Bianca e Duda

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      POV Bianca

Eu não sei como é o barulho de um coração se quebrando mas tinha certeza que deveria ser algo parecido com o que eu escutei assim que a Eduarda entrou no carro do Matheus e acenou para mim.

Minha mente ficava indo e vindo nos olhos dela. Os esverdeados clarinhos que eu tanto gostavam ficaram mais claros e eu demorei tempo demais para perceber que ela estava na verdade chorando.

Ai, meu Deus! Você fez a sua melhor amiga chorar!

A pessoa que você mais ama nesse mundo inteirinho chorar!

Você é uma péssima pessoa, Bianca.

Mas...o que eu tinha feito de errado? Não era isso que a Eduarda queria? Quero dizer, eu achei que seria uma boa ideia demonstrar para ela que eu estava totalmente de acordo com o fato de ela estar se dando bem com o Matheus....

Mas quando os nossos olhares se encontraram eu pude sentir algo. Algo que subiu pelos meus pés como uma espécie de choque e quando ela me abraçou eu apenas consegui fechar os olhos.

Por favor, Duda...

Apenas facilite.

Não era isso que você queria o tempo todo?

O cheiro do cabelo dela molhado pela chuva me invadiu e quando Eduarda se afastou de mim eu só consegui agradecer por conseguir raciocinar alguma coisa tendo aqueles imensos olhos esverdeados voltados para mim grande parte do tempo, numa proximidade assustadora.

Não sou de esquecer promessas que faço...

Realmente gosto de cumprir todas...

Até aquelas feitas nas horas da emoção.

Me perdi com a Eduarda umedecendo os lábios com sua língua rosea, acompanhei os movimentos dela indo em direção ao carro e fechando a porta.

Mas essa é a primeira vez que eu...

Eduarda me olhou mais uma vez pela vidro do carro. E aquele olhar parecia uma despedida. Me senti estranha novamente. Como posso sentir que estou perdendo algo que nunca tive realmente?

Essa é a primeira vez que eu quero muito quebrar uma promessa.

Eduarda levanta a mão e acena para mim sem desgrudar os olhos dos meus. Tudo na expressão indica algo que eu pareço querer muito para ser real.
Talvez eu esteja vendo coisas onde não tem...
Talvez de tanto querer alguma coisa meu cérebro começou a entender sinais que não existem...

E isso fazia meu coração doer ainda mais.

Eu tinha certeza de que estava apenas confusa. Vendo coisas apenas porque sou uma menina completamente carente.

Mas essa certeza ia diminuindo a cada vez mais que o carro do Matheus se afastava mas nossos olhares permaneciam conectados.

Eu quero quebrar a promessa.

Não quero que você fique com o Matheus.

Não importa o que eu diga...

Não importa se estou sorrindo ao dizer que estou feliz por você com ele.

Apenas...

Olhe nos meus olhos e enxergue isso...

Eu poderia te fazer outras mil promessas...

De alguma forma depois que a Eduarda foi embora toda a atmosfera do colégio pareceu extremamente sem graça. Era como se de repente todas as conversas altas da quadra tivessem ficado em outro idioma e as pessoas estranhamente desinteressantes.
Talvez eu precisasse admitir que Maria Eduarda kropf era o meu Sol.

velha infância (duanca) Onde histórias criam vida. Descubra agora