Bruno Bucciarati (1)

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A sensação de euforia domina o quarto. Há maquiagem espalhada pela escrivaninha, assim como glitter se apossando aos poucos da bancada. O caminho até o banheiro cheira a 4 perfumes diferentes: meu perfume favorito misturado ao adocicado de Amiga-1, com um toque herbal da loção corporal de Amiga-2 e o creme para cabelo de Amiga-3, que tem o cheiro tão potente quanto cloro.

Após uma semana entediante, meu grupo de amigas de infância venceu a improbabilidade, concordando em unanimidade a conhecer uma balada com áreas privativas no centro da cidade. Enquanto ainda nos preparamos para a noite, duas delas já iniciam uma discussão boba sobre uma ter cortado torta a franja da outra. Há 4 anos atrás.  Trocando olhares com a Amiga-2, rimos da situação, relembrando com nostalgia da nossa adolescência.

- Se fosse naquela época, a Amiga-3 teria resolvido cuspindo chiclete no cabelo dela...

- Não, imagina! Ela teria cortado o cabelo dela enquanto a Amiga-1 dormia! - rimos juntas.

- Cala a boca, S/n! Não fui eu quem fiz buracos no cabelo com gilete porque achei que ia ficar maneiro - rimos todas juntas.

- EI, EI! Em minha defesa, a gente tinha sei lá, uns 6 anos, ninguém falou nada quando a Amiga-3 pintou o cabelo com tinta de tecido aos 14!

- Nem vou negar meu erro não, puta que pariu o que eu tinha na cabeça?

- Tinta de tecido, né?! - as risadas começaram a se tornar contagiantes, até que elas se originassem nas risadas uma da outra - Aí, como a gente errou, né? - todas concordamos, recuperando o fôlego e reparando no horário.

- Bora gente? Não é muito minha vibe esse tipo de rolê, então vamos antes que eu mude de ideia - relembro-as.

- Aí, é! Esqueci que nossa S/n é introspectiva por um momento. Você sabe que vamos hoje por você, né? - Amiga-1 diz.

- Ué, como assim? - não entendo a afirmação, mas assim que vejo os sorrisos maliciosos nas meninas, entendo a situação e fechando a cara - Ah não, mano!

- Ah, qual é! Mana, a gente sabe que você tá solteira faz tempo... - começa Amiga-2.
-... e que você tá precisando dar uns pegas em alguém. - termina Amiga-3.

- Gente, gente, peraí! Vocês sabem como eu sou... - já começo a alertá-las, me incomodando com a ideia de me jogarem qualquer cara.

- Calma, coração! Sem pressão... A gente sabe que com você, se não rolar uma conexão, não vai rolar nada. Nossa ideia é ficar de olho ao redor e, sei lá, socializar. Nosso circulo de amizades tá esgotado demais, ainda mais pra você, que é bem seletiva.

As olho com receio, mas concordo com a cabeça. Sei que posso confiar nelas, e que se me sentir desconfortável elas serão as primeiras a fazer algo a respeito. Apesar de concordar com as meninas, prefiro manter meu foco inicial - tomar 1 shot no início da noite e passar ela compartilhando histórias com minhas amigas.

Com isso, nos dividimos para a ida à balada. Como vim de moto e prefiro voltar para casa depois da festa, a Amiga-1 vem em minha garupa para andar de moto pela primeira vez, enquanto as outras vão de carro. Passo o caminho me empolgando com a ideia delas, e se acabar achando alguém bacana? Não precisa ser alguém para me relacionar de forma tão íntima, mas conhecer alguém novo e sentir aquela agitação na barriga seria bom.

Just imagine... Jojo's Bizarre AdventureOnde histórias criam vida. Descubra agora