culpá-lo.

Era óbvia a situação: impossível esquecer sua declaração anterior, Polnareff se sente inseguro. Para o francês não importa como, ele não ira perdê-la, mesmo que signifique enterrar o sentimento e manter-se ao lado dela, como um amigo, alguém a ser confiado. Mas, no momento, a dor é intensa, e lidar com ela publicamente é tortuoso, portanto evitar confrontos ou encontros foi a decisão dolorosa que ele tomou, tornando o desespero de ambos um abismo.

A falta de ar me afoga aos poucos, mas antes que minha ansiedade retire toda energia vital para desfrutar da viagem que estamos fazendo, opto por ir embora. Não encontrando o francês, me despeço de seus amigos, agradecendo o convite e chamando um Uber para a pousada.

Há 8 minutos de distância, espero sozinha o carro quando escuto passos lentos vindo em minha direção. Olho para trás com cautela, encontrando na direção do som o próprio Jean, que apenas para ao meu lado e espelha meu comportamento, encarando a bela paisagem que nos cerca até o motorista encostar. Quando caminho em direção ao carro, Polnareff dispara na minha frente, abrindo a porta do veículo. Entro em silêncio, mas o vejo entrando também, me obrigando a redirecionar o corpo até a outra porta do carro. Fazemos o caminho em silêncio absoluto.

Assim que chego no chalé, nem me preocupo em ir para o quarto, jogando no sofá a capa, logo soltando pelo zíper frontal o espartilho, que é arremessado junto à primeira camada bufante dos 2 vestidos. Respiro fundo, recobrando completamente minha consciência enevoada pela respiração parcial ocorrida por horas ininterruptas.

- AÍ, QUE ALÍVIO... - deixo escapar, com pensamentos e fala sincronizados. Escuto uma risada tímida atrás de mim, vinda de Jean.

Just imagine... Jojo's Bizarre AdventureOnde histórias criam vida. Descubra agora