a verdade sobre nós dois

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O silêncio foi preenchido com mais um trovão do lado de fora. Ashton me deu um sorriso e pude ver a esperança nos olhos de Anita brilhar novamente. Essa era a verdade sobre mim e sobre Rebecca Capuleto. Eu realmente não sabia onde ela estava quando fui interrogado, não menti em nenhum momento, mas nunca pude contar a verdade.

Anita me encarava esperando uma resposta, uma continuação.

Como eu estava contando, senhorita Casatti, eu não sabia onde Becca estava naquele momento — completo rapidamente e me inclino pra pegar mais uma bolachinha de leite. — Mas tinha alguém que sabia...

Os olhos dela se arregalaram um pouco em surpresa e consigo ouvir as engrenagens da mente dela tentando encontrar os furos na história que lhe contei.

Se alguém sabia onde ela estava, isso significa que Rebecca Capuleto não morreu na noite de Halloween? — ela pergunta com certo receio.

Balanço a cabeça, concordando, e Anita leva uma das mãos à boca.

O último pedido dela em vida foi que eu contasse, finalmente, a verdade sobre nós dois...


"Depois do interrogatório, quando chegamos em casa, eu me sentia sem energia. Li todos os jornais e todas as manchetes a respeito do desaparecimento de Becca. Nada fazia sentido e, ao mesmo tempo, a ideia de que ela tinha morrido começava a surgir como uma possibilidade e era o que me assustava ainda mais.

Depois disso, a nossa casa se tornou um silêncio, como se ninguém quisesse conversar de fato. Meu pai continuou indo até o seu escritório, trabalhar como todos os outros dias. Henry continuou cuidando da casa e de todos nós. Ashton era o que mais saía, já que tinha ficado responsável por resolver as coisas da casa no centro da cidade.

A história do Halloween na Rua Baker a cada dia ganhava proporções maiores e o repúdio à nossa família aumentava. Nós estávamos aguentando firme, mas depois de duas semanas, durante o café da manhã, Ashton teve uma ideia que parecia ser a resolução de todos os nossos problemas.

Por que você não se muda de Laguna Beach? — ele disse, dando de ombros. — Foda-se o que estão falando de você aqui, não podemos ficar reféns de uma história inventada pelo Ernest...

Mas se eu sair daqui, vou dar mais motivos para colocarem a culpa em mim, Ashton — falo, sem muito ânimo. — Isso não vai trazer ela de volta...

Estando aqui, ou não, a culpa sempre será sua — ele me encarou com uma expressão diferente dessa vez, que eu não entendi. — Até que alguém possa contar a outra versão da história.

Ergui uma sobrancelha pra ele, que outra versão da história?

Arrume as malas, já passou da hora de ser feliz, Calum  — Ashton disse e se levantou da mesa, dando alguns tapinhas suaves nas costas do meu pai.

Ele tem razão filho, já chega disso tudo — meu pai falou com tranquilidade, embora eu conseguisse sentir o medo dele por trás de todas as ameaças que Ernest nos fazia todos os dias. — Alguns meses fora daqui vão lhe fazer bem..."


Eu não estou entendendo onde o senhor quer chegar com isso, Calum, nada disso faz sentido — Anita balança a cabeça em negação. — Se alguém realmente sabia onde Becca estava, por que o senhor se mudou? E, pior ainda, por que meses depois se casou com outra mulher? Que parte da história de amor verdadeiro o senhor quer que eu acredite?

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