2. A irmã

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MAIO DE 1841,

REAGAN REQUER A AJUDA DE NATE.

As últimas notícias que Elisa tivera da sua família foram há dois anos, quando sua avó falecera e uma carta de Reagan chegara apenas um mês depois. Ela tinha enviado cartas e mais cartas nos últimos onze anos, mas não recebera nenhuma resposta, nenhuma palavra além das breves e objetivas que Reagan se dignara a escrever semanas depois que a avó delas já havia sido enterrada, não permitindo à Elisa nem a chance de se despedir da avó. E, como não tivera respostas às suas missivas, Elisa presumiu que a irmã também não queria vê-la e nunca mais voltou para Colstrown. Depois do seu casamento com Nate e do nascimento de Violet, ela sabia que o título de Corwin, seu primeiro marido, tinha sido passado para o esposo de Reagan, ele era o duque de Eldermer agora, mas o fato de o homem estar ali, de a sua irmã mais nova estar ali, isso era uma surpresa.

- Bem... – Elisa murmurou, incerta. – Só existe uma forma de descobrirmos o que estão fazendo aqui, e é ir até eles.

Nate assentiu lentamente enquanto Elisa voltava a atenção para os dois filhos mais velhos dentro do picadeiro e sobre os animais. Havia um peso no seu peito em pensar que reveria sua irmã mais nova, sua única irmã, depois de onze anos.

- Richie, por favor, peça para que Betsy venha aguardar o fim da lição das crianças e que depois as leve para casa. – Pediu Elisa ao mordomo, já rumando para casa.

Ela estava levemente ciente de Nate ao seu lado enquanto caminhava para casa, o corpo sendo tomado pela ansiedade. A verdade era que não importava o que tinha acontecido, quanto tempo tinha se passado, tudo que Elisa mais queria era poder se jogar nos braços da irmã e abraça-la, ver se Reagan estava bem e colocar a conversa em dia, descobrir porque estavam ali.

A babá de Peter, o filho caçula deles, estava no jardim com o menino de apenas um ano, tomando o sol da manhã, e Elisa passou direto, mal olhando para o filho. Ela seguiu direto para dentro de casa e em direção à sala de visitas enquanto Nate seguia ao seu lado.

- Querida. – Ele chamou, segurando a mão dela. – Espere.

Ela parou e se virou para o marido, vendo os olhos castanhos e preocupados dele, os cabelos um pouco bagunçados pelo vento. Nate já tinha quarenta e um anos, Elisa zombava do marido, chamando-o de velho, mas a verdade era que ele não aparentava essa idade, parecia exatamente como naquele dia em que se conheceram, ainda lindo e altivo, e ela ainda era muito atraída pelo marido. Talvez fosse isso que o tempo fazia com o corpo de alguém que não gestava e paria três crianças, conservava tudo em perfeito e invejável estado – não que ela tivesse mudado muito, as gestações não fizeram tantas mudanças assim em Elisa também, mas era inegável que seu corpo tinha mudado um pouco em cada gestação.

- Fique tranquila. – Nate falou em um tom baixo. – Você está terrivelmente tensa e parece que vai explodir a qualquer minuto. Eu estou aqui, ao seu lado.

Ela inspirou fundo para se acalmar e tentou assentir, Nate tinha razão, ela estava muito tensa, mas como não estar tensa em uma situação como aquela?

- Ok, tudo bem. – Murmurou, inspirando e expirando lentamente. – Eu estou bem, só quero rever a minha irmã logo e descobrir o que a trouxe aqui.

Com um assentir, Nate inclinou-se na direção dela e depositou um beijo na testa de Elisa, segurando a sua mão ainda. Ela esperou alguns segundos para se acalmar mais e então se virou para seguir até a sala de visitas, a mão de Nate descendo pela sua coluna e mantendo-se ali, confortando-a e amparando-a, e Elisa sentia-se grata por isso.

Quando Elisa entrou na sala, seu coração golpeou com força e ela sentiu seus olhos se encherem de lágrimas. Sentada no seu sofá, estava a sua irmã, exatamente como Elisa se lembrava dela, a pele negra do mesmo tom que a dela e os olhos castanhos brilhantes, um leve sorriso apreensivo nos lábios. Havia um menino que devia ter em torno de nove ou dez anos ao lado dela, sentado com uma pose digna de um futuro duque. Mas não havia sinal de Carter, o marido de Reagan, na sala. Elisa sentiu a tensão de Nate e voltou o olhar para a direção da janela, para onde ele olhava, e então ela viu. Aquilo não podia ser real.

Amor em St. LucasOnde histórias criam vida. Descubra agora