HADASSA
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Eram dias nublados
Eram dias sem cores,
deveras em dissabores;
e desses dias descoloridos,
só havia vazios, longos vazios.
O tempo não passava
e a densa nuvem ainda pairava,
cinzenta, ameaçadora, solitária;
sobre nossas mentes desafortunadas.
Sem prévia para o sol abrir,
vi-me somente a assistir.
Quando poderíamos, outra vez,
para o outro lado da nuvem partir?
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Senhor, me dê inspiração hoje! – pedi, mas não senti nada diferente acontecer. Esperei mais alguns segundos, tentando vencer o peso invisível que pairava sobre meus olhos, mas perdi a batalha e acabei por fechá-los. Deixei de lado o caderninho pequeno onde eu anotava toda e qualquer ideia. Não estava me sentindo criativa ou capaz de me concentrar nesse momento.
Talvez, se eu relaxar um pouco...
O sol batia forte pela entrada de acesso ao quintal da cozinha, refletindo seus fios luminosos até o meu encontro. Joguei o corpo para o outro lado do sofá, me protegendo da intensidade dos raios brilhantes e do calor. Não, eu não precisava nem iria fechar a porta de lá; pra que me incomodar em levantar? Onde pedaços de pipoca e farelos de biscoito reinavam (aos pés da TV e, consequentemente, por toda a sala de estar), uma luzinha de nada não iria me fazer sair do lugar. Mesmo que eu fique suada ao ponto de parecer ter feito umas cinco horas de atividade física. Me exercitar? Eu nem sei mais o que é isso.
Fazia dias, aliás, que eu estava desse jeito; com uma preguiça escancarada que não me deixava por um só segundo. Ah, não me levem a mal, sei sim cuidar de mim mesma e de uma casa de forma adequada (embora, confesso, existam dias que só Jesus na causa). O fato é que, na verdade, é uma desculpa (esfarrapada, ainda mais!) colocar a culpa toda na preguiça. Porque havia desânimo também, uma leve aflição interna e aquela pitada de ansiedade para completar o conjunto.
Tudo isso vinha me atingindo com força essa semana. E como me atingiam...
Nem lembro mais qual foi o dia em que eu não me senti assim: desanimada, sem a mínima vontade de fazer minha própria comida (e muito menos lavar a louça depois). Além do sono constante que me surpreendia nas horas mais inesperadas.
Ok, acho que ficar presa aqui tem me deixado um pouco pra baixo. Tá legal, muito pra baixo, muito mesmo. Não que eu não goste de ficar em casa. Só que, depois de quase um mês inteiro você começa a pensar que nada mais faz sentido. Ou pensa muito, e a maioria dos sentimentos não vai ter sentido, de qualquer forma.
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Um encontro inesperado
Random➙ Poderia um simples encontro salvar o dia (ou vida) de alguém? SINOPSE: Hadassa é uma jovem de gênio alegre e criativo, mas que sofre certos níveis de ansiedade, principalmente após um desastre natural causar seu confinamento no pequeno povoado int...