"Já está tarde.", era o pensamento que martelava na mente da ruiva, enquanto ela olhava nervosamente pela janela do carro, ainda preso entre o congestionamento. "Essas coisas sempre acontecem. Maldito Murphy e suas leis idiotas!"
A agonia de Dulce Herrera se devia ao fato de que aquele era o seu primeiro dia de trabalho na casa de Christopher Uckermann, o herdeiro de uma das grifes mais famosas do país.
E ela estava atrasada, é claro.
Mas, pelo menos, o patrão mandara seu motorista particular buscá-la na rodoviária, então saberia que o atraso não fora culpa dela. Tal pensamento, porém, não a acalmou muito. Fosse como fosse, ainda estava ansiosa por causa do emprego. Soltando o ar pesadamente, ela escorregou um pouco no banco de trás do carro e observou pela janela o céu nublado, que não parecia disposto a mandar sequer um raio de sol para animá-la. Se perdesse um emprego como aquele, quanto demoraria até encontrar outro? Já fora uma sorte e tanto conseguir este e dificilmente acharia outro serviço que pagasse igualmente bem, especialmente em pouco tempo. Seu irmão, Poncho, precisava daquele dinheiro. E sua mãe, desempregada e com pouquíssimas chances de conseguir outro emprego devido à idade avançada, não poderia mais arcar com as finanças que a doença do filho mais novo vinha trazendo. E mesmo que não fosse indicado sair de perto da família em um momento tão delicado, alguém precisava cuidar das dívidas da casa.
É verdade que havia sido contratada apenas para o posto de empregada, mas era quase o equivalente a trabalhar para alguma celebridade. E, de alguma forma, talvez fosse exatamente isso. Além do mais, Dulce ainda teria um quarto no luxuoso apartamento que Christopher dividia com sua noiva, o que significava que ela não precisaria se preocupar muito com gastos extras. Seu salário – maior do que de muitas pessoas em cargos melhores – poderia ir inteiramente para ajudar sua família, no interior de São Paulo.
Apenas quando os imponentes portões brancos do número 29 se abriram, foi que Dulce percebeu que haviam chegado. Imediatamente passou a mão pelos cabelos, numa tentativa nervosa de se ajeitar, como se apenas estar ali exigisse uma postura mais ereta e um look impecável.
O motorista a deixou na entrada principal e desceu para a garagem, para estacionar o carro. Parada ali, ela admirou novamente a imponência do edifício. Subiu então os degraus que a levavam ao amplo saguão da portaria.
– Boa tarde, senhorita. – o porteiro lhe sorriu. – Qual andar?
– Ãhn... – ela hesitou, confusa e um pouco envergonhada por não lembrar. – Sou a nova empregada do sr. Christopher Uckermann.
– Vou anunciá-la, aguarde um instante, por favor. – o homem virou para interfonar para o apartamento, e Dulce virou-se de costas para o balcão enquanto isso, deixando-se maravilhar mais um pouco com a vista.
Se por fora o prédio já parecia luxoso, seu interior apenas confirmava isso. A luz era amarelada e suave, a porta larga tinha vidros espelhados que ajudavam a restringir a luz exterior, mas ainda permitia a belíssima vista do calçadão e da praia, logo do outro lado da rua. O chão era de mármore mesclado, assim como a escada de degraus largos que levava ao mezanino. Os móveis do ambiente contrastavam em cores mais escuras, com detalhes dourados. Colunas de estilo grego e um lustre de cristal que pendia do meio do teto também integravam e completavam a decoração.
Em resumo, aquilo era exatamente como Dulce imaginava que o hotel cinco estrelas se parecesse. Era como se tivesse entrado em um sonho. Porque ela não pertencia àquele mundo, e isso a assustava.
– Pode subir, senhorita. – a voz do porteiro acordou Dulce de seus devaneios. – Vigésimo primeiro andar, a cobertura.
Dulce apenas sorriu em agradecimento, nervosa demais para responder. Caminhou até o elevador e respirou fundo enquanto as portas se fechavam. Não era momento para deixar seus nervos levarem a melhor. Entre diversas candidatas, ela fora a escolhida, então deveria estar à altura, não é? Realmente deveria. Sabia perfeitamente que se falhasse, logo arrumariam outra garota que daria qualquer coisa para estar ali. Haviam muitas candidatas que com certeza eram mais pertencentes àquele cenário e àquela vida.
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O Vórtice (Vivendo entre os Uckermann #1)
FanfictionATENÇÃO: Esta é a versão fanfic, escrita em 2012. A edição está obsoleta e não representa, necessariamente, os atuais pensamentos e opiniões da autora. Para ler a edição mais recente, cheque o link do perfil. Conheça Christopher Uckermann: Jovem...