Do seu lado

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                   POV Bianca

Ok, eu precisava admitir...havia visto uns 4 filmes de romance depois que a Eduarda pulou pela minha janela.

Coloquei "Diário de uma paixão" na netflix e peguei o celular para fingir para eu mesma que estava mais concentrada no twitter do que no casal. Mas...quem eu quero enganar? eu estava decorando mentalmente todas as coisas que o cara dizia com aquela voz melosa enquanto segurava o rosto da mulher com suavidade.

Até que lá pelos 30 minutos de filme eu finalmente revirei os olhos e pensei como um alívio "ah, bem. que se dane! eu realmente quero saber coisas sobre estar apaixonada" e ai eu joguei meu celular entre os meus lençóis e me entreguei completamente ao filme.

Mas assistir todas aquelas coisas me davam uma sensação engraçada na boca do estômago. E não tinha nada a ver com vômito, eu juro.

Era mais por causa do que eu havia comprado. Por causa do pequeno embrulho escondido no fundo da minha gaveta de meias pois eu sabia que apenas uma pessoa tinha liberdade suficiente para xeretar as coisas do meu quarto. E essa pessoa era justamente a única que não podia achar a pequena caixinha.

Bom...pelo menos ainda não.

Eu havia passado cada minuto do meu dia desde que nos beijamos tentando planejar o momento. A caixinha costumava ficar no bolso do meu casaco ou na minha mochila do colégio aguardando o momento em que eu respiraria fundo e diria "Certo...ok, Eduarda. Não saia correndo mas tenho que te dizer uma coisa".

E admito, alguns momentos eram agoniantes. Na semana passada, durante o intervalo, estávamos sentadas sozinhas na mesa do refeitório e de repente a Eduarda me olhou de lado e com um sorrisinho nos lábios disse baixinho:

_Está quente, não é?

Ela estava com o rosto apoiado na mão e me olhava tão atentamente que por um segundo eu até esqueci do calor de quase quarenta graus que estava fazendo. Abri a boca para responder algo mas então ela calmamente pegou a coca-cola dela e estendeu o canudo em direção a minha boca.

_Quer tomar um gole? acho que vai te refrescar.

E...cara, sério. Talvez eu descrever essa cena nunca chegue perto do impacto que ela realmente teve quando aconteceu. Mas...sei lá! não sei se foram os grandes olhos esverdeados piscando lentamente e me encarando com curiosidade, se foram os lábios avermelhados e molhados de coca-cola ou se foi o fato de que eu estava cada dia mais apaixonada porém eu tenho que admitir. Meu coração acelerou e eu fechei os olhos antes de tomar minha decisão.

Que se dane todas as pessoas do refeitório que me olhariam se eu ajoelhasse ali ou se quando chegássemos em casa nossos pais já saberiam da novidade. Eu ia fazer aquilo. E ia fazer naquele momento.

A Eduarda arqueou uma sobrancelha quando reparou que eu estava quase me levantando e eu já até podia escutar a voz calma da menina perguntando aonde eu estava indo quando de repente a Elana e o Matheus se aproximaram.

_Mas que calor do caralho...alguém me explica por que ainda não estamos na praia?

O Matheus falou enquanto se jogava no banco de um jeito despojado. Normalmente eu teria ficado feliz mas só fiquei ali parada encarando ele.

_Talvez porque a praia mais perto de São Paulo seja umas 3 horas daqui!

A Elana respondeu com um ar de quem diz o óbvio e também se sentou no banco. A Eduarda deu uma risadinha e então percebi que todos os 3 olharam na minha direção. Eu ainda estava em pé, com a mão no bolso do casaco que denunciava o que eu QUASE havia feito.

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