Doces sonhos

8- Finalmente

    Sexta, 15 de janeiro. De manhã, quando Zizhen acordou, se espreguiçou, ainda com olhos fechados. Seu braço encostou em algo, ou alguém... Ele abriu os olhos e olhou para o lado, sentando-se.

    - De novo, não! - ele falou, entrando em desespero, ao ver Jingyi ao seu lado.

    - O quê aconteceu? - o alfa sentou-se assustado.

    - O quê aconteceu? Eu é que perguntou. O que está fazendo aqui?

    - Já se esqueceu. Você estava me ensinando falar em português... Acho que acabamos pegando no sono - Jingyi falou preocupado.

    - Jura?

    - Juro! - Jingyi estranhou a reação do ômega  - Por quê essa pergunta? O que você quis dizer com: De novo, não?

    - Nada - o ômega não conseguiu esconder as lágrimas...

    - Tem algo, sim. Eu nunca te vi, tão desesperado... Me fala, o que está acontecendo.

    - É que eu pensei... que você... você tivesse...

    - Eu não estou entendendo  - disse Jingyi olhando-o nos olhos  - O quê poderia ter acontecido, para você ficar assim tão desesperado?

    Zizhen passou as mãos pelo rosto e cabelos, nervosamente.

    - Nada... não é nada... me desculpe por agir assim - o ômega tentou disfarçar seu constrangimento.

    - O quê você está me escondendo? Apesar do pouco tempo que estamos juntos, eu te conheço bem... para saber que tem algo errado.

    - Eu prefiro não falar sobre isso...

    - Não vamos sair daqui, enquanto você insistir em não se abrir comigo - Jingyi tocou-o suavemente nas mãos - Por quê você disse De novo não?

    Zizhen olhou-o nos olhos. O alfa o olhava com carinho... Sentiu vontade de falar - Aconteceu... há três anos atrás... eu tive um namorado e... ele só queria... - o ômega parou envergonhado.

    - Ele só queria? - Jingyi olhou-o com um leve sorriso de encorajamento.

    - Só queria me levar para cama... Eu era muito tolo, tinha apenas 15 anos, e ele era o meu primeiro namorado, não percebi que ele só queria transar comigo... - Zizhen notou como o alfa estava atento - ... Durante mais ou menos três meses, ele ficou apenas nas tentativas... Até o dia que ele deu uma festinha na casa dele, para os amigos... os pais dele não estavam em casa... Eu me lembro de ter bebido alguns drinks, mas não eram apenas drinks... - Zizhen sentiu a garganta seca, e seus olhos marejados  - ... Ele colocou sonífero ou algo assim, porque eu não vi o final da festa... Quando acordei de manhã... foi horrível... - o ômega não conteve as lágrimas.

    Vendo o sofrimento do ômega, Jingyi o aconchegou em seus braços, massageando suas costas e os cabelos  - Não precisa continuar  - Jingyi beijou-o na testa - Eu posso imaginar o resto.

     Zizhen ficou mais um tempo no aconchego dos braços do alfa, até se recompor. Então afastou-se para olhar em seu olhos.

    - Não! Você não pode imaginar... o que foi pra mim, acordar no quarto dos pais dele, e vê-lo deitado ao meu lado, nu. Eu também estava nu, e meu corpo doía como se eu tivesse levado uma surra... estava cheio de hematomas... Eu me levantei desesperado, chorando, não sei como achei minhas roupas... Só queria sair daquele lugar, o mais depressa possível - Zizhen sentia-se aliviado, por ter contado ao Jingyi, apesar da vergonha.

    - Que canalha! - o alfa falou, cheio de raiva  - E o que seus pais fizeram a respeito?

    - Nada!