PASSADO
— E então? Não vai me contar as novidades? — Fito os aspargos para não ver a expressão de Quentin. É tanta coisa para assimilar, que não quero parecer desesperada para entender tudo. Não quero parecer uma esponja pronta para sugar todas as informações sobre esses oito anos da sua vida.
— Que novidades?
— Ora, você partiu em uma missão heroica com as forças armadas. Deve ter muitas novidades.
— Não tenho. — É curto e seco.
— Ok, só sexo. Sem delongas.
— Você está sempre tentando me resumir a algo superficial. Não é só sexo.
Paro de cozinhar e enfim miro seu rosto.
— Não somos mais os mesmos, Quentin. Não há como ser algo especial se não soubermos nada um do outro.
— Me conta sobre você — ele pede, de olho para a faca, que passa rápido pelos legumes. Termino tudo calada e depois jogo os legumes picados em uma panela maior. No armário, pego dois pacotes de macarrão. Quentin espera pacientemente.
— Meu pai me ajudou com a clínica — digo. — Precisei de dois anos para pagar o empréstimo.
— Eu adorei o nome.
— Obrigada. Relutei no início, principalmente em voltar para cá, mas Nova Iorque não era para mim.
— Não depois de eu ter te deixado, não é? — O tom demostra pesar, mesmo que eu tenha certeza de que não se arrepende.
— Exatamente.
— A forma que eu fiz... Eu não queria que você abandonasse tudo por minha causa, porque eu não ia mais para a universidade. Eu só queria te empurrar para frente, e foi terrivelmente doloroso.
Em silêncio, observo seu rosto. Quentin parece sincero.
— Bom, tudo deu certo, e hoje o prédio é meu, e esse apartamento é quase meu. Eu amo o que faço e isso me salvou todos esses anos. — O olhar de Quentin está compenetrado, colidindo com a inquietação estampado no meu. Volto a fitar a panela.
— Que bom que seguiu seu sonho.
— Eu tinha vários, Quentin, e você levou a maioria deles.
— Eu não poderia te fazer feliz se não estivesse feliz. Realizado. Agora estou de volta. Sei que só minha presença não será suficiente...
— Não será. — Sou taxativa.
— Eu quero te fazer todas as promessas, Mad, mas antes demostrarei com ações e não só palavras. Preciso da sua confiança de volta.
Decido dar crédito e sorrio mirando seus olhos.
— Eu fico feliz que esteja empenhado nisso. Come páprica?
— Sim. Posso pegar os pratos?
— Estão daquele lado.
Enquanto comemos, conto a ele coisas bobas sobre a cidade. Sobre meus pais, sobre como os pais dele não me abandonaram e se tornaram mais próximos da minha família e sobre Marion, que não mora mais aqui.
— Então ela não é mais a pirralha mentirosa?
— Não. Marion odeia esse lugar, e espero que seja uma ótima médica onde ela escolher.
Quentin termina de comer calado e depois recosta na cadeira, me fitando por longos segundos e me deixando desconfortável.
— Eu vi amigos morrerem e ganhei muitos outros — enfim fala, olhando a taça de vinho. — E mais um monte de coisas que prefiro não te falar.
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(AMOSTRA) EU AINDA TE AMAREI AMANHÃ (único)
RomansaMadison vive seus dias atuais para odiar Quentin, capitão das forças armadas dos EUA. Quentin acaba de sair da prisão e é escolhido para chefiar uma missão suicida de resgate, onde uma das reféns é ninguém menos que Madison. Ele está ansioso para r...