HADASSA
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Passarinho no ninho
Um pássaro no ninho,
é muito melhor que
algum outro engaiolado.
Pois ele tem a escolha
de voar rumo ao céu ensolarado,
no dia em que lhe der essa vontade.
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Tabita tinha toda razão. Coisas boas acontecem, uma ou outra hora. É claro que eu não sou tão fácil assim de ser animada, mas tenho que admitir que sair ontem à noite foi libertador! Tanto que acordei com um ânimo renovado, sendo capaz até de preparar um café da manhã saboroso pra mim (e não apenas comestível).
Por incrível que pareça, a sensação de ter "uma boa noite" de sono, não, uma excelente noite de sono, levou embora todos os resquícios de angústia, trazendo uma revigorante paz interior. Como já disse anteriormente, tenho meus momentos... E é ótimo quando me sinto assim, super empolgada para algo.
Depois de me alongar e planejar o que faria durante todo o dia, fui até a janela da sala e a abri, sorrindo para o dia. Fechei os olhos por um momento, sentindo a temperatura agradável da manhã. "Obrigada", sussurrei, olhando para o céu, antes de voltar meus olhos para a sala novamente. Então eu reparei no que havia em cima do sofá, que eu tinha deixado na noite anterior.
Sei que eu já tinha arrumado parcialmente meu cabelo, calçado meu tênis preferido e cantarolado que "o sol já nasceu lá na fazendinha" mesmo enquanto escovava os dentes, mas ainda não tinha acreditado totalmente no que eu tinha feito. Também tinha declarado mentalmente que aquele seria meu dia, mas... será que eu poderia repetir o que fiz ontem à noite? Respirei fundo. Olhei novamente para fora, tentando me decidir. Por favor, me ajude. Soltei o ar pela boca, surpresa por não ter percebido que eu havia prendido a respiração. Mas agora era o momento. Nada deveria me parar.
E então... lembrei que eu deveria comprar alguma outra coisa se não quisesse comer macarronada com sardinha no almoço outra vez. Esse havia sido o meu cardápio de todos os dias, ultimamente. Era prático e rápido, perdendo apenas para a opção especial de cuscuz com ovos.
Saí apressada rua a fora, quase correndo pelos pedaços de terra, até chegar na vendinha do Seu João, que ficava no "centro" da vila. Não tínhamos muitas opções, mas eram suficientes para sustentar a gente. Pelo menos, enquanto o estoque durasse e a estrada para Itaiti fosse desobstruída. O melhor de tudo, porém, era a vantagem de pegar o que quisesse e pagar depois, já que todo mundo conhecia todo mundo e era normal as pessoas comprarem fiado aqui. Até porque tinha muita besteirinha de dez ou vinte centavos que podíamos comprar aos montes.
Entro sorridente e cumprimento o dono do estabelecimento, que corresponde com um aceno de cabeça. Vou rapidamente até a prateleira que penso ter o que preciso, e fico percorrendo os olhos pelos produtos. Eu fazia isso quase sempre, às vezes ficava minutos perdendo tempo lendo os rótulos, mas então senti algo cair bem do meu lado.
— Opa! Desculpa!
Virei e recuperei o produto do chão, colocando-o de volta junto aos demais na última prateleira da estante.
— Estava querendo pegar o de cima, né? Acontece. – falei para a pessoa que estava do outro lado, sem conseguir reconhecer direito pelos enlatados que estavam empilhados no meio.
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Um encontro inesperado
Random➙ Poderia um simples encontro salvar o dia (ou vida) de alguém? SINOPSE: Hadassa é uma jovem de gênio alegre e criativo, mas que sofre certos níveis de ansiedade, principalmente após um desastre natural causar seu confinamento no pequeno povoado int...