Anita me observa com curiosidade, anota algo a mais em sua caderneta e parece estar pensando com cuidado no que vai me perguntar em seguida.
— Então, vocês vieram mesmo de famílias rivais? — ela diz, finalmente, mas com um tom difícil de decifrar.
— Há muitas mentiras nas histórias que foram contadas ano após ano — falo sem pressa —, mas essa não é uma delas, Anita. A família Capuleto não era próxima da família Hood e, se existia alguma briga prévia entre eles, isso só foi intensificado depois que Becca e eu nos apaixonamos. Ninguém falava sobre isso, eu mesmo não sabia nada disso antes de tudo acontecer...
Ela fica em silêncio por um instante e sinto o seu tom de voz mudar quando ela volta a me encarar com a próxima pergunta entre os dentes.
— Você se arrependeu? — ela diz, mais baixo, como se estivesse querendo saber de um segredo.
— Não — digo firme —, eu sei que disse que naquela época eu teria me arrependido, mas hoje, vendo o panorama geral, eu teria feito tudo de novo, do mesmo jeito.
Anita abre a boca e fecha, hesitando mais uma vez. Eu sei o que ela vai perguntar, é o que todo mundo pergunta.
— Então, o senhor não se arrepende de ter colaborado com a morte dela? — ela questiona, de uma vez.
Dou um sorriso atravessado com essa informação totalmente equivocada, pensando em como ela está sendo previsível em cada pergunta que faz. Não respondo, ao invés disso volto a contar a história de onde parei.
"Ernest Capuleto olhava sério para Rebecca, que o encarava com uma rebeldia juvenil, uma rebeldia de primeiro amor. Eu engoli seco, sentindo a tensão se acumular, e a sala foi ficando pequena demais pra nós três.
— Basta! — ele exclamou em um tom forte, um tom que manda. — Você não vai falar dessa forma comigo, Rebecca.
Ela sustentou o olhar com certo desdém e isso estava começando a me preocupar. Ernest se virou novamente pra mim.
— Já passou da hora de você ir embora, garoto — disse, grave —, vou dar um minuto pra vocês se despedirem e depois acabou. Estamos entendidos?
Concordei com a cabeça, mas ele não se moveu. Não sei que parte de mim realmente acreditou que ele ia deixar nós dois termos um momento a sós antes da despedida. Becca se aproximou de mim e me envolveu em um abraço carinhoso, colocando a cabeça no ângulo do meu pescoço e passando uma das mãos pelo meu cabelo.
Fiquei chateado com toda essa restrição sobre o nosso relacionamento, mas a outra parte de mim acreditava que poderíamos dar um jeito nisso. Como se ela estivesse lendo a minha mente, ouvi um sussurro.
— Vá até a cabana, você consegue me encontrar lá depois que sair daqui? — Becca perguntou, mas não esperou uma resposta. — Não sei quanto tempo vou levar pra chegar, mas me espere, vamos dar um jeito de ficar juntos...
Ela se separou do abraço e eu senti meus olhos ficarem um pouco marejados também. Era injusto uma proibição só porque nossos pais não se dão bem. Era cruel não deixar que fossemos felizes só porque eles se detestavam.
— Agora já chega — Ernest Capuleto me encarou com seus olhos cruéis e fiquei com um pouco de medo —, está na hora de você voltar para o lugar de onde nunca deveria ter saído, Hood.
Ele segurou o meu braço com certa brutalidade, mas não me apertou. Becca ficou sozinha na sala, enquanto Ernest me levava por um outro corredor que deveria dar para os fundos da casa. Era óbvio que ele não iria interromper a festa e dar a todos os convidados motivos para comentar a minha presença.
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halloween na rua baker | cth
ФанфикAnita Casatti é uma jovem jornalista que foi convidada para ir à mansão dos Hood ouvir a verdade sobre a maior história de Halloween de Laguna Beach. O mistério por trás do que aconteceu com Rebecca Capuleto está pronto para ser desvendado, depois d...