04 - Ela tem um alvo pintado nas costas

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    "Estou totalmente, absolutamente, inevitavelmente e simplesmente ferrada!" – Dulce pensava nervosamente, enquanto roía as unhas e andava de um lado para o outro do quarto.

    O que, afinal, acabara de acontecer? Maite era louca? Ou simplesmente sabia que Dulce não representava perigo? Mas porque ela arriscaria de qualquer maneira, se sabia da fama que o noivo carregava? O que Taylor falaria na manhã seguinte? Ela com certeza iria surtar... E com toda a razão! Dulce não podia, simplesmente não podia, ir para uma casa afastada com Christopher Uckermann.

    "Não seja tão babaca, Dul! Taylor e Leighton estarão lá também." – Ela sentou-se na cama, tentando se acalmar, mas suas pernas ainda balançavam freneticamente em sinal de nervosismo.

    Mas não era momento para desespero. Ainda faltava uma semana e meia para a tal festa. Ainda dava tempo de arrumar um plano, fugir daquela casa, ou enlouquecer totalmente. Agora, porém, ela precisava sair daquele quarto e lavar os pratos. Era para isso que era paga, não para ficar devaneando sobre o patrão e as possíveis investidas que ele poderia tentar.

    Ao abrir a torneira, Dulce concluiu que estava beirando a insanidade, pois a sensação da água, a simples ocupação de lavar louça a fazia se sentir mais calma. De alguma forma, ela se prendia a isso para não pensar no resto. E com sua concentração exagerada, quase deixou a caríssima louça se espatifar no chão quando ouviu a voz de Christopher tão próxima:

    – Quanta dedicação... – analisou, a poucos centímetros de distância dela, e depois riu do susto que causou na empregada. – Nunca vi ninguém se concentrar tanto para lavar um prato, você realmente deve ser boa.

    – O senhor precisa de alguma coisa? – cortou, fingindo não ter percebido o destaque dado às últimas três palavras.

    – Quantas vezes vou ter que te pedir para não me chamar de senhor? Não sou tão mais velho que você, sou?

    – Suponho que não.

    – Então pronto, não tem porque não termos uma relação mais próxima.

    – Christopher... – ela ia virar-se para encará-lo, mas ele encurralou-a contra a pia, grudando seus corpos.

    – Eu sempre digo que se aproximar dos empregados é fundamental... – ele sussurrou, seus lábios roçando na orelha dela.

    – Não! – ela virou-se depressa e acabou molhando-o e fazendo-o se afastar.

Os dois se calaram, observando a roupa molhada dele, e quando ele subiu o olhar, apenas sorriu como se concluísse algo. Levantou as mãos, como em sinal de rendição.

    – Foi a Taylor, não foi?

    – O que tem ela?

    – Ela encheu a sua cabeça contra mim, é claro.

    – Ela não...

    – Por favor, não negue, Dulce. Você mesma viu como ela fala comigo. E você também viu como eu a trato, não viu? Eu estou apenas brincando com você, quebrando o gelo. Como eu disse quando entrei, você estava muito séria. Ninguém precisa de tanta concentração para lavar a louça. Eu só estava tentando fazê-la se sentir mais em casa, sabe... Ou vai me dizer que a Taylor lhe disse que ela é uma das minhas supostas amantes?

    – Não. – ela sentiu seu rosto esquentar, sem saber se ele falava a verdade. – Ela deixou claro que vocês são como família.

    – Exato. E incesto não é muito a minha praia. – ele sorriu. – Vamos, me dê um sorrisinho, pelo menos?

O Vórtice (Vivendo entre os Uckermann #1)Onde histórias criam vida. Descubra agora