Capítulo 15

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Aproveitei o abraço dele o máximo que eu pude antes de decidir sair do meu quarto, mas eu sabia que aquilo não poderia durar para sempre. 

Nos levantamos e fomos em direção ao salão principal. Os corpos não estavam mais ali. Lucy estava no quarto junto com Elon, Matteo parecia ainda muito desnorteado com tudo e Bae e Aruna estavam quietos em um canto.

– Matteo, sei que foi um golpe duro, mas precisamos seguir com o que estávamos fazendo – eu disse tentando me manter forte.

– Vamos – na voz dele não havia só sofrimento e tristeza, havia também muita raiva guardada – Vou fazê-lo pagar pelo que fez com o corpo da Ayla.

Olhei para ele ternamente, nunca tinha percebido o quanto eu o considerava. Será que era assim ter um irmão? Eu queria que ele fosse feliz, me doía vê-lo daquele jeito.

– Aruna – o Rafael disse já sabendo o que deveria fazer – Avisa a Lucy e o Elon que vamos passar pela porta e descer, precisamos saber se ela está preparada para isso. 

– Tudo bem, mas ela estava bastante impactada – ele disse levantando-se do lugar e indo avisá-los.

– Matteo, onde está a Agnes? – eu perguntei, queria ela perto para responder algumas coisas. 

– Depois que você quase a matou na pancada, achei melhor ela descansar. 

– Ela já deve ter se recuperado, melhor ela ir com a gente caso precisemos de informações.

– Está bem, vou chamá-la, mas por favor não faça aquilo de novo. Eu tive que ordenar que ela não se matasse. 

– Não vai acontecer de novo. Sinto muito, Matteo.

Esperamos poucos minutos até que todos estivessem juntos novamente no salão. O Bae foi na frente com o Matteo, eles pareciam mais próximos, talvez ainda tivessem diferenças, mas pela situação sentia que eles se toleravam melhor. 

O Bae não fez nenhuma graça desde o episódio dos corpos, ele se manteve sério e discreto o tempo todo. Estava conhecendo um novo lado dele. 

Passamos pela porta com cuidado e descobrimos um lugar que cheirava a putrefação, corpos queimados e produtos químicos. Havia restos do que um dia foram moças jovens em uma espécie de depósito e a poucos metros estava a mesa. A mesa da minha tortura. Novamente tive que controlar meu corpo que insistia em tremer. Já havia estado muitas vezes nesse lugar, mas não lembrava em como chegava ali. Eu havia apagado tudo relacionado com o orfanato da cabeça, inclusive de lugares nas quais eu mais frequentava.

Vi a jaula onde a Lucy havia sido mantida presa e olhei para ela. Ela parecia muito mais centrada também, apesar de ser nítido que o corpo não a obedecia por completo. Ela apenas olhou para mim e cerrou os dentes e os punhos. Vi o quanto ela estava tentando controlar as emoções e eu a admirava por isso.

Reviramos o laboratório atrás de informações. Achamos uns papeis que pareciam um projeto para um exército. Estavam cheios de poeiras, mas ainda estavam legíveis. Provavelmente era o projeto do exército de alquimistas que ele estava criando. A Ayla havia falado sobre isso.

Tentamos em vão encontrar mais coisas sem sucesso. E quando eu estava me dando por vencida eu vi uma pedra vermelha, brilhando em um canto do laboratório. Aquela pedra não havia sido posta ali de propósito, ela havia caído, tinha certeza disso.

A peguei com cuidado e fiquei analisando-a antes de tomar a minha decisão.

– Preciso de luz, de tubos de ensaio, microscópio e de espaço – eu disse alto para que todos entendessem – Achei uma pedra vitriol grande o suficiente para dar vida a uma nação inteira. 

Experimento 42Onde histórias criam vida. Descubra agora