7. A recuperação

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MAIO DE 1841,

"PREFIRO DEFINIR COMO CONFIANTE."

Conforme Simon prometera, John fora melhorando aos poucos ao longo daqueles próximos dias. Seus pais não saíram do lado do menino, que estivera de repouso em sua cama, e seus tios apareciam sempre que possível durante os dias para ver como ele estava e garantir que a medicação estava sendo administrada da forma correta. Sarah tinha almoçado com Tessa nos últimos treze dias todos e Simon tinha passado por Baker House todas as tardes depois de sair do hospital, Henry passara a trabalhar em casa para estar perto do menino e Tessa mal saíra de casa.

Apesar de John já ter tido gripes e outras doenças leves, era a primeira vez que tinha algo mais sério e aquilo deixava os marqueses preocupados com o estado do menino. Já era de se esperar que, com dois tios médicos, nada de muito sério poderia acontecer com ele, ainda mais com uma médica como Sarah cuidando pessoalmente dele e fazendo-o seguir à risca todas as recomendações.

John parecia muito melhor, não reclamava mais de dores e nem apresentava febre, mas ainda estava um pouco abatido e tinha perdido alguns quilos naqueles dias de repouso. Henry assistia à esposa acabar de cobrir o menino e preparar-se para sair dali, já era noite e ela tinha passado o dia todo ao pé da cama de John, Sarah tinha ido embora com o marido há quase uma hora, Henry tinha garantido pessoalmente que Agatha estava na cama, já no décimo sono, e agora que John não corria mais riscos, os dois poderiam ter uma boa noite de sono também.

Ela se virou para a porta e viu o marido parado ali, lançando à Henry um sorriso que pareceu muito cansado. Tudo que o marquês fez foi oferecer a mão à esposa e guia-la para o corredor, fechar a porta do quarto do menino e guia-la para o quarto deles em seguida.

- Acho que eu seria capaz de pagar muito caro por uma massagem nesse momento... – Tessa comentou com um suspiro ao entrarem no quarto.

Henry riu.

- Essa é a sua forma discreta de pedir por uma massagem?

O olhar que ela lhe deu por cima do ombro, acompanhado de um sorriso, enquanto soltava os grampos do cabelo, foi resposta o suficiente para o marquês. Henry assistiu enquanto ela soltava os grampos um por um e deixava-os sobre a penteadeira, como todas as noites, e removeu sua gravata e as abotoaduras da camisa enquanto Tessa fazia isso. Ele caminhou despretensiosamente para a porta do banheiro e viu o banho já pronto e esperando por Tessa, tomando a decisão de atender o pedido da esposa.

- Vem comigo. – Chamou ele, estendendo a mão para ela.

Tessa sorriu vitoriosa ao aceitar a mão do marido e Henry a ajudou a soltar o espartilho e a remover cada peça de roupa, no meio do banheiro, então ele retirou as próprias roupas também e entrou para a banheira com a esposa nos seus braços, sentou-se dentro da água morna e cheia de espuma e a envolveu em seus braços, deixando-a aconchegada no seu peito enquanto levava as mãos aos ombros tensos dela.

- Parece que você está realmente tensa. – Comentou Henry, depositando um beijo na curva do pescoço delicado dela enquanto recebia um suspiro mais pesado pela sua massagem firme nos ombros tensos. – Acho que terá que pagar muito caro por isso, Tess.

Ela riu, o corpo aconchegando-se mais ao dele.

- Os últimos dias estão sendo uma tortura... – Tessa mal tinha forças para falar naquele momento.

- Eu sei. – Henry concordou, descendo a massagem pelas costas da esposa. – Você é uma mãe incrível e está fazendo um ótimo trabalho. Não só nos últimos dias.

Ele pontuou suas palavras com beijos pelo ombro, pescoço e nuca dela, sentindo o cheiro de Tessa que o viciava cada dia mais.

Tudo que a marquesa conseguia emitir naquele momento eram suspiros conforme Henry seguia com seus beijos e com a massagem pelo seu corpo, sentindo os nós de tensão e aliviando-se aos poucos.

- Você ainda acha uma boa ideia viajarmos no feriado? – Tessa perguntou depois de algum tempo.

Henry envolveu a cintura dela com os seus braços, parando a massagem.

- Simon disse não haver problemas. Ainda faltam alguns dias para a viagem e John está melhorando rapidamente. – Opinou ele.

- Mas ele ainda está fraco. – Tessa parecia mesmo preocupada. – Não sei se seria bom passar dias em um navio com ele assim. Nós deveríamos esperar mais para viajarmos.

Com o rosto encaixado no ombro da esposa, o marquês olhava para a cidade coberta pelas estrelas do lado de fora da casa, tentando não deixar que as preocupações da esposa entrassem em sua mente também.

- Faz meses que não vemos toda a sua família e eu realmente acho que não há problemas em irmos para Gruffin. Passar o feriado aqui, apenas nós quatro, não será bom para as crianças. E se John precisar, vamos ter dois médicos sempre junto de nós, mas sei que ele não precisará.

Tessa pareceu absorver as palavras do marido, sem dizer nada por alguns momentos.

- Você acha que estou me preocupando demais? – Perguntou.

Henry sorriu daquilo. Nem era preciso perguntar para saber a resposta.

- Está. Mas é natural, você é mãe, Tess. Eu também me preocupo, mas ficarmos aqui enquanto todos os primos deles estarão juntos em Gruffin vai deixar os dois ainda mais para baixo.

Tessa suspirou, virando o rosto para olhá-lo, e Henry afastou-se um pouco para poder enxerga-la também.

- Acho que você pode ter razão. – Ela finalmente concordou. – São só alguns dias em um barco e não semanas em uma carruagem.

Henry aproximou o rosto do dela e beijou os lábios da esposa rapidamente, abrindo um sorriso convencido em seguida.

- Eu sempre tenho razão, meu amor. – Ele disse com um tom de falsa arrogância.

Sua resposta foi um revirar dos lindos olhos azuis de Tessa, o que o fez rir. Henry a apertou mais contra si e roubou outro beijo, esse mais prolongado que o anterior.

- Você é um convencido. – Ela declarou quando o marido se afastou dos seus lábios.

- Prefiro definir como confiante. – Provocou.

Tessa apenas sorriu, aceitando aquilo, e Henry deixou que o momento se prolongasse até que a água da banheira estivesse fria. Quando ele a tirou da água, ajudou Tessa a se enxugar e depois a levou para a cama, parando apenas para vestirem-se, e deitou-se com ela em seus braços, afagando seus cabelos até que Tessa estivesse dormindo em seu peito, em um sono profundo depois de todos aqueles dias de muita preocupação e pouco sono. 

Amor em St. LucasOnde histórias criam vida. Descubra agora