HADASSA
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Sobrevoando sobre a noite
Não quero continuar assim.
Não quero permanecer aqui.
Que farei?
Não tenho forças para persistir.
Poderia me ajudar a recomeçar?
Como se aprende a galopar?
Queria eu, voar,
para longe dessa escuridão a me cercar.
Será você, capaz de me guiar?
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Tentei não sair de casa desde que vi Jonathas pela primeira vez. Quer dizer, eu já não saía antes, mas de uma coisa eu tinha certeza: nunca mais pegaria o caminho que dava aos arredores! Não queria correr o risco dele estar lá outra vez. Além do que eu não conseguiria tocar, de qualquer forma.
Os motivos que me fizeram sair essa manhã eram simples: o início de enxaqueca que me matava de dor. Mas eu não fui até a venda, não. Antes, passei na Gertrudes, uma senhora da vizinhança que iria me oferecer de bom grado algumas ervas que serviriam para um chá. Uma das vantagens de Facheiro é por ele ser povoado de gente simples e caridosa.
Fazia frio, típico do ambiente serrano, mas eu preferia evitar. Sempre gostei mais do calor e do sol quentinho. Vi alguns meninos jogando bola no terreno descampado e observei uns dois ou três cachorros brigando e latindo entre si. Havia um monte deles por aqui. Até que reparei em alguém contemplando a paisagem, assim como eu. Alguém loiro e que me fez travar no mesmo instante. O que ele estava fazendo ali?
Dei meia volta e apertei o passo o mais rápido que podia, antes que ele me visse. Isso é loucura, minha casa ficava a poucos metros dali! Por que eu estava fugindo? Até que Jonathas me chamou, e eu respondi internamente que era exatamente por isso que eu queria escapar.
— Hadassa! Ei, Hadassa! – ele parou bem do meu lado, e me forcei a dar um sorriso simpático. – Que bom encontrar você outra vez!
— Ah, sim, claro. Tchau!
— Espera! – ele segurou em meu braço, e dei um puxão involuntário. – Desculpa. Eu não quero... parecer invasivo. Na verdade, você é uma das únicas pessoas que conheço aqui...
— Não, tudo bem, sem problema. E, não precisa me contar sobre a sua história, nem nada. Eu entendo, só preciso ir mesmo.
Quase não respiro após dizer essas palavras, mas Jonathas me encara com certo descontentamento. Seus olhos parecem querer me dizer mais do que ele realmente fala.
— Certo. Mais uma vez, desculpe. Eu não queria... te assustar.
— Eu sei.
Mordo o lábio inferior, sem coragem de encará-lo. Por que aquilo estava acontecendo comigo? Sei que são apenas segundos, mas parece que uma eternidade de tempo se passa entre nós. E permanecemos ali, parados. Eu deveria ir embora, mas não consigo. Meus pés teimam em se firmar no chão, e não sei o que fazer. Nunca me senti tão infantil quanto agora.
— Hã, você... está bem mesmo, Hadassa? Eu... fiquei preocupado naquele dia.
— Ah, não se incomode comigo! Foi só... um mal estar qualquer.
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Um encontro inesperado
De Todo➙ Poderia um simples encontro salvar o dia (ou vida) de alguém? SINOPSE: Hadassa é uma jovem de gênio alegre e criativo, mas que sofre certos níveis de ansiedade, principalmente após um desastre natural causar seu confinamento no pequeno povoado int...