Capítulo com alerta de gatilho, se é sensível ao cenas contendo violência explícita e violação sexual sugiro que não leia. Lembrando que a autora não compactua com este tipo de conduta.Anahi
Da janela do meu quarto vejo o papai, meus avós, a Rebeca e o filho dela se divertindo na piscina. Olho para eles e sinto tanta raiva e nojo, meu pai é tão falso quanto meus avós e a nova família dele.
Mais três meses se passaram, totalizando seis meses desde que a mamãe se foi , e tudo tem piorado. Agora não só o papai me bate, mas a Rebeca e o filho dela também.
O David é muito mal e eu tenho medo dele, e desde o dia que acordei no meio da noite e o encontrei no meu quarto sem o calção dele e se tocando entre as pernas tenho passado a trancar a porta do meu quarto.
É errado o que ele está fazendo, o ameacei de contar para o papai o que ele estava fazendo, e ele me ameaçou dizendo que o papai não acreditaria e que ele mataria a tia Janice.
Não quero perde-la também, então me calei e não contei para ninguém. Mas desde que isso aconteceu eu passei a não dormir bem a noite, estou sempre em sinal de alerta e vigilante.
Hoje é aniversário do meu pai e eles estão dando uma festa na piscina para os amigos deles e familiares, a casa está lotada de gente esnobe.
Me lembro o quanto a mamãe implorava a ele para comemorarmos nos meus aniversários, nos aniversários deles ou datas comemorativas como o natal e ano novo
Mas ele nunca aceitava, e nos aniversários dele e festas de fim de ano sempre ia para a casa dos pais dele e nos deixava aqui sozinhas.
Lembro também do dia que a mamãe pediu a ele para me dar um irmãozinho, pois eu estava crescendo e me sentia sozinha sem ter um amigo para brincar e eles acabaram discutindo por horas, no fim ele saiu de casa para ir a um tal de coquetel da empresa e a mamãe passou o dia inteiro e a noite chorando.
Agora tudo é diferente, ele sai para passear com a família dele e sempre tem festas e jantares aqui em casa para os amigos deles.
A Rebeca e o Davi não ficam presos em casa como eu e a mamãe ficávamos, eles estão sempre fazendo coisas que nós duas nunca tivemos a liberdade de fazer.
Ele vai para a escola e tem muitos colegas que as vezes vem aqui em casa, a tia Janice sempre me conta que quando isso acontece fica uma enorme bagunça para elas e as outras funcionários limparem.
A Rebecca está sempre indo em lojas comprando roupas, sapatos e jóias, outra coisa que também nunca tivemos permissão para fazer. Quando precisávamos de roupas, a mamãe escolhia e comprava por catálogos na internet.
Nunca mais sai do quarto, é estritamente proibido que eu faça isso. As minhas refeições e aulas continuam acontecendo aqui dentro, sozinha, isolada de todos como se tivesse alguma doença contagiosa.
Me afasto da janela, pego meu caderno de desenho e começo a rabiscar.
Escuto batidas na porta e guardo meu caderno rapidamente, levanto da e aproximo da porta para abri-la mas percebo que pode não ser a tia Janice e sim um deles que só me machuca e faz mal.
— Ane sou eu a Lila, abre a porta vim trazer seu almoço. — Ela grita do outro lado para que eu escute.
Pego a chave, destranco e abro a porta, ela passa e tranco a porta de volta com medo deles aparecerem aqui.
— Bom dia Lila, desculpa te deixar esperando. — Lhe digo.
— Bom dia pequenina, está tudo bem. Sei que você só está tentando se proteger deles.— Ela me responde e sorrio.
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O Seu amor me salvou
RomanceAnahi vê sua vida inteira mudar após a morte da mãe em um acidente de carro no dia do seu aniversário de dez anos. Seu pai já ausente se torna também omisso e agressivo, e passa a culpa-la pela morte da esposa amada. Os dias vão passando e três me...