Capítulo 3

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Dulce María

– Você faz realmente questão disso? – Anahí me perguntou enquanto tomava um gole de cerveja.

– Você não faz? – A encarei.

– Não sei. – Ela deu de ombros. – É algo irrelevante.

– Não deveria ser e você sabe. – Any revirou os olhos.

– Acho que se tornou irrelevante quando nós quase morremos mexendo em um vespeiro, talvez eu não precise te lembrar disso. – Bufei e ela negou com a cabeça. – Dul, a pergunta real é: por que meu irmão? 

– Ótima pergunta. – Sorri feliz em respondê-la. – O histórico político familiar de vocês é uma porcaria. – Mais uma vez Any revirou os olhos. – Ok, o meu também e nem por isso eu tô morrendo, mas a questão é: Christopher tem um histórico único. Ele é ótimo em esconder tudo. – Anahí riu pelo nariz. – E eu sei que ele mudou e que não aprontaria uma dessa com a cidade...

– Com a cidade? – Ela me questionou com um olhar um tanto quanto assustador.

– Sim. – Disse firme.

– Só com a cidade, Dulce? – Any reformulou a pergunta.

– Ele não faria isso comigo, eu sei que não. – Respirei fundo. – Christopher sempre teve planos impecáveis para a cidade, ele é o melhor...

– Você tem certeza? – Assenti. – Então estamos juntos, até porque Alfonso jamais me deixaria discordar disso. – Anahí riu.

– As coisas vão se encaixar... Só que antes, eu preciso convencer seu irmão que ele é o cara certo. – Me levantei e encarei a parede atrás de Any. – O que pode ser muito difícil, ou...

– Extremamente fácil! – Falou me interrompendo.

–  Exato. –  Suspirei. –  Hora de dar tchau meu amor, preciso de alguns minutos antes do seu irmãozão chegar. – Comprimi os lábios. 

– É isso, então. Espero que cheguem numa boa opção. – Anahí sorriu.

–  Vamos decidir o que é melhor para nós e para Rio Velho. 

Eu voltei para casa andando, tendo a plena sensação que aquela seria última vez que eu poderia fazer aquilo, eu só não sabia o porquê, mas eu tinha certeza que seria.

Quando parei na portaria do prédio, fiquei ali alguns segundos pensando em como conversar com Christopher, na realidade, como chegar nele sem parecer um: "Então amor, por que você não quer sair candidato? Vai dar certo!"

Assim que abri a porta do nosso apartamento, Christopher estava na sacada, fumando um cigarro enquanto tomava cerveja e eu mentalmente xinguei.

Não esperava que ele já estivesse em casa, eu queria me preparar antes de tentar convence-lo do que podemos chamar de "suicídio social eterno", mas pelo jeito, ele pensou da mesma forma.

– Dul? – Chris falou se virando para a porta.

– Oi amor... – Falei insegura enquanto fechava a porta.

– Acho que precisamos conversar, não é? – Christopher falou sereno.

– Muito provavelmente. – Disse sem graça tirando meus sapatos.

– Devemos colocar todos os prós e contras na mesa, assim decidimos juntos como isso tudo irá acontecer, tudo bem? – Ele falou enquanto apagava seu cigarro.

– É a melhor pedida. – Falei abrindo o frigobar. – Mais uma? –  Chris concordou com a cabeça. – Ok, você começa? –  Disse me sentando.

– Pode ser. – Christopher abriu sua cerveja e tomou um longo gole. – Estive pensando por algumas horas. – Ele fez uma pausa. – Horas essas que quase não passaram, mas consegui alinhar todos os meus pensamentos e chegar em uma conclusão minha. – Chris fitou a vista da sacada e logo me encarou. –  Eu amo essa cidade Dulce, tanto quanto você, mas não sei se ainda estou disposto a uma vida política novamente. –  Sua respiração pesada dominou o ambiente. – Isso seria expor novamente nossas vidas, mas de uma maneira extrema, seria colocar em cheque nossa privacidade, nossa paz... 

– Bons argumentos. – Eu ri forçado. – Contra mim eles parecem muito melhores, devo confessar. – Christopher deu de ombros e abaixou a cabeça.

 – Parece ridículo eu usar o que você me disse quatro anos atrás hoje como desculpa, mas na realidade é atual para mim. – Disse me encarando.

– Você tem um currículo político impecável, você é esforçado, inteligente e tem planos lindos para a cidade. – Christopher sorriu sem mostrar os dentes. – Da última vez eu tinha medo de como tudo isso poderia aparecer, mas a gente precisa levar em conta tudo o que tinha se passado. – Eu o encarei de maneira firme. – Seu plano de uma política limpa e transparente é o que nossa cidade precisa, você é jovem, antenado...

– Calma, devagar. – Ele suspirou. – Você acha que é uma boa ideia eu entrar com todos os meus planos de quatro anos atrás e diz que sou antenado? – Assenti rapidamente. – Amor, não da pra eu tentar disputar o pleito assim, não com propostas de uma cidade de cofre cheio e totalmente reluzente...

– Cofres não tão cheios. – O corrigi.

– Independente Dul. – Ele passou as mãos pelos cabelos. – A gente precisa de um plano, de uma equipe e tudo isso demora tempo. – Christopher me encarou extremamente sério. – Eu agradeço tanto você ter me parado quatro anos atrás, porque eu ia afundar essa cidade.

– Você é capaz! – Levantei o tom.

– Ok, sou capaz. – Eu o encarei confusa e dei um gole em minha cerveja. – Dulce, o prazo de entrega de candidatura provavelmente já passou e é necessário pelo menos um ano de filiação ao partido e eu não vou começar mentindo só pra conseguir disputador o pleito. – Ele me encarou com vitória no olhar e eu segurei o riso.

– Amor, você desfez sua filiação quatro anos atrás? – O semblante de Christopher se colocou em puro terror. – Imaginei. E outra coisa, estamos em fevereiro, o prazo sempre corre até março ou abril. – Dei de ombros e Chris me olhou com uma fisionomia de dor. –  E antes que você fale que: "nenhum partido vai te querer", não tem candidato na cidade! É você, Christopher! – Nesse momento eu já estava em pé, basicamente aos berros.

– Você ainda vai me deixar maluco! – Christopher falou jogando a cabeça para trás.

– E então? – Falei apreensiva.

– Se tudo se encaixar bem... Vamos juntos nessa.


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N/A: hellooooooooooooo

desculpem a demora, eu basicamente tirei o feriado pra nanar hauahuhauha

e aí vamos nós!

Comentem, votem e eu volto!

beijinhosssssssss ;*

Nada Convencional: A DisputaOnde histórias criam vida. Descubra agora