Louis.

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Belgravia, 23 de Dezembro, 2047.

Louis estava lendo seu livro favorito novamente, "Fadas sem asas.", era um lindo romance, e talvez o pequeno gostasse bastante de romance.

Ele olhou para o relógio que tinha em seu quarto, ainda era onze da noite, talvez ele fosse dormir agora, ou talvez ele esperaria mais um pouco, só para receber os parabéns de seus pais.

O pequeno fechou o livro, e o colocou de volta na estante, ele tinha o hábito de ler desde cedo, influência de sua mãe, que era uma escritora.

Louis deitou-se em sua cama, mas ele com certeza não iria dormir agora, estava completamente sem sono, talvez fosse pela ansiedade pelo próximo dia. Ele fechou seus olhos, e começou a imaginar sobre qual cor sua asa teria.

Provavelmente verde, já que existia uma história de que, a cor de suas asas, são suas cores favoritas, ele não tinha realmente certeza se aquilo era verdade, mas ele iria comprovar no próximo dia.

Onze e meia, o seus olhinhos estavam fechando lentamente, tão lentamente que ele logo pegou no sono. Alguns minutos depois sua mãe entrou no quarto, e o deu um beijo na testa, o desejando feliz aniversário e bons sonhos.

Ela sabia que ele não teria asas, ela sentia.

*

Louis acordou totalmente sorridente, nada poderia estragar o dia dele, ele abriu as cortinas e sentiu o sol sobre o seu rosto, um belo dia de sol para ele sair pela rua exibindo sua asa verde, pensou ele.

E nada poderia doer mais, do que olhar no espelho, e perceber que na verdade, suas asas não estavam ali, Louis queria se trancar no quarto para sempre.

Ele não entendia o porquê do universo não ter o dado um simples par de asas, não fazia sentido algum, sua mãe e seu pai tinham asas, então por que ele não?

Cada parte de seu coração doía, ele não queria ser uma fada sem asas, ele sabia o quanto as fadas sem asas eram rejeitadas por todos, ele não queria sofrer bullying apenas por um erro do universo, ele queria suas asas. Suas asas verdes!

Louis estava sentado no chão a alguns minutos, chorando em silêncio, ele não queria acordar seus pais, ele nem ao menos queria sair de seu quarto.

Mas, nem tudo era como ele queria, uma batida foi ouvida em sua porta, ele sabia que era sua mãe, eles tinham uma batida secreta, e no fundo ele sentia que ela sabia.

Ele não teve forças para se levantar e abrir a porta, muito menos para pedir para ela entrar. Mas, ela o fez mesmo assim, e uma lágrima saiu de seus olhos logo que viu seu garotinho sentado no chão, com suas bochechas vermelhas e molhadas.

Ela sentou-se junto à ele no chão, o puxando rapidamente para um abraço, ela queria que ele soubesse que estava tudo bem, estava tudo bem ele não ter um par de asas.

– Não chore, amor, está tudo bem. – ela olhou para o rosto dele, logo secando suas lágrimas, aquilo partia o coração dela, ela sabia o quão importante era ter asas para ele.

Ela fechou suas asas, e segurou a mão do pequeno, e logo ambos se levantaram daquele chão, ela então o guiou até a cama do menino.

– Por que o universo fez isso comigo? – perguntou ele, sua voz saiu chorosa, e o coração de Jay se quebrava.

– Lou, peço que você escute muito bem o que eu tenho para falar, tudo bem? – o garoto concordou com a cabeça. – Está tudo bem não ter asas, isso não significa que você é inferior a alguém.

– Mas eu não quero ser diferente. – e outra vez ele estava chorando, sua mãe então o puxou para um abraço.

– Sabe, Lou, antigamente não existia esse problema, todos sempre amaram e respeitaram aqueles que não tinham asas, porque era diferente, porque o diferente é lindo. – contou a mulher. – Eu sei que as coisas mudaram desde então, mas, as pessoas preferem julgar o diferente, só porque não teriam coragens suficiente para lidar com isso.

– Mamãe, eu também não tenho coragem. – comentou o garotinho passando a mão pela bochecha.

– Claro que tem, amor, você é o mais corajoso de todos. – e um pequeno sorriso surgiu no rosto do garotinho de olhos azulados.

My Fairy | l.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora