Juntando Cifras e Palavras {namjin}

Capítulo 1

Seokjin parou no meio da sala e girou em seu próprio eixo observando o que há em volta dele. A maioria das caixas ainda estavam fechadas e empilhadas nos cantos, em um sinal claro de desafio; como se elas tivessem bracinhos e luvas de boxe esperando apenas o momento certo para nocauteá-lo. Em um sinal claro de quase desistência, passou a mão nos cabelos, logo em seguida apoiou-a na cintura e pensou seriamente em desistir de organizar todas essas caixas agora.

Fechou os olhos e passou todas as variáveis mentalmente, contando nos dedos involuntariamente. Ele não precisa de praticamente nada do que ainda estava nas caixas. As roupas de cama ele tinha levado em sacos enormes, as roupas em malas, os utensílios de higiene em uma nécessaire de alpaca... acreditava que as outras coisas poderiam esperar mais um pouquinho.

Então se deu por satisfeito e caminhou para o quarto, mas no meio do caminho, um barulho ecoou de dentro dele e Seokjin parou percebendo ser o seu estômago, rugindo faminto para ele. Droga, ele passou o dia inteiro organizando as coisas que até se esqueceu de comer. Girou os calcanhares no meio do corredor e olhou para as caixas novamente, nenhuma delas o deu qualquer indício de ser aquela que contém os utensílios de cozinha e comidas.

— Eu deveria ter ouvido o pirralho do Jeongguk e colocado nome nas caixas — disse em voz alta balançando a cabeça e pensando seriamente em ligar para o próprio e perguntar se ele se lembrava de alguma caixa em específico que estariam as coisas da cozinha.

O que poderia ser pior do que Jeongguk rindo da cara de Seokjin e dizendo "eu avisei" com aquela voz melodiosa e bonita dele? É óbvio, a fome que ameaçava devorá-lo de dentro para fora!

Saiu em busca do celular pela sua nova casa e quase soltou um "amor, ligue para o meu celular eu não consigo encontrá-lo" mas, antes que ele pudesse fazer isso, a ficha caiu outra vez e Seokjin parou no meio da cozinha lembrando que ele está sozinho agora. O amor se foi, a convivência com outra pessoa, as piadas no almoço, as carícias no jantar, e as conversas sussurradas na madrugada. Acabou.

Antes que a tristeza pudesse o atingir outra vez como um caminhão desgovernado sem motorista, ele encontra o celular dentro da pia. Como ele foi parar ali, Seokjin não fazia ideia, mas com certeza era um sinal para que ligasse para Jeongguk e esquecesse por mais alguns minutos que quase foi casado.

Entrou avidamente no aplicativo de ligações e apertou no último número discado, nem se lembrava mais qual foi o assunto do último papo que bateram, mas foi ontem e Jeongguk quem ligou para o Kim. Escutou os bips avisando que a chamada está em transferência e batucou os dedos na bancada esperando que um "fala hyung" soasse do outro lado. Se assustou levemente quando a voz que o atendeu não era a do Jeon, mas sim a do Hoseok, soando estridente e pronta para um atrito.

— Por que você só liga para o Jeongguk? — ouviu ele dizer de maneira contrariada e escutou a risadinha de Jeongguk no fundo. Seokjin imediatamente sentiu um aperto no peito de saudades deles.

— Oras, foi ele quem empacotou as coisas da minha cozinha. A não ser que tu queira vir aqui olhar e abrir caixa por caixa e organizar pra mim, apenas ele poderá me ajudar — respondeu segurando a risada quando por fim escutou ele resmungar no fundo.

— Credo, chupou limão hoje foi? Tá azedo! — Hoseok reclamou e o Kim ouviu alguns barulhos e logo a voz de Jung soando ao fundo: "Eu hein, Jeongguk. O velho tá rabugento."

— Fala, hyung — Jeongguk disse dando risadinhas enquanto Seokjin ouvia barulhos de panelas ao fundo. — Hoseok está fazendo macarronada.

— Droga! Quando eu estava aí ele preferia morrer a fazer uma macarronada pra mim — resmungou contrariado balançando a cabeça, — ele me odeia ou algo assim?