Desculpa D.M./H.P.

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P.O.V. Draco Malfoy

Não vou dizer que não achei surpreendente o facto de que Harry achava-me forte. Sempre me vi o sinal de fraqueza. Muito fraco para enfrentar os meus pais, muito fraco para mudar os meus ideias, fraco, fraco e fraco. No entanto, ele mostrou-me que eu era diferente, que eu podia ser diferente, e eu não o iria desiludir. Então, decidi fazer algo que já devia ter feito à muito tempo.

-Harry, tive uma ideia.- disse, enquanto lia um livro deitado na minha cama. Ele estudava na mesa do outro lado do quarto. Parou o que estava a fazer e virou a cabeça na minha direção.

-O que vossa inteligência pensou dessa vez?- provocou. Como pessoa madura que sou mostrei-lhe a língua.

-Bom, eu já me desculpei contigo, no entanto, os teus amigos ainda não receberam uma desculpa minha. Eles foram os que mais sofreram com as minhas palavras e ações e acho justo dizer como lamento.

-Acho muito boa ideia, e esse incentivo mostra como tu evoluiste.

-Aprendi que para evoluir é preciso estar rodeado de pessoas que ajudem essa evolução a acontecer.

Ambos trocamos um sorriso, cheio de significado.

...

Eu e o moreno saímos durante  a tarde, depois do período letivo, para o jardim. Fomos para perto de uma árvore, estendemos uma manta e sentámos-nos à espera de Granger e Weasley.

-Oi.- cumprimentou a morena, sentando-se de frente para mim. O ruivo sentou-se à frente de Harry.

-Olá.- disse Weasley.

Respirei fundo, antes de ter coragem para começar a falar:

-Quero pedir-vos desculpa por tudo. Weasley, quero pedir-te desculpa por chamar-te de todos os nomes degradantes que existem, de dizer que a tua família era traidora e chamar-te de pobre. Claramente tu és muito mais rico que eu em questões morais. Granger, quero pedir-te desculpa por te ter chamado... sangue de lama. Nunca deveria ter dito que eras menos bruxa apenas por teres nascido numa família trouxa. Aliás, deixaste bem claro que eras bem melhor que eu, na grande parte das matérias.

Um silêncio constrangedor instaurou-se até que Granger pronunciou-se:

-Nós perdoamos-te.

-A sério? Como vocês conseguem esquecer tudo que eu vos fiz? Nem eu me consegui perdoar ainda!- seria bem mais fácil se eles simplesmente dissessem que não me perdoavam.

-Malfoy, nós não nos esquecemos. Apenas entendemos e queremos deixar o passado no passado. Queremos dar-te uma segunda oportunidade, todos nós a merecemos. Porém, só terás paz na tua vida quando perdoares os teus erros e as decepções do passado. Errar é humano, mas perdoar também. O nosso perdão já o tens, agora tenta encontrar o teu.

Levantou-se, arrastando o ruivo atrás de si que não tinha dito uma palavra durante o nosso encontro.

-Também te perdoou Malfoy. Ainda não tens a minha confiança ou amizade, mas quem sabe no futuro.- falou, antes de voltar para a escola com a morena.

-Correu bem melhor do que o que eu esperava.

-Eu disse-te que eles iriam perdoar-te.- Harry respondeu, pegando a minha mão para me ajudar a levantar. A manta logo estava dobrada e caminhávamos em direção à escola.

Fiquei a pensar nas últimas palavras de Granger. Tenta encontrar o teu perdão. Mas como é que eu conseguiria fazer isso? Eu fiz atrocidades horríveis contra demasiadas pessoas, tudo por uma ideologia de inferioridade, como se eu estivesse no topo do mundo. Como eu estava enganado. Eu era o mais inferior deles todos.

-O que tanto pensas?- Harry perguntou.

-Penso em como quase me parece injusto eles terem aceitado as minhas desculpas tão facilmente.

-Draco.- suspirou.- Tens de começar a perceber que nós te perdoamos. Não é a primeira vez que perdoamos alguém que parecia que não merecia o nosso perdão. Porém acredita em mim, teres dado o passo de querer o perdão dos outros, sem pensar que talvez isso te mostrasse como alguém fraco, ou simplesmente não quereres saber o que dizes. Olha o discurso que deste a Hermione e a Ron. Tu disseste que eles eram melhores que tu em algo, uma coisa que tu nem morto farias antes! Tu evoluiste, tu aprendeste, e agora tens de te perdoar.

E saiu para longe, deixando-me parado no meio do corredor sem reação.

P.O.V. Harry Potter

Fui ter com Hermione que me esperava na biblioteca.

-Então, descobriste algo?- questionei, mal cheguei perto dela.

-Ainda não, mas com as poucas informações que tu me deste também é difícil.

Falei com Hermione sobre a cena estranha que me tinha acontecido na casa de banho, quando ataquei Draco e nada aconteceu. Estranhamente, ela não conseguiu saber de nada, os livros faltaram-lhe.

-Não te preocupes, eu irei descobrir. Mas antes, como te estás a dar com Malfoy.

-Estamos a dar-nos bem, eu acho.

-Harry, sei que provavelmente a professora Minerva já te disse isto, mas ajuda-o. Pelo menos, por agora. Eu notei a dificuldade que ele teve em pedir desculpa, e não foi a questão do desculpa em si, foi por ele acreditar genuinamente que não merecia o perdão, então o que ele estava a dizer não valia de nada.

-Eu entendo. Eu tento dizer-lhe que todos merecemos uma segunda oportunidade, mas ele acha que isso se estende a todos menos a ele. Além que a opinião e os olhares atravessados que os outros lhe mandam, realmente o deitam abaixo. Às vezes acho que o complexo de inferioridade que ele tem agora é pior do que o complexo de superioridade de antigamente. Pelo menos antes ele não andava por aí, parecendo uma barata tonta.

-Porque não damos um empurrãozinho aí? Eu tenho conversado bastante com Pansy e por incrível que pareça demos-nos muito bem! Ela é super divertida, bem humorada,... e Ron diz que o Blaise também é suportável, o que no caso dele é muito. Então podíamos convidar os 3 a virem connosco na próxima visita a Hogsmeade, vai ser divertido!

-Tens razão Mione! És um génio. Vou convidá-lo. Adeus.

-Adeus.

Era uma boa ideia. Talvez se ele tivesse com os seus amigos ele se soltasse mais e mostrasse mais da sua verdadeira faceta, e talvez percebesse que não é assim tão mau como ele pensa, ou  como todos os outros ao seu redor pensam.

Amor É Mais Que Uma Palavra De 4 LetrasOnde histórias criam vida. Descubra agora