Capítulo 12

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Christopher von Uckermann

– Preciso de você como meu vice. – Acácio respirou pesado. – Eu não sei o motivo pelo qual você não quer a vice-prefeitura, mas eu acho que você deve pensar muito bem sobre isso. – Dessa vez quem respirou pesado fui eu. – As pessoas estão morrendo aos montes pelo mundo todo e eu não quero que isso aconteça com Rio Velho. – Fiz uma pausa e Venturini me encarava intrigado. – Você pretende ter filhos? – O rosto dele se iluminou.

– Na verdade, Anna está gravida de oito semanas. – Seu sorriso era enorme.

– Que notícia ótima! Pensa no orgulho que esse bebezinho pode sentir de você quando crescer. Nós vamos fazer história, Acácio. – Falei firme e confiante.

– Você quer fazer história em Rio Velho? – Ele me perguntou enquanto me estudava.

– Nós vamos fazer história. – Disse que forma firme e nada cautelosa, essa gafe eu jamais iria cometer.

– Onde eu entro em tudo isso? – Venturini disse depois de alguns segundos de silêncio.

– Preciso de um nome de apoio, conhecido e estável na cidade, como o meu. – Minha voz soou fria. – Meu histórico político é impecável. Minha namorada nunca conseguiu achar um misero podre sobre mim, sou limpo. – Ele assentiu e seu olhar era distante. – Você é esse nome! Você é influente e criativo, bom com a parte de eventos, podemos criar muita coisa juntos. – Menti, mas Venturini pareceu gostar da minha fala.

– Seria um trabalho dobrado... 

– Você decide o melhor para você, onde, como e quando atuar. Vai ser incrível, vamos fazer nossos filhos terem orgulho de nós. – Falei sorridente.

– Dulce também está grávida? – Sua pergunta foi espontânea, mas um nó se formou em minha garganta, era um assunto delicado. – Então vocês se casaram? – Arqueei a sobrancelha.

– Não, mas pretendo ter filhos, com ela. – Sorri forçado.

– Para as duas perguntas? – Acácio franziu o nariz.

– Para as duas perguntas. – O encarei sério.

– Christopher... Você como um político está deixando passar muita coisa. Quantos anos estão juntos? Quatro? Cinco? É tempo demais. – Suspirou. – Você sabe que isso é mal visto diante toda a cidade...

– São quase cinco anos, mas acho que um casamento não mudaria muita coisa. – Falei em um tom bravo.

– Você sabe que em nossa cidade muda. – Soltou.

– Independente, podemos pensar nisso depois, preciso da sua resposta Acácio, preciso de você como meu vice. – Disse em um tom sério e rígido. 

– Terei o passe livre pra qualquer tipo de escolha então?– Falou se ajeitando na cadeira.

– Se topar estar ao meu lado, passe livre para quase tudo. – Cruzei meus braços na altura do peito e fitei a tela do meu notebook. – Tudo vai passar por mim, claro.

– Entendo. – O silêncio engoliu o ambiente por pelo menos dois minutos.

– E então? – Furei a quietude e Venturini mordeu o lábio inferior. – Vamos entrar para a história de Rio Velho juntos? Como a melhor chapa já existente?

– Acordo fechado! – Assenti sorrindo de forma discreta.

– Melissa, minha secretaria está de férias, quando ela voltar entrará em contato para passar nossa agenda, mas precisaremos marcar uma reunião antes disso por conta das nossas assessorias e partidos, precisaremos alinhar. – Venturini concordou rapidamente. – Vamos sincronizar nossas agendas, assim tudo fluíra melhor nas horas de marcarmos as reuniões e futuramente, as visitas aos comércios, casas e afins.

– Perfeito! – Acácio tentava constantemente tirar o sorriso do rosto. – Nos falamos em breve! 

– Com certeza! – Acenamos e eu desliguei.

Eu fiquei olhando para a tela do tablet por longos minutos, com a respiração pesada, eu não sentia o alívio que eu esperava, mas era uma sensação mais tranquila, me restava aguardar e analisar os meus próximos passos.

Peguei meu celular e liguei para Alfonso que atendeu no segundo toque.

– Me diz a verdade, você tava com seu celular na mão, não estava? – Falei debochado.

Talvez. – Poncho respondeu sem graça e eu ri. – Ok, o que Venturini respondeu? 

– Digamos que...

Eu estava certo?

– É. – Disse como se tivesse dado de ombros.

Eu realmente sou um gênio. – O ar de superioridade dominou a ligação.

– Não é pra tanto. – Revirei os olhos. – Mas vamos testar seus poderes de gênio.

Manda.

– Precisamos marcar nossas agendas assim que Melissa voltar, enquanto isso você precisa unificar minha agenda com a de Acácio, teremos a partir de hoje todas as reuniões juntas e a primeira delas é com o partido para que possamos oficializar tudo isso. – Suspirei.

Você não parece feliz... – Alfonso falou curioso.

– Eu estou, mas minha cabeça dói, são muitos pontos a serem pensados. – Esfreguei a mão nos cabelos.

Vou puxar novamente a capivara* do Venturini, talvez isso te deixe mais feliz ou arrependido. – Debochou. – Brincadeiras à parte, vou criar uma base e-mails e unificar as contas de vocês, politicamente, tudo que um enviar ou receber, o outro também vai saber. – Poncho disse de maneira tranquila.

– O que a gente permitir né? Porque um fato é, nenhum ser humano usa só um e-mail. – Falei o óbvio.

Digamos que temos uma ótima equipe de informática envolvida na sua campanha pequeno Christopher. – Debochou e eu revirei os olhos como se ele pudesse me ver.

– Obrigada. 

Estamos juntos nessa, mas não esqueça da reunião com sua equipe de marketing. – Alfonso me lembrou.

– Eu já tinha esquecido. – Franzi o nariz.

Não marquei uma reunião com a equipe de marketing político mais fodida do Brasil pra você esquecer. – Ele fez uma pausa. – O treinamento da sua equipe já começou, quando essa coisa de pandemia começar a regredir, eles vão mandar alguém da equipe deles para cuidar de tudo aqui para você. – Tinha tristeza na rua voz. – Então trate de entrar nessa reunião. – Falou entredentes.

– Sem problemas. Estarei presente. – Disse sem vontade.

– Até mais.

Antes que eu pudesse responder, Alfonso desligou e um suspiro demorado saiu de mim, encostei na cadeira e me ajeitei para que pudesse ficar mais confortável, um filme passou pela minha cabeça, toda minha história até chegar aqui. Um apito alto me tirou dos meus devaneios.

lux marketing is calling...


*Capivara: Gíria para a ficha criminal/passado de alguém.

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N-A: hello!

tô tentando terminar esse capítulo faz dias! mas as coisas aqui no trabalho estão malucas.

pelo menos deu certo e saibam que não esqueci de vocês!

comentem, votem e eu volto! (eu sempre volto)

beijinhossssssssssssss ;*


Nada Convencional: A DisputaOnde histórias criam vida. Descubra agora