A Torre da Astronomia H.P.

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Corri o mais rápido que consegui sem tropeçar nos meus pés.

-Lumos.- a minha varinha logo se acendeu.

Parei no meio do corredor percebendo algo. Eu não sabia onde ele estava! Como é que eu o iria encontrar?

O Mapa do Maroto!

Voltei rapidamente para o meu quarto, vasculhando o baú, encontrando o mapa. Peguei-o e voltei a sair.

Antes que conseguisse sair da Sala Comunal, uma cabeça ruiva apareceu.

-Harry, onde vais?- perguntou Ron, olhando para o mapa nas minhas mãos.

-Eu tenho de ir Ron.- respondi, tentando empurrá-lo para o lado, no entanto ele manteve-se firme.

-O que se passa?- continuou a insistir.

-Não se passa nada!

-Então, porque é que estás tão nervoso. Não me digas que vais encontrar com uma rapariga.- sorri malicioso.- É a Ginny?- questionou empolgado.

Quando eu a Ginny anunciamos que estávamos a namorar Ron delirou de felicidade, e eu acho que quando rompemos foi mais difícil para ele, do que para mim e para Ginny.

-Claro que não Ron. Eu já te disse que acabou tudo. Além que a Ginny prefere loiras.

-Loiras?

E antes que ele conseguisse pensar muito sobre o assunto fugi da sala, sabendo que ele não me seguiria.

A verdade é que Ginny e Luna ainda não namoravam, mas eu via os olhares que lançavam uma à outra, era impossível não existir nada ali.

Voltei à minha tarefa inicial e procurei Draco Malfoy no mapa. Encontrei-o a subir as escadas para a Torre da Astronomia.

Porque raios ele haveria de querer ir à Torre? Quer dizer, tem um bela vista de noite, mas é tão alta que me causa arrepios, mesmo eu jogando Quidditch.

Sem pensar muito, corri para o alcançar. Coloquei sobre mim a capa da invisibilidade que felizmente não me tinha esquecido.

Estava a meio das escadas em caracol, completamente esbafurido, quando oiço um choro.

Um choro que só tinha ouvido uma vez.

Na casa de banho da Murta.

Com a força redobrada, corri o mais depressa que consegui.

Assim que cheguei ao topo vi Draco pendurado na varanda que lá tinha, quase a cair.

Oh não, não, não.

Em apenas algumas passadas cheguei até ele, e tirei-o de lá puxando-o para o meio da sala. Tropeçamos e ele caiu sobre mim. Sentei-o no meu colo e abracei-o na tentativa de o acalmar e diminuir as lágrimas que escorriam pelo seu rosto. Ele tremia e agarrava-se a mim como se eu fosse a sua última salvação. Talvez eu fosse.

Olhei o seu braço, e reparei nos cortes que rasgavam a sua pele pálida.

Eu sabia a resposta, mas tinha de perguntar.

-Quem é que te fez isto?- sussurrei numa voz doce, tentando não o assustar.

-Eu, fui eu que fiz.

Um minuto de silêncio se seguiu.

-Vai-te embora Potter.

-Não.- nem pensar que deixaria Draco sozinho naquele estado.

-Por favor Harry.

Admirei. Acho que era a primeira vez que ouvia Draco a dizer por favor, e foi logo para me pedir que fosse embora, que o deixasse matar-se.

Afastei esses pensamentos da minha mente, não tinha tempo para aquilo.

-Anda Draco.

Obriguei-o a levantar, apesar da resistência que ele apresentou. Logo estava apoiado ao meu lado, o meu braço ao redor da sua cintura. Passei a capa sobre nós e levei-o para o quarto o mais silenciosamente que consegui.

Chegando ao quarto, deitei-o na sua cama, cobrindo com as mantas. Naquele ponto, ele já estava a dormir. Deixei-o e fui para a minha cama.

...

Na manhã seguinte, acordei bem cedo, com a intenção de conseguir falar com ele antes de fugir, como sempre.

Dito e feito, ainda dormia quando me dirigi para a casa de banho, afim de fazer as minhas higienes matinais.

Antes, porém, detive-me a olhar Draco. Os seus cabelos estavam espalhados pela almofada e eram iluminados pela luz do sol que entrava por uma janela aberta por cima dele. Os seus olhos estavam fechados e respirava de maneira calma. Assim, parecia um anjo.

Parei de o admirar, apercebendo-me de como aquilo era estranho. O que raio eu estava a fazer? A admirar o meu "inimigo"?

Parecendo saber que o estava a admirar, ele acordou. Os seus olhos tempestuosos logo encontraram os meus.

-Bom dia.- saudei.

-Oi.- respondeu, sentando-se e mantendo os olhos fixos nas mãos que brincavam no seu colo.

-Acho que temos algo para falar.- disse, chegando perto dele. Sentei-me na beira da cama.

-Temos mesmo?

-Draco, eu sei que algo se passa. Não fiz perguntas naquele dia em que te curei os cortes, e apesar do que parece, eu não sou burro ou cego. E agora isto? Draco, tu tentaste suicídio. Por favor, deixa-me ajudar-te. Conta-me o que se passa.- pedi, agarrando-lhe a mão.

-Eu acho que já falei tudo que tinha a falar na carta.- sussurrou, admirando as nossas mãos unidas, com uma expressão surpresa.

-Tens sido muito forte.- disse, passando-lhe o meu dedo de leve nas cicatrizes que ele exibia por cima da Marca Negra.

-Forte? Eu sou o sinónimo de fraqueza!

-Não. Tu tens sido muito forte para aguentar tudo isto! Aguentaste o fardo de ser um Devorador, apesar de tu não o quereres. Aguentaste o fardo de ouvir as críticas de todos, fossem alunos, ou pessoas aleatórias na rua, apesar deles não saberem nada sobre ti. Aguentaste tanto tempo em Azkaban, apesar de todos lá te querem morto. Tu és um guerreiro, e estas cicatrizes são a marca da tua força.

Lágrimas brilhavam no canto dos seus olhos.

-Eu não quero que tu me vejas como eu me vejo Harry.

-Eu já te disse como eu te vejo, eu não mudo nenhuma palavra.

Levantou o olhar, esperança e dúvida estavam presentes.

Sem que eu esperasse, os seus braços rodearam o meu pescoço. Logo retribui, passando os meus pela sua cintura.

-Obrigado. Por acreditares em mim.

Permanecemos mais algum tempo, presos naquele calor confortável, até termos de ir para as aulas.

Amor É Mais Que Uma Palavra De 4 LetrasOnde histórias criam vida. Descubra agora