Capítulo 7

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HADASSA

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Cântico da liberdade

Hoje acordei e senti o sol a me sorrir;
doces flores desabrocham no jardim...!
Um passarinho esperto pôs-se a assobiar
contemplo da janela e começo a cantar

Os dias, noites, horas, passam devagar
mas não quero me render à tristeza que se faz.
Eu sei, eu posso, eu quero acreditar,
na esperança de um futuro que em breve vai chegar

Não acabou, olha só, é um novo dia!
E depois que o sol se pôr, voltará, amanhã cedinho.
E enquanto eu puder, continuo esperando...
Quem sabe amanhã, terei cessado qualquer pranto.

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Hoje acordei e senti o sol a me sorrir! Como nunca antes. Sem sombra de dúvida, era um dia especial. E eu estava tão contente que não podia conter a emoção, nem mesmo perto de Jonathas.

— Acho que você está mais... esquisita do que o normal. – ele comentou. – Posso saber o motivo de tanta euforia?

— Ah, não enche. Tá bom, você pode. É que a minha mãe avisou que voltaria amanhã cedinho no primeiro transporte. E... eu estava com saudades, admito.

— Hm... que menina mais fofinha você é.

— Cala a boca!

Soquei outra vez seu braço, sem usar a força, claro. Aquilo estava começando a se tornar um hábito... Mas Jonathas não se incomodou e, ao invés de reclamar, me ouviu tagarelar sobre mil e uma coisas.

Estávamos andando por umas ruas no contorno do vilarejo, procurando bater um papo sobre os pontos "turísticos" de Serra do Facheiro. Eu havia prometido ser sua guia, agora que a estrada havia sido consertada e ele voltaria para São Paulo em poucos dias. Mas quase não descrevo o lugar, alegre demais pensando em como as coisas logo voltariam ao normal. Porque, pela misericórdia de Deus, com a estrada para Itaiti finalmente restaurada, poderíamos sair ou retornar para a cidade a partir de amanhã.

Jonathas também não era muito exigente. Acho que só estava matando seu tempo comigo porque não tinha mais ninguém com quem conversar. Pelo que eu tinha entendido antes, a sua avó era um pouco ranzinza e não gostava muito de prosear com ele.

— O que foi?

Pergunto após alguns segundos de silêncio, quando finalmente percebi que Jonathas estava parado, apenas me encarando.

— Você.

— Eu?

— Sim. Você parou de falar. Pelo menos, comigo. Estou esperando você retornar ao planeta Terra.

— Ah...

— Não se preocupe, eu estava brincando.

— Eu sei. É só... acho que não tem mais nada pra falar. – dei de ombros, acenando ao redor com os braços para ser ainda mais enfática nas minhas palavras. – Não existe mais nada para mostrar em Facheiro, sabe.

Jonathas ponderou, então colocou as mãos nos bolsos e desviou os olhos do vilarejo para mim.

— Me fale sobre você, então.

— Oi?

— Você ouviu. Vamos, isso mesmo. Me conte mais sobre você.

— Por que eu faria isso?

Um encontro inesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora