Flawless - L.S

Twinkle Twinkle Little Star

Eu olho no calendário marcado em caneta vermelha.

- Meu cio não tá assim tão longe. Talvez mês que vem.

- Hum... E eu vou cuidar de você.

- Sei não, Lou. Eu tenho medo de te machucar sem querer.

- Não tem como você me "machucar sem querer" - Ele fala em tom de deboche - Ou você quer ou não.

- Eu não quero, óbvio. Mas eu fico mais forte. E agressivo, e possessivo... Posso te apertar muito forte, ou te morder muito forte...

- Isso você já faz naturalmente. Próximo?

Olho pra ele, sentadinho de pernas de índio na cama. Me aproximo, e arrumo seu cabelo com a escova que eu mantinha entre as pernas e que antes penteava os meus cabelos.

- Eu tomo remédios pra controlar o cio, de qualquer forma. Talvez eu nem sinta nada - Beijo sua bochecha - Já pensou quando tivermos cio juntos? Quando eu engravidar você... - Deslizo o indicador desde debaixo do seu umbigo até seu estômago com pressão, e ele engole em seco.

- Você quer me engravidar?

- Você ficaria lindo cheio dos meus filhotes. Já consigo até imaginar.

Só de pensar nisso sinto um calor diferente. Lhe dou um beijo demorado na barriga.

- Eu vou ficar feio e inchado.

- Shh, para de besteira. Vai continuar lindo, só vai ter que lidar comigo te mordendo toda hora - Selo seus lábios - Mas tá longe ainda. A menos que você tenha seu cio até o dia do meu. Aí você vai engravidar no seu primeiro cio - Respondo, agora de costas, pegando roupas no armário.

- Não quero ficar grávido agora - Ele diz com um bico nos lábios, alisando sua barriga em círculos.

- Ainda bem que quem decide isso sou eu - Respondo e ele suspira, e continua massageando a barriguinha murcha. Expira alto, e cai pro lado, cheirando meu travesseiro, mas com uma feição triste.

- Eu só quis dizer que quero curtir você antes disso... E que acho que ainda sou novo, e não estou pronto - Eu o olho feio, e ele arregala os olhos e engole em seco - M-Mas eu ficaria feliz se você decidisse que... Vai me engravidar.

Sorrio e passo por ele, que agora tá de costas pra mim, e bato na sua bunda. Ele tem um reflexo, e leva a mão pra ela. Deve ter ardido. Enfim, me visto enquanto ele arruma a cama, pensativo e quieto.

- Você tá quietinho, hum?

- Não... Só pensando. E com dor no corpo. Devo ter dormido de mau jeito.

- É falta de beijinho. Vem aqui - Ele vem, num andar lento, como se estivesse exausto, e eu o beijo com leveza, segurando seu rosto. Se algo estava mal, eu tinha reparado agora - Seus pais não se preocupam, não? Onde você está e tal...

- Não. Eles já se conformaram.

- Aquilo que você disse ontem... Sobre o que eles pensam de você...

- Ah, relaxa. É que... Uma vez a minha irmã contou que eu estava... Com um... Menino - Ele hesita a cada palavra, e me olha com medo de eu achar ruim - E... Ela presumiu que eu tinha feito sexo. Mas eu não tinha. E eu e ele saíamos naquela época, pra... festas e tal, e meus pais são bastante conservadores e nunca foram ok comigo sendo Ômega... E aí ficou marcado que eu sou dado. Que dei pro primeiro que apareceu... E disseram que se eu queria viver essa vida promíscua, que eu vivesse, mas fora de casa, eles não ligavam.

- Lou...

- Tudo bem que eu namorava com ele há tipo, dois anos, e que nunca fizemos nada de mais, mas ok - Ele engole umas lágrimas. Esse parece ser um assunto que mexe muito com ele. Vou até ele e o abraço forte.