05 - Apenas mais uma de suas mentiras

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Christopher levara Maite para o tal jantar que tinha reservado. Por isso, Dulce, Taylor e Leighton passaram novamente a noite com Guilherme e Lucas. Dulce não podia entender como Christopher e a ex-mulher (cujo nome ela não se lembrava) tratavam as crianças com tamanha indiferença; eles eram uns amores. O mais velho podia ser um pouco amargo, assim como o mais novo exalava carência, mas ambos os comportamentos só podiam ser atribuídos a forma como eram tratados.

Perdidas entre brincadeiras, comidas industriais e altamente calóricas, e pensamentos que não deviam ou podiam ser externados, as três ainda estavam esparramadas pela sala com os dois meninos, muitos cobertores, travesseiros e um baldes de pipoca, quando Maite apareceu para se juntar.

– Já em casa? – surpreendeu-se Leighton.

– É, Christopher teve uma emergência e...

– Uma emergência? – cortou Taylor, sem sequer disfarçar a incredulidade na inocência da patroa.

– Bem, ele não disse isso, é claro, mas recebeu um telefonema e ficou tenso... diferente, entendem? Então eu perguntei o que era e ele disse que eram coisas da empresa, e eu disse que se era uma emergência ele podia ir, eu não ficaria magoada. Ele me agradeceu, pedimos a conta e ele me trouxe para casa.

– Maite, acorda! – Leighton revirou os olhos, jogando o cobertor para longe e levantando-se irritada. – E garotos, para o quarto. Agora.

– Mas tia...

– Sem mais, Lucas!

– Mas...

– Imediatamente. – falou separando cada sílaba e os dois se entreolharam.

Lucas fez beicinho, querendo ficara para participar da conversa e terminar o filme, mas Guilherme olhava irritado para a tia. Quando deu de ombros e desviou o olhar para o irmão mais novo, sua voz era amargurada mais uma vez.

– Vamos logo, pirralho, sabemos o que elas vão falar mesmo. Elas sempre estão falando mal dos nossos pais e hoje não vai ser diferente.

Ele subiu rapidamente e o irmão caçula foi atrás dele, um pouco surpreso. Ninguém além de Dulce pareceu prestar muita atenção nisso, pois o foco era outro.

– Agora sim: – Leighton deu um sorrisinho sarcástico. – Acorda Maite! O que você acha que meu irmão é? Médicos têm emergências. Talvez pessoas de outros setores tenham emergências. Talvez o nosso pai, mas não o Christopher! Perdoe-me, mas sua ingenuidade às vezes beira à burrice!

– Ele estava realmente preocupado, Leigthon.

– Não com algo que valesse à pena. Eu juro que não entendo porque você se faz de cega quando todos sabem da verdade. E você sabe que também sabe. O que me intriga é o porquê de fingir não ver. Você não precisa dele, então porque está com ele?

– O que quer dizer? Que verdade?

– Chega. – ela fechou os olhos e soltou o ar pesadamente pela boca, abrindo um sorriso em seguida. – Se você quer continuar moldando a realidade e enxergando apenas o que te interessa, o problema é seu. Mas nunca diga que eu não te avisei, ok? – Leighton cuspiu as palavras com acidez e virou-se para sair.

Maite virou-se na outra direção para subir para o seu quarto e Dulce quase teve certeza de poder visualizar lágrimas se formando em seus olhos.

– Eu vou atrás da Leigthon antes que ela rastreie e mate o irmão dela. – suspirou Taylor para a colega antes de partir como se já houvesse feito isso milhares de vezes antes.

Dulce não sabia se devia chamar os meninos e terminarem de ver o filme, o que talvez fosse bom para eles; ou se ficava ali apenas esperando Taylor voltar e sem se meter em nada, o que era mais seguro; ou se ia atrás de Maite para falar... Mas falar o quê? Como poderia acalmá-la e dizer que Leighton estava errada quando ela própria tinha suas suspeitas de que tudo o que diziam sobre a fama de Christopher Uckermann era verdade? Ainda assim, por algum motivo, ela decidiu ir até a patroa, batendo levemente na porta do quarto.

O Vórtice (Vivendo entre os Uckermann #1)Onde histórias criam vida. Descubra agora