Dias atuais
O barulho dos ferrolhos se abrindo e fechando ainda ocupa espaço considerável na minha memória e causa algo que parece raiva, apesar de ser gratidão e alívio que deveriam me possuir nesse momento. Enfim, livre. Livre para ter a minha vingança. Durante dois anos foi apenas isso que me manteve vivo e não me deixou desistir. Eu quero justiça. Por isso a raiva, e não a gratidão.
— Você vai prometer que não vai buscar vingança ou justiça — Major Ettore Zour me avisou quando me tirou da prisão, porque ele me conhece e sabe o que se passa em minha mente e coração. Zour foi o único a estender sua mão enquanto eu percorria as chamas do inferno. — Caso se meta em encrenca, eu serei o primeiro a te foder sem pena, porque eu quase tive que mamar o presidente para conseguir sua liberdade, está entendendo, McBride?
Zour não descansou enquanto lutava para me tirar da prisão, e não vou desapontá-lo. Apesar de ele saber que em algum momento eu terei minha vingança.
O major é um italiano de quase quarenta anos, tem um passado ruim e misterioso. É o típico hipócrita que fala de mim, mas sei que por dentro ele daria qualquer coisa para dar um belo e delicioso troco em quem quer que o tenha ferido.
Consigo banir essas lembranças que se atropelam com a realidade enquanto me encaro diante do espelho, após vestir o traje tático para combate. Pelo tempo em que estive preso, com minha patente suspensa, jamais imaginei que um dia pudesse novamente ter a honra de vestir o símbolo da minha pátria. Uma honra que aquece meu coração de maneira extasiante. Eu nasci para isso, para me doar de corpo e alma ao país na linha de frente de defesa. Dentre as coisas horríveis que me aconteceram, ser afastado da minha carreira foi a pior dor. Porque eu errei com Madison e sabia que deveria pagar. Mas com o exército, não. Eu não errei, fui injustiçado.
A roupa camuflada escura é quente e grossa. Geralmente, quando termina de vestir, o soldado tem uns trinta quilos só de tralha presa ao corpo.
O colete é feito de kevlar, uma fibra sintética capaz de deter impactos de uma 9mm. É o mesmo material do capacete que colocarei mais tarde. Uso duas meias em cada pé, uma bolsa com remédios de emergência, com direito a analgésico injetável, uma semiautomática Colt calibre 45, que acabo de verificar antes de acoplá-la no coldre, uma faca com lâmina de 20 cm, munições, cantil de água, kit limpa-arma e não menos importante, o bebêzão: um fuzil m-16 que certamente Zour vai deixar para me entregar quando chegarmos ao destino.
— Maledetto! Está colocando um vestido de noiva? — Zour bate na porta. — Se precisar de ajuda com a grinalda, basta avisar.
Puxo a porta e passo por ele, deixando que veja minha carranca. Seu sotaque italiano me irrita quando estou puto. Zour nasceu em Messina, região da Sicília, e veio em algum momento para os Estados Unidos; uma origem que ele odeia contar e que ainda é cercada de mistérios.
— Está lindão — debocha. — Quer tirar uma foto antes de ir?
— Vai se foder.
— Coloca isso. — Ele me entrega uma câmera para usar no corpo. — Os grandões vão assistir tudo que a gente fizer.
— Você vai usar? — indago, prendendo a câmera no colete. Zour apenas bate na dele, que já está instalada. — É uma pena, vai ter que se comportar e ficar sem sua carnificina costumeira.
— Não sei do que está falando. — Ele passa por mim, saindo da casa, e eu o acompanho fechando tudo logo em seguida. Meus pais estão lá fora. Rambo já dentro da caminhonete, vai passar esses dias com eles.
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(AMOSTRA) EU AINDA TE AMAREI AMANHÃ (único)
RomansaMadison vive seus dias atuais para odiar Quentin, capitão das forças armadas dos EUA. Quentin acaba de sair da prisão e é escolhido para chefiar uma missão suicida de resgate, onde uma das reféns é ninguém menos que Madison. Ele está ansioso para r...